domingo, 28 de abril de 2013

JULGAMENTO DO BOLA .


28/04/2013 00h48- Atualizado em 28/04/2013 00h48

'Dever cumprido mais uma vez', diz promotor sobre condenação de Bola

Henry Wagner também esteve nas condenações de Bruno e Macarrão.
O promotor estima que Bola consiga regime semiaberto em 2018.

Raquel Freitas  Do G1 MG

Promotor Henry Wagner sorri após condenação de Bola (Foto: Maurício Vieira/G1)
 
Promotor Henry Wagner sorri após condenação de Bola (Foto: Maurício Vieira/G1)
O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro disse que está com a "sensação de dever cumprido mais uma vez", após a condenação do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos - o Bola -, pela morte de Eliza Samudio e pela ocultação do cadáver da jovem. A sentença foi dada pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes no fim da noite deste sábado (27). Bola foi condenado a 22 anos de prisão, sendo 19 em regime fechado.
(Acompanhe no G1 a cobertura completa do julgamento do caso Eliza Samudio.)
Segundo o promotor, com a progressão da pena, de dois quintos para o homícidio, que é crime hediondo, e mais um sexto para a ocultação, a previsão é que Bola consiga recorrer a regime semiaberto em meados de 2018. O cálculo, segundo ele, foi feito baseado no que já existe de previsão para o goleiro Bruno, condenado a 22 anos e três meses de prisão pela morte da ex-amante, pela ocultação do cadáver e pelo sequestro de seu filho com Eliza.
"Sem sombras de dúvida, este [julgamento] foi o mais complicado. Eram advogados muito talentosos, muito conhecedores da lei, das provas e de fatos", disse Henry Wagner, ao fim da sessão. Ele ponderou que, apesar disso, o primeiro júri do caso Eliza, quando Luiz Ferreira Romão - o Macarrão -, e Fernanda Gomes de Castro foram condenados. "Não posso deixar de conferir ao primeiro julgamento a carga maior de tensão", falou.

O advogado Ércio Quaresma cumprimenta o promotor Henry Wagner, após trocarem ofensas no plenário (Foto: Maurício Vieira/G1)
 
O advogado Ércio Quaresma cumprimenta o promotor Henry
Wagner, após trocarem ofensas no plenário
(Foto: Maurício Vieira/G1)
Sobre as ofensas trocadas com o advogado Ércio Quaresma, durante a fase de debates, o promotor disse que "os debates acalorados são da natureza do júri, sobretudo nos júris mais polêmicos. O júri é popular", encerrou a polêmica.
Corpo de Eliza
"É claro que nós desejaríamos que o corpo surgisse. A promotoria de Justiça e no meu entendimento pessoa, considerando a história de Marcos Aparecido dos Santos, a gente entende que o corpo de Eliza foi desaparecido". Mesmo sem a informação sobre o paradeiro do corpo da jovem, ele disse estar satisfeito com o resultado.
27/04/2013 - Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, observa seu advogado de defesa, Ércio Quaresma, durante o julgamento neste sábado (Foto: Renata Caldeira/TJMG)
 
 
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, observa o advogado
Ércio Quaresma (Foto: Renata Caldeira/TJMG)
'Ele queria a absolvição'
O advogado Ércio Quaresma, que liderou a equipe de defesa de Marcos Aparecido dos Santos, disse que já apresentou um recurso pedindo a nulidade do júri que condenou o ex-policial a 22 anos de prisão. O documento foi entregue à juíza Marixa Fabiane Lopes após a leitura da sentença, ainda no plenário, no fim da noite deste sábado (27). O advogado disse que "satisfação não há. Ele queria a absolvição", se referindo ao sentimento do seu cliente diante do resultado do julgamento.
Segundo o advogado, além da nulidade, a defesa recorreu da pena determinada pela magistrada, "entre outras coisas" que ele questiona nos autos.
Sobre as ofensas ditas sobre o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, durante a fase de debates neste sábado, Quaresma disse que "o que ocorre na arena das palavras sucumbe ali". O defensor contou que cumprimentou o promotor de Contagem e disse que "o que tinha que ser colocado, foi colocado ali [no plenário]". Os dois trocaram duras palavras.
O advogado também falou à imprensa sobre o pedido de leitura de peças do processo, que durou a sexta-feira (26) quase toda. Segundo o defensor, esta leitura "era necessária". Mais de 250 páginas dos autos foram lidas por assistentes da juíza.

Bola começou a ser interrogado na madrugada deste sábado (26) (Foto: Renata Caldeira / TJMG)
 
Marcos Aparecido, o Bola (Foto: Renata Caldeira / TJMG)
Condenado
O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio e pela ocultação do cadáver da ex-amante do goleiro Bruno. A pena determina 19 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio e mais três anos de prisão em regime aberto pela ocultação do cadáver. A sentença foi lida pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, que presidiu o júri, na noite deste sábado. O júri popular, formado por sete moradores de Contagem, onde foi realizado o julgamento, decidiu pela condenação depois de seis dias.
Este foi o julgamento mais longo do caso Eliza Samudio. O goleiro Bruno Fernandes, o amigo dele, Luiz Henrique Romão - o Macarrão -, e a ex-namorada do atleta Fernanda Castro já foram condenados no caso. O advogado de Bola, Ércio Quaresma, adiantou ao G1 que vai entrar com um recurso pedindo que o júri seja anulado.
O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio e de ocultar o corpo dela, disse durante seu interrogatório que "jamais" mataria algúem, muito menos receberia por isso. A declaração foi dada na manhã deste sábado (27), durante o interrogatório do réu no júri popular. Bola respondeu às perguntas da juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes, do promotor Henry Wagner e do advogado Ércio Quaresma.
O depoimento do réu começou no início da madrugada deste sábado (27) e foi interrompido à 1h30. Ele negou, nesta primeira parte, que tenha matado Eliza Samudio, e disse que está preso injustamente há três anos. Quando o interrogatório foi retomado, às 10h30, ele continou afirmando ser inocente.

Promotor Henry Wagner e o advogado Ércio Quaresma travaram debate com ofensas (Foto: Renata Caldeira/ Tribunal de Justiça de Minas Gerais)
 
Promotor Henry Wagner e o advogado Ércio Quaresma travaram debate com ofensas (Foto: Renata Caldeira/ Tribunal de Justiça de Minas Gerais)
Debates
Os debates entre a Promotoria e a defesa foram marcados por ofensas durante o julgamento. Os desentendimentos foram entre o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro e os advogados Ércio Quaresma e Fernando Magalhães.
“Eu nunca vi drogado ser herói. Eu nunca vi mentiroso crápula ser herói", disparou o promotor. E completou: “Covarde, canalha, estúpido e vagabundo. Quem não é homem é você, seu crápula".

O advogado também retrucava. "Esse moço [Henry Wagner] tinha que lavar a boca antes falar o nome da nossa instituição [OAB]", afirmou, referindo-se ao promotor, que classifica como "alienígena" pelo fato de ser de outro estado. O promotor é natural do Rio Grande do Norte.

Extorsão
Bola comentou também, em seu interrogatório, que ouviu do então delegado Edson Morreira, no momento de sua prisão, o pedido de intermediar que Bruno pagasse R$ 2 milhões para que o goleiro e o ex-policial fossem inocentados no inquérito. À época da denúncia desta tentativa de extorsão, em novembro de 2010, nem a Polícia Civil nem o próprio delegado comentaram a acusação.

Amigos
Bola foi questionado pela juíza sobre as relações com o policial Gilson Costa e o policial aposentado José Lauriano, o Zezé. O réu afirmou que conhecia Costa há 22 anos, e Zezé há cerca de três ou quatro anos. Ambos são investigados por participação no caso após um pedido do Ministério Público.
Sobre os advogados, Bola afirmou conhecer Ércio Quaresma há 20 anos e Fernando Magalhães há cinco. Sobre Zanone Oliveira, que também o defendeu, o réu falou que o conhecia há cinco anos.

'Animosidade'
Marcos Aparecido reclamou do tratamento que recebeu dos delegados do caso. E falou especificamente da sua relação com Edson Moreira, ex-delegado e hoje vereador na capital mineira. Ele disse que conheceu tem uma "animosidade" com Edson Moreira desde 1991, quando o ex-delegado foi professor do réu na academia de polícia, em Minas. Durante várias vezes eles se desentenderam, afirmou o réu.

José Arteiro é destituído
Ao fim da sessão, a juíza leu uma petição enviada por Sônia de Fátima Moura. No documento, a mãe de Eliza Samudio destituiu José Arteiro como seu procurador. Sônia continua a ser representada por Maria Lúcia Borges.
Ao deixar o fórum, Arteiro cobrou seus honorários. “Eu não trabalho de graça, eu quero meu dinheiro”. Perguntado sobre a exibição do vídeo dele criticando o promotor Henry Wagner. Ele falou: “critico qualquer um que errar”. Ao ser questionado sobre o possível erro do promotor, Aerteiro apontou a não denúncia do pocial aposentado Zezé por parte do MP.



28/04/2013-18h54

Defesa de Bola atribui condenação à imprensa e diz que vai recorrer


DE SÃO PAULO
Julgamento do goleiro Bruno

A defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, condenado na noite de sábado a 22 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza, afirmou que irá recorrer da decisão dos jurados.
Bola é condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza
No sexto dia de julgamento, Bola diz que "jamais mataria alguém"
Os advogados de Bola vão argumentar que houve irregularidades durante o processo do júri, e que a decisão foi contrária às provas que constam nos autos.
Logo após o término do julgamento, Ércio Quaresma, principal advogado de Bola, declarou que "obviamente já manejou recurso", e atribuiu à imprensa influência no resultado do julgamento.
"A imprensa tem que repensar seu comportamento, o prejulgamento tem uma influência monumental no resultado que está aqui", disse.

Julgamento do Bola

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Renata Caldeira/TJM
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, denunciado como o matador de Eliza Samudio Leia mais
De acordo com as atuais regras de progressão de regime prisional, Bola poderá pedir para cumprir pena em regime semiaberto após cumprir dois quintos de sua pena, o que corresponde a aproximadamente nove anos. Enquanto aguardava o julgamento, ele já cumpriu três anos.
Eliza desapareceu em junho de 2010 e seu corpo nunca foi encontrado. O ex-policial civil Bola, apontado como o executor do assassinato da ex-modelo, foi o quinto réu julgado pelo crime.
Antes, foram julgados Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ex-secretário do goleiro, e Fernanda Castro, ex-namorada do jogador. Depois deles foram julgados Bruno e sua ex-mulher, Dayanne Souza --a única absolvida.
Na sentença, a juíza Marixa Fabiane Lopes classificou Bola como "agressivo" e "impiedoso", e afirmou que o réu "tinha plena consciência da gravidade de seu ato" mas, ainda assim, "agiu amparado pela certeza da impunidade".
Interrogado no sábado (27), sexto dia de julgamento no Fórum de Contagem (MG), Bola chorou e disse ser inocente. "Eu jamais mataria alguém", afirmou.

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