segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

BOITE KISS - SANTA MARIA - RS : UM ANO DE IMPUNIDADE !!

Rousseff recuerda a las 242 víctimas de incendio en discoteca al cumplirse primer aniversario

"En esta fecha tan triste, Brasil se une en memoria a las víctimas y se solidariza con las madres, padres y amigos de los jóvenes de Santa María", afirmó la gobernante desde Cuba.
El incendio fatal se registró en la madrugada del 27 de enero de 2013 en la discoteca Kiss, cuando cientos de estudiantes de la Universidad Federal de Santa María disfrutaban de una fiesta de integración.
  • Lun, 01/27/2014 - 11:04
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Río de Janeiro. La presidenta brasileña, Dilma Rousseff, recordó este lunes a las 242 víctimas del incendio ocurrido hace exactamente un año en una discoteca de la ciudad brasileña de Santa María y que constituyó la mayor tragedia de su tipo en los últimos 50 años en Brasil.
La mandataria brasileña también manifestó su solidaridad a los familiares de las víctimas en un mensaje en su cuenta en Twitter que envió desde Cuba, en donde realiza una visita oficial y participará en La Habana de la Cumbre de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (Celac).
"En esta fecha tan triste, Brasil se une en memoria a las víctimas y se solidariza con las madres, padres y amigos de los jóvenes de Santa María", afirmó la gobernante.
Rousseff dijo que hace un año, en su condición de presidenta, viajó a Santa María para ofrecer apoyo y llevar solidaridad a las víctimas y sus familiares; que aún recuerda a cada madre y a cada padre que abrazó, y que, en su condición de madre y abuela, se unió en el dolor a los parientes de las víctimas.
"Pasado un año de la tragedia en Santa María, la tristeza aún está viva en nuestros corazones", agregó la jefe de Estado.
Los diferentes homenajes a las víctimas de la tragedia previstos para este lunes comenzaron en la madrugada con una vigilia que reunió a cerca de 600 personas frente a los restos de la discoteca destruida por el incendio.
El incendio fatal se registró en la madrugada del 27 de enero de 2013 en la discoteca Kiss, cuando cientos de estudiantes de la Universidad Federal de Santa María disfrutaban de una fiesta de integración.
Según la Policía, una bengala usada por un grupo musical que actuaba en el local alcanzó la espuma usada en el aislamiento sonoro del techo que, al arder, generó sustancias tóxicas que causaron la mayoría de las muertes.
Las autoridades también investigan como posibles causas de la tragedia la falta de extintores y la ausencia de puertas de emergencia, que la discoteca debería tener según la legislación local y que dificultó la evacuación.

autor

EFE



O BRASIL ESTÁ DE LUTO, COM A TRAGÉDIA
NO RIO GRANDE DO SUL,
CHORAMOS NOSSAS VITIMAS.

Fonte: http://goo.gl/R33yV


Músico preso diz que tinha autorização para usar sinalizador dentro da boate Kiss .


Do UOL, em São Paulo

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Incêndio em boate de Santa Maria (RS)200 fotos

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12.mai.2013 - Familiares das vítimas da tragédia na boate Kiss recebem anjos de porcelana durante almoço em comemoração ao Dia das Mães, realizado pela AVTSM (Associação dos Familiares das Vítimas da Tragédia em Santa Maria), no clube Dores, em Santa Maria (RS) Deise Fachin/UOL

O vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, afirmou, em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, que tinha autorização para usar um sinalizador dentro da boate Kiss, em Santa Maria (RS). O uso do artefato causou o incêndio que, no dia 27 de janeiro, matou 242 pessoas até agora.

Mães de vítimas de Santa Maria falam para outras mães

"Não era a primeira vez que a gente fazia [usava o sinalizador] ", afirmou Santos ao responder que tinha autorização para usar o artefato pirotécnico dentro da boate. Foi a primeira declaração pública do músico desde que foi preso em 28 de janeiro, acusado de participação no incêndio.
Segundo o vocalista, o empresário Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da boate e que também está preso, mente quando diz que não sabia sobre o show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira durante o show.
"Ele sabia. A gente toca na boate desde 2010", contou, de dentro da Penitenciária Estadual de Santa Maria.
Para Santos, não foi o sinalizador que causou o incêndio na Kiss. O vocalista contou que em momento algum levantou o artefato que estava instalado em uma luva.
"O Luciano [Luciano Augusto Bonilha Leão, produtor da banda, também preso] botou [o artefato] na minha mão, e eu simplesmente só fiz esse movimento da esquerda para direita", disse, contradizendo o que 98 testemunhas depuseram à polícia.
Santos ainda disse que o incêndio na boate começou cerca de três minutos depois que Luciano tirou a luva de sua mão.
"Meu irmão me chamou e apontou pra cima. Eu olhei e era fogo", relembrou. No entanto, o vocalista diz não saber o que causou o incêndio.
O músico também revelou que não sabe nada sobre artefatos pirotécnicos e acusou o dono da loja que vendeu o sinalizador de dizer que aquele material não oferecia perigo à boate.
"O Luciano se informou com o proprietário [da loja] quando ele comprou a primeira vez lá. E ele deu total garantia", afirmou.

"É como uma faca cravada no peito que não se pode tirar"

Sobre a tragédia, Santos afirmou que sente como se tivesse "uma faca cravada no peito" e pediu para as famílias que perderam parentes na Kiss que "olhe da maneira mais correta que puder."
"Ninguém é bandido para fazer aquilo lá", desabafou.
O vocalista disse também não saber como será seu futuro, mas garantiu que nunca mais vai subir em um palco.



Veja vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS)77 fotos

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Mariane Wallau Vielmo, 25, é a 242 vítima do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria. Ela, que teve grande parte do corpo queimado no incêndio da boate e estava internada desde a época da tragédia, apresentou complicações devido aos enxertos de pele que precisou realizar e não resistiu às infecções Reprodução

MP pede continuidade de prisão

Um parecer do Ministério Público Estadual, no Rio Grande do Sul, pede a continuidade da prisão de Santos. No dia 15 de abril Omar Obregon, advogado do músico, entregou sua defesa à Justiça solicitado a soltura de seu cliente.
No despacho apresentado no dia 23 de abril, os promotores Joel Dutra e Maurício Trevisan ressaltam a necessidade da manutenção da prisão preventiva de Santos.
"O pedido de liberdade provisória vem amparado basicamente na alegação de absolvição sumária do denunciado, razão pela qual mereceria Marcelo [Santos] responder ao processo em liberdade. Tal pleito deve ser indeferido, seja a título de concessão de liberdade provisória, seja como revogação da segregação cautelar", escreveram os promotores. "A prisão do acusado foi decretada para a garantia da ordem pública, situação que permanece inalterada até o presente momento."
Santos foi indiciado pela polícia por homicídio com dolo eventual qualificado por asfixia, incêndio e motivo torpe. Assim como ele, os sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e o produtor da banda, Luciano Augusto Bonilha Leão, permanecem presos desde o início das investigações policiais.

242ª vítima

Morreu por volta de 5h15 deste domingo (19) no Hospital de Clínicas de Porto Alegre mais uma vítima do incêndio na boate Kiss.
Mariane Wallau Vielmo, 25, que teve grande parte do corpo queimado no incêndio da boate e estava internada desde a época da tragédia, apresentou complicações devido aos enxertos de pele que precisou realizar e não resistiu às infecções.







REPERCUSSÃO NA IMPRENSA MUNDIAL.


Tragédia em Santa Maria é destaque em grandes portais de notícias pelo mundo

Sites importantes como o da BBC, da Inglaterra, e da CNN, dos EUA, trazem o incêndio como manchete principal na manhã deste domingo

O incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, que causou a morte de pelo menos 180 pessoas na madrugada deste domingo, é destaque principal de grandes sites de notícias ao redor do mundo.
Tragédia em Santa Maria é destaque em grandes portais de notícias pelo mundo Reprodução/ Site BBC/
A BBC, da Inglaterra, CNN, dos EUA, El País, da Espanha e Clarín, da Argentina, trazem o incêndio como manchete de seus portais.
O site da rede BBC destaca que Santa Maria é uma "grande cidade universitária, com população de cerca de 250 mil pessoas". A CNN lembra que "a boate Kiss é popular entre jovens em Santa Maria, atraindo entre 2 e 3 mil pessoas por noite nos finais de semana".


LINK - UOL.

JANEIRO

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/01/27/ao-menos-20-morrem-em-incendio-em-casa-noturna-em-santa-maria-rs.htm

FEVEREIRO.

http://noticias.uol.com.br/album/2013/02/02/tragedia-na-boate-kiss-em-santa-maria-rs.htm?abrefoto=15

LINK - MSN

PROCISSÃO PELAS VITIMAS.

http://estadao.br.msn.com/fotos/homenagem-no-rs

link - BAND
http://www.band.uol.com.br/primeirojornal/conteudo.asp?ID=100000570847


PORTAL EXAME.

http://exame.abril.com.br/topicos/incendio-de-santa-maria


 
EMOÇÃO !!
 
 
 
 
 
 
BOMBEIROS
 
 
03/02/2013 - 03h50

Bombeiros de Santa Maria passam de heróis a suspeitos

REYNALDO TUROLLO JR.
ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA
tragédia no Sul

Nas primeiras horas seguintes ao incêndio na boate Kiss, domingo passado, bombeiros da cidade centralizavam todos os elogios pelo heroico resgate de vítimas.

Veja lista completa de mortos no incêndio
Enquete: Você pretende mudar sua vida noturna?
Veja imagens da boate Kiss após incêndio no RS
Defesa de sócio da Kiss aponta 'fúria irracional' na investigação do incêndio
Salvamento dos bombeiros será investigado, diz polícia
Após incêndio em Santa Maria, 73 continuam internados em UTIs

Rádios gaúchas replicavam as declarações oficiais de que a corporação agira rapidamente na retirada de jovens feridos, na contenção das chamas (depois, veio-se a saber que o fogo em si foi pequeno) e, principalmente, no entrosamento com as demais forças --polícia, Samu, Força Aérea e hospitais.

Mas tudo começou a mudar quando, ainda em meio à contagem dos mortos, a polícia declarou que a inspeção dos bombeiros na boate estava vencida havia meio ano.

Surgiam, ali, as primeiras dúvidas sobre a corporação, além de uma série de contradições entre diferentes vozes dos próprios bombeiros.

Seu comandante-geral se adiantou e disse que não havia nada de errado no local. De acordo com essa primeira versão, a casa noturna Kiss havia sido vistoriada logo após o alvará ter expirado, em agosto do ano passado.

"Notificamos os donos, fizemos vistoria e verificamos que os itens mínimos de segurança estavam em dia", disse à Folha o coronel Guido Pedroso de Melo.

"A lei é clara: embora [o alvará dos bombeiros] esteja expirado, enquanto a renovação estiver tramitando, não é cabível a interdição do local", completou o coronel.

O alvará dos bombeiros é pré-requisito para que a prefeitura conceda a licença de funcionamento do local.
Essas primeiras declarações do comando dos bombeiros, porém, logo caíram por terra.

O governo do Estado, ao qual a corporação está subordinada, disse que, sim, a casa noturna deveria estar fechada. Em seguida o comando militar gaúcho, também acima dos bombeiros, admitiu que a última vistoria na Kiss ocorrera em agosto de 2011, e não de 2012, como afirmara no primeiro momento.

Acuados pelos superiores, os bombeiros se calaram.

Tragédia em Santa Maria

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Adriano Lima - 29.jan.13/Brazil Photo Press/Folhapress
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Enterro de Rafael Paulo Nunes Carvalho, 32 anos, em São Caetano do Sul, em SP, uma das vítimas da tragédia de Santa Maria

Deixaram de responder, por exemplo, se duas portas de emergência, lado a lado, eram de fato suficientes e bem posicionadas. Também não divulgaram o laudo da inspeção realizada na casa em agosto de 2011.

A ação de salvamento dos bombeiros também virou alvo dos advogados dos sócios da boate. Eles chamaram de "desastrosa" a operação, em especial por ter utilizado civis sem treinamento, o que é proibido pelo regimento.

"Deixei que civis ajudassem", revelou à Folha no início da semana o sargento Robson Müller, que comandou o resgate na tragédia.

Um inquérito militar foi instaurado para apurar eventuais irregularidades no resgate e na liberação do prédio, quando da realização da última vistoria, em 2011.


03/02/2013 - 18h35

Santa Maria: cinco vozes de uma tragédia


CAMILLA COSTA
DA BBC BRASIL EM SÃO PAULO

tragédia no SulUma semana após o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, sobreviventes, familiares e moradores da cidade contam suas experiências e como superam o trauma dos acontecimentos.

O incidente, que deixou pelo menos 236 mortos e mais de 70 feridos, a maioria ainda hospitalizados, é considerado a segunda maior tragédia do tipo no Brasil.

Durante a semana, foram presos os dois donos da casa noturna e dois membros da banda Gurizada Fandangueira, que tocava em uma festa universitária no local.

Confira as histórias de quem participou da festa, do resgate, do reconhecimento das vítimas e da ajuda aos familiares:

*

Bernardo Bopp, estudante

O estudante de zootecnia Bernardo Bopp, de 22 anos, está reunido com sua família em Itaara, a 14 km de Santa Maria, desde que escapou do incêndio na boate Kiss. A turma de Bopp era uma das que participava da organização da festa onde o incêndio aconteceu, na madrugada de 27 de janeiro.

Bopp era um dos responsáveis pelos convites da festa e conta que viu o incêndio logo no início --ele e cerca de 15 amigos estavam entre os primeiros a deixar a casa noturna.

"Vi que (a banda) tinha acendido os foguetinhos, mas só percebi quando a banda parou de tocar. Comentei com meu colega e ele me disse 'olha lá, tá pegando fogo'. A gente tava perto de um dos corredores que levam para a saída. Fomos os primeiros. Só dois colegas nossos que não saíram. O guri morreu, a guria tá no hospital", disse à BBC Brasil.

O estudante e seus amigos ajudaram outras pessoas a saírem da boate até as 7h da manhã de domingo. Entre os mortos estavam amigos de infância de Itaara, que ele havia convidado para a festa.

"Uns dez segundos depois que eu saí, ainda saía gente caminhando. Pouco depois, eram só pessoas resgatadas pelos voluntários e bombeiros, ainda com alguns sinais de vida. Por volta de 3h da manhã eu estava ajudando a tirarem pessoas, a maioria já mortas. E aí vi os caras tirarem um dos meus amigos", relembra.

"O primo desse amigo viu de longe e quis vir pra ver se era ele mesmo, eu não deixei. A gente conversou com ele na hora. Foi tri ruim."

Segundo Bopp, diversos estudantes da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) pensam em não voltar às aulas imediatamente. Alguns, só no próximo semestre.

"Tá todo mundo bem abalado, a maioria do pessoal viajou para suas casas em outras cidades. Tem gente que está pensando em nem vir, demorar mais uma semana, ou abandonar o semestre. Esse semestre já está atrasado por causa da greve. Da minha turma morreu uma pessoa, mas teve turmas de agronomia em que morreram mais de dez, imagina."

*

Alberto Tessmer, voluntário

Uma semana após a tragédia, a cidade de Santa Maria está tentando se adaptar e voltar à realidade, conta o morador Alberto Tessmer, de 35 anos, voluntário que ajudou no resgate das vítimas da boate Kiss. "(Estamos tentando) não aceitar o que aconteceu, mas sim compreender."

"É muito difícil. Apesar de ser uma cidade de quase 300 mil habitantes, todo mundo se conhece. Você sai na rua e encontra alguém falando disso; e de que mais você vai falar? Vemos pais chorando seus filhos e falando que perderam o sentido da vida. É difícil cicatrizar."

A principal dificuldade, diz ele, é o sentimento de revolta e de "coisas não esclarecidas" envolvendo o incêndio da madrugada de 27 de janeiro na Kiss.

"A cidade não entende esse jogo de culpa, de ninguém assumir responsabilidades. Por que a produção da festa não aparece? E os responsáveis pelo projeto (arquitetônico da casa noturna)? Alguém registrou o projeto, e isso não se fala."

Ele também está sentindo pessoalmente os efeitos da tragédia, como dificuldades para dormir e tratamento médico para desintoxicar o pulmão da fumaça respirada enquanto resgatava vítimas da boate.

*

Joel Oliveira Dutra, promotor

O promotor Joel Dutra é um dos responsáveis pela investigação criminal sobre o incêndio na boate Kiss, mas diz que seu envolvimento com a tragédia começou antes do trabalho. "Minha entrada no caso aconteceu antes como particular, como pai. Uma das minhas filhas quase foi para a festa e o namorado dela perdeu um primo e um amigo lá."

A filha de Dutra, estudante de direito na UFSM, foi jantar com as amigas e pretendia ir à festa na casa noturna, mas decidiu voltar para casa. "Por volta de 4h da manhã, ligou uma senhora querendo falar com minha filha e se identificou como tia do namorado dela, dizendo que o filho estava numa festa em Santa Maria. Ela recebeu uma ligação de um amigo do guri e queria que minha filha tentasse achá-lo, porque ela não estava conseguindo falar com ele no celular", conta.

No início da manhã, Dutra foi até o local do incêndio enquanto a filha e o genro buscavam pelo rapaz desaparecido nos hospitais da cidade. "Cheguei lá pensando em encontrar alguma informação. Me identifiquei como promotor de justiça, os bombeiros me auxiliaram, eu coloquei uma máscara e quando entrei no local, vi aquele horror, aquela gurizada já deitada, sem vida."

Para chegar ao local onde ficava o banheiro da boate, segundo o promotor, foi preciso tomar cuidado para não pisar em corpos no chão. Quando deixou a casa noturna, ele se dirigiu ao ginásio de esportes da cidade, para onde os corpos foram levados.

"O que mais me incomodou foram os celulares das pessoas no chão tocando insistentemente. Fiquei imaginando o desespero dos pais. Consegui que minha filha levasse uma fotografia dos guris e infelizmente localizei os dois no meio. Foi difícil reconhecê-los com as fotos, porque um deles estava com o rosto escuro e o outro estava machucado no rosto e no peito."

"Acho que o promotor nunca desligou, nunca parou de trabalhar. Por mais que eu estivesse naquele primeiro momento envolvido com as pessoas, a coisa ligou no automático e eu fiquei acompanhando, liguei para minha chefia em Porto Alegre na manhã seguinte para alertá-los de que a coisa era muito séria."

Dutra conta que o clima de pesar atinge até mesmo os que visitam a cidade. "Duas funcionárias nossas que vieram de Porto Alegre contaram que estavam no shopping indo almoçar. Elas conversaram, uma contou algo engraçado para outra e riram. De repente, elas perceberam que tinha uma pessoa chorando perto delas e se sentiram mal. Elas disseram que 'por enquanto, parece que está proibido sorrir em Santa Maria'."

*

Ana Alice Giaconelli, voluntária no ginásio de esportes

"Passei uma tarde trabalhando lá. Não tive como ficar mais, porque também estava ajudando uma família que perdeu uma pessoa", disse a professora de inglês e estudante de Letras Ana Alice Giaconelli, de 22 anos, à BBC Brasil.

Ela ajudou a distribuir água e alimento para as famílias que reconheciam e velavam parentes no local. "Todo mundo foi pego de surpresa, e como a maioria dos estudantes não eram de Santa Maria os pais vieram correndo, sem se preparar."

Giaconelli soube do incêndio durante a madrugada, depois de receber um telefonema do irmão, que havia passado diante da casa noturna durante a operação de resgate e contou ter visto "pelo menos 30 corpos no chão".

No Facebook, ela encontrou as primeiras fotos do local e mensagens pedindo ajuda. "Fui na página (de Facebook) da boate e comecei a ver as pessoas comentando: 'O que está acontecendo?', 'Meu filho tá lá' ou 'Meus amigos foram todos para lá'."

Foi também nas redes sociais que a professora descobriu que a Defesa civil precisava da ajuda de voluntários no ginásio de esportes local. "Primeiro pediram ajuda de profissionais da área de saúde, que era mais importante, mas quando viram que o reconhecimento dos corpos seria ali e os velórios também, que as pessoas passariam o dia ali, começaram a pedir mais pessoas."

A internet, segundo Giaconelli, é palco ainda da mobilização dos jovens da cidade durante a investigação sobre a responsabilidade pelo incêndio. "A gente pensa que se o cara da banda não tivesse usado o sinalizador, isso não teria acontecido. Podia não ter incendiado naquele dia, mas aconteceria em outro. Estão circulando nas redes sociais fotos de festas anteriores da Kiss. Em outubro ou novembro do ano passado teve uma festa mexicana e as fotos já mostravam pessoas usando esses sinalizadores", afirma.

"Também vi uma foto de umas pessoas bebendo num bar e ao lado deles tinha um balde de champanhe com um sinalizador ligado dentro. Eles faziam isso o tempo todo. Quando o dono da boate falou na televisão ou pela representação dele que isso não era usado, as pessoas começaram a lembrar e começaram a colocar fotos. Eles usavam esses sinalizadores bem perto do teto."

As homenagens às vítimas, de acordo com Giaconelli, também continuam. "As pessoas colocaram tantas flores e cartazes em frente à boate que (o memorial) já atravessou a rua e está indo para a quadra da frente."

*

Maria de Fátima Fischer, psicóloga

Maria de Fátima Fischer faz parte da coordenação do serviço de atendimento psicológico às vítimas e famílias de vítimas de Santa Maria. A rede, que começou a ser criada quase que imediatamente após o incidente, visa atender cada um dos 62 municípios afetados pela tragédia somente no Rio Grande do Sul.

Segundo Fischer, as equipes se dividem em atendimento 24 horas, apoio às famílias nos rituais de despedida, acompanhamento nos hospitais, visitas domiciliares e atenção aos profissionais que se envolveram na operação. "Queremos incorportar esses serviços ao SUS. É importante que as pessoas saibam que eles não irão sumir e que elas ainda podem falar sobre isso daqui a três meses."

"Já temos 92 atendimentos da situação esperada nos primeiros dias, que são a fase mais aguda. Pessoas com sintomas de agitação, pânico, uma grande crise emocional. A cada óbito novo isso é revivido por muitas pessoas. Depois das 72 horas iniciais começa uma fase de assimilação do sofrimento agudo", conta.

"Lidei com pessoas diretamente, a madrugada tem sido muito interessante. Teve uma jovem que chegou à noite no centro de atendimento 24h, três dias depois do que aconteceu. Ela contou que uma irmã e duas amigas haviam falecido na boate e dava para ver que ela finalmente estava conseguindo falar do assunto."

Fischer diz que é possível ver sinais de recuperação na postura de enfrentamento dos cidadãos ao exigirem justiça. "Na passeata, por exemplo, havia muita dor, mas as pessoas caminhavam com esperança. É muito importante para a recuperação social que elas se apoiem", diz.

"Estava preocupada porque começamos a ver algumas manifestações isoladas de moralismo, mas quem quiser escrever e postar mensagens moralistas sobre 'corrigir comportamentos' deve saber que isso não ajuda. Não vamos corrigir a juventude. A juventude tem que bailar, se divertir e passar por toda essa fase com segurança. Vamos defender a vida e as formas coletivas de alegria dessa fase. A juventude não tem culpa do que aconteceu, ela têm que viver."

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

CICLISMO NA USP .

Promotor paga R$ 2 mil para bandidos e recupera bicicleta roubada na USP

Vinicius Segalla
Do UOL, em São Paulo*
  • Adriano Vizoni/Folhapress
    Roberto Bodini posa com sua bicicleta reserva, após ter a principal roubada na Cidade Universitária
    Roberto Bodini posa com sua bicicleta reserva, após ter a principal roubada na Cidade Universitária

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Quem pratica esporte de manhã na USP (Universidade de São Paulo) foi surpreendido nesta quinta-feira com a presença da PM. O reforço na segurança aconteceu dois dias após o promotor de Justiça Roberto Bodini ter sido mais um dos ciclistas a ter a sua bicicleta roubada na universidade. Bodini, promotor responsável pela investigação da máfia do ISS (Imposto Sobre Serviços) que teria se instalado na Prefeitura de São Paulo, já conseguiu recuperar a sua bike de R$ 20 mil. De acordo com duas testemunhas ouvidas pelo UOL, ele pagou R$ 2 mil aos assaltantes para ter o seu equipamento de volta. O promotor, que em um primeiro contato com a reportagem negou-se a comentar o caso, após a publicação desta reportagem admitiu que a bicicleta foi devolvida, mas nega o pagamento e conta uma versão diferente do episódio.
De acordo com os relatos de duas pessoas que participaram das tratativas com o grupo criminoso em nome do promotor, Bodini e outros ciclistas do grupo "Race", após terem ido à polícia dar queixa do roubo, foram conversar com um funcionário da USP que conhecia os membros da quadrilha que atua na Cidade Universitária. O funcionário, então, teria entrado em contato com os bandidos, que seriam jovens moradores do Jardim São Remo, favela que fica ao lado da Cidade Universitária.
Os assaltantes teriam pedido a quantia de R$ 5 mil pela bicicleta roubada. A proposta foi recusada. O funcionário da USP teria feito contato com os traficantes de drogas na favela. Os donos da "boca", então, teriam dito que já haviam alertado aos jovens assaltantes sobre a inconveniência de praticar roubos sistemáticos dentro da Cidade Universitária, e prometeram interceder em favor da devolução.
Depois disso, os traficantes voltaram a procurar aqueles que falavam em nome dos interesses do promotor, com a contraproposta do pagamento de R$ 2 mil pela bicicleta, ou 10% de seu valor de mercado. A proposta foi aceita.
UOL Esporte ligou para o promotor por volta de 13h nesta quinta-feira. Bodini não confirmou nem negou a história e disse que não se pronunciaria. Por volta das 18h, cerca de uma hora e meia após a publicação da reportagem, a assessoria do promotor entrou em contato para avisar que ele gostaria de dar sua versão. Ele, então, confirmou que está novamente de posse da bicicleta, mas negou o pagamento e a participação em qualquer negociação. "Essa história de R$ 2 mil é absurda. Não sei de absolutamente nada sobre isso. Não negociei com nenhum traficante, não negociei com ninguém, em momento algum".
"O que aconteceu foi o seguinte: um amigo meu conhece um funcionário da USP, que conhece um líder comunitário da favela São Remo. Sem eu ter conhecimento, esse funcionário, amigo desse amigo meu, comentou com o líder comunitário que havia sido roubada a bicicleta e que uma das bicicletas era de uma pessoa do governo. Esse funcionário não me conhece. Observe até a imprecisão da informação -ele disse que sou dou governo e eu não sou do governo", disse o promotor.
"O lider comunitário teria dito que se a bicicleta se estivesse na favela, seria melhor devolver. O líder disse: 'não sei se está, vou verificar'. Ontem, eu estava quase a caminho de Brasília, meu amigo me ligou e me contou que um funcionário pegou a bicicleta, levou pra casa desse meu amigo e deixou lá. Repito: não houve pagamento nenhum".

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PM reforça segurança após onda de assaltos na USP12 fotos

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Com escolta policial, ciclistas fazem treino nas ruas da Cidade Universitária nesta quinta-feira Junior Lago/UOL
Já foram registrados 14 casos de roubos a ciclistas na USP neste ano. A onda de crimes, aliada à divulgação do assalto ao promotor de Justiça, fez com que a PM (Polícia Militar) alterasse sua rotina de rondas ostensivas na Cidade Universitária. As duas viaturas policiais que circulam diariamente pelo campus a partir das 7h30, nesta quinta chegaram ao local às 5h, que é quando os cerca de 300 ciclistas que fazem uso do campus como pista de treinamento iniciam suas atividades.
Além disso, de acordo com o capitão Guilherme, da 1ª Companhia do 16º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela segurança do local, "estão trabalhando no campus três equipes de dois policiais cada fazendo a ronda em motocicletas".
Antes que a polícia tomasse qualquer ação, porém, alguns ciclistas contrataram seguranças particulares que seguem as bicicletas utilizando motos, com os faróis ligados. Já outros grupos de ciclistas, que utilizam o campus da USP como pista de treinamento, fizeram uma reunião na manhã desta quinta-feira com policiais que estariam oferecendo o serviço de "bico" de escolta armada aos ciclistas. A reportagem tentou acompanhar esta reunião, mas foi mantida à distância pelos participantes.
*atualizada às 18h37, com o novo depoimento do promotor Roberto Bodini.