domingo, 26 de dezembro de 2010

PROJETO BEM ME QUER - HOSPITAL PERÓLA BYINGTON.


Maiores vítimas de abuso sexual são crianças

Levantamento realizado pelo Programa Bem-Me-Quer, do Hospital Pérola Byington, mostrou que das 2.330 vítimas atendidas no ano passado 1.103 eram menores de 12 anos. O número representa 47,3% de todos os atendimentosrealizados no local. Somadas, crianças e adolescentes até 17anos representam 1.771 dos 2.330 atendimentos do ano passado. Em todo o ano de 2007 foram atendidas 846 crianças até 11 anos e outras 517 com idade entre 12 e 17 anos. "As pessoas estão discutindo mais o assunto e, consequentemente, estão mais atentas ao que pode estar acontecendocom as crianças. Desta forma, a família se sente mais segura para procurar ajuda", afirma Jeferson Drezzet, coordenador do Programa Bem-Me-Quer. As queixas de abuso sexual contra pessoas do sexo masculino cresceu 30,8% se comparados os números de 2007e 2008. No ano passado, 306 pessoas do sexo masculino procuraram o serviço do Bem-Me-Quer do Hospital Pérola Byington contra 234 em 2007. "Nossos dados são referentes ao número de casos atendidos no Pérola Byigton, mas é importante ressaltar que o número de vítimas pode ser ainda maior, pois muitas vítimas deixam de procurar o serviço.", afirma Drezzet. Em casa "Os culpados, geralmente, têm acesso livre à casa e a rotina das vítimas. Os agressores estão muito mais próximosdo que a gente imagina", afirma o Dr. Jéferson Drezett, Coordenador do Serviço de Violência Sexual do HospitalPérola Byington. Os pais têm papel importante na prevenção e identificação dos casos de abuso e violência. É preciso estar atento àsmudanças comportamentais da criança, sejam elas sociais, familiares ou alimentares e não excluir a possibilidade dofilho ser vítima de abuso sexual. Além disso, é importante desenvolver uma relação de confiança entre pais e filhos e criar um espaço em que os filhospossam se expressar sem medo de punição. Esse tipo de abuso não costuma deixar sinais físicos como prova, porisso, é preciso acreditar nos relatos e queixas dos pequenos. "Acreditem naquilo que seus filhos dizem. Verbalizar uma situação de abuso já é bastante complicado para um adulto,imagine para uma criança ou um jovem. O fato do agressor ser alguém em quem aquela família confia torna tudo aindamais difícil. A vítima passa por cima do medo e da vergonha e merece ser acolhida por isso, não punida por 'dizer coisasabsurdas' sobre alguém que está acima de qualquer suspeita", diz Drezett. Assim que a suspeita de abuso for identificada, a criança deve ser encaminhada para um profissional de saúde mentalpara receber o tratamento necessário. Uma vez confirmada a suspeita, o profissional ou a família devem notificar o Conselho Tutelar sobre o caso para que medidas de proteção sejam tomadas. "O mais importante é ficar atento a mudanças bruscas no comportamento e buscar ajuda assim que possível. Essa é a melhor forma de descobrir, realmente, o que está acontecendo, além de resguardar uma possível vítima de abuso e ajudá-la a lidar com a situação", explica o médico. Bem Me Quer O Projeto Bem-Me-Quer faz parte do Ambulatório de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington e é uma parceria entre as secretarias estaduais de Saúde e Segurança Pública. Nele, as vítimas de abuso contam, no mesmo espaço, com umaequipe multidisciplinar capacitada para oferecer ajuda médica e realizar o exame de corpo de delito, simplificando o processo de notificação às autoridades e expondo menos os pacientes. Alguns sinais nos quais os pais devem ficar atentos: · Alterações no sono;· Queda brusca no rendimento escolar;· A criança volta a fazer xixi na cama ou nas calças;· Medo inexplicável de ficar sozinho na presença de adultos estranhos ou de algum adulto específico;· Brincadeiras agressivas com brinquedos ou pequenos animais
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Autoria: Assessoria de Imprensa - 09/03/09

RETROSPECTIVA 2010 : 10 MAIORES CRIMES DA DÉCADA.



Retrospectiva:

Os 10 maiores crimes nacionais da década
Relembre, em ordem cronológica, os 10 maiores crimes que chocaram o Brasil na última década



http://noticias.uol.com.br/especiais/retrospectiva-2010/retrospectiva-os-10-maiores-crimes-nacionais-da-decada.jhtm

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

USP - ESTUDANTE ENCONTRADO MORTO.


Corpo de estudante no campus da USP na quinta-feira.
03/12/2010 - 21h04 Polícia encontrou estudante já morto na USP, mas colegas veem negligência

Maurício Savarese - Do UOL Notícias
Em São Paulo

Colegas criticam guarda

Minutos depois de Samuel de Souza, 42, cair na principal praça da USP (Universidade de São Paulo), na quinta-feira (2), estudantes ouviram um integrante da Guarda Universitária declará-lo morto. Alguns discordaram, tomaram seu pulso e suspeitaram ver sinal de vida. Meia hora depois a Polícia Militar chegou. Nesse momento, nem os colegas tinham dúvida de que já não havia esperança. Mas estavam convencidos de que houve omissão.

As críticas também são destinadas ao HU (Hospital Universitário), que não oferece ambulâncias para resgatar acidentados nas dependências da universidade --o hospital só usa os veículos para transferência de pacientes. Amigos da vítima afirmam que tentaram chamar outro serviço de resgate, mas não havia nenhuma unidade na região. Nenhum dos alunos tinha preparo médico para tentar reanimá-lo. Quando chegou, os policiais não viram motivo para tentar.

Em nota, a reitoria do USP lamentou a morte do estudante e disse que comunicou “imediatamente” o fato à polícia depois que “o corpo foi encontrado pela Guarda Universitária, por volta das 10h”. O texto não faz menção à controvérsia entre estudantes e guardas sobre se Samuel ainda estava vivo nem sobre a demora de pelo menos cinco horas para a remoção do cadáver, liberado pela polícia às 13h15, mas que só levado por volta das 16h. Questionada pela reportagem sobre as acusações dos estudantes, a reitoria afirmou que a nota oficial era a única manifestação do órgão por enquanto.

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A Polícia Militar informou que foi avisada sobre a presença de um corpo na USP às 10h14 de quinta-feira e que chegou ao local às 10h29. Um delegado e um perito da Polícia Técnico-Científica avaliaram o quadro para decretar o óbito. Os agentes deixaram a USP às 13h15. O serviço funerário do município afirmou ter sido avisado por volta das 14h e chegou à universidade para remover o cadáver duas horas depois.

“Quando a polícia chegou realmente não havia mais o que fazer. Mas a atuação da Guarda Universitária não fez nenhum sentido e a omissão de socorro foi clara”, disse ao UOL Notícias um estudante amigo de Samuel, que preferiu não ser identificado alegando temer represálias da guarda e da direção do Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo), onde vivem alunos de baixa renda.

Sem tentativa
“A guarda deu o Samuel como morto e depois disso as pessoas se desmobilizaram de qualquer tentativa de removê-lo. Nem que fosse desesperada, em um carro comum e sem cuidados médicos, para levá-lo ao HU. Falaram em preservar o corpo no local, em esperar a polícia chegar. Se houve a possibilidade de salvá-lo, não foi tentado”, disse outro colega que estava presente no local durante o incidente.

Diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), Aníbal Cavali afirmou que os parentes de Samuel só descobriram que ele tomava medicamentos fortes e antidepressivos após sua morte. “Foi pedido que o exame dele no IML (Instituto Médico Legal) fosse feito com ajuda da família para que houvesse um laudo. Mas colegas relataram que [os guardas] não queriam nem que o corpo dele fosse ao IML”, disse.


http://trindade.org/drupal/node/932

sábado, 20 de novembro de 2010

TROPA DE ELITE


Como as regras do Batalhão de Operações Especiais, da PM do Rio, que inspirou o premiado e polêmico "Tropa de Elite", viraram bíblia de palestras e são aplicadas no dia-a-dia de grandes empresas


por Maeli Prado

"Tropa de elite, osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você." Os versos da trilha sonora do filme brasileiro mais visto e comentado dos últimos tempos ecoam no pequeno auditório em uma das ?liais da seguradora Unibanco AIG, em um casarão da avenida Brasil, em São Paulo. São 20h de uma quinta-feira, 28 de fevereiro, quando o "caveira 69", Paulo Storani, 45, ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais), é anunciado à platéia. Na tela de projeção, um slide com a frase "Construindo uma Tropa de Elite" esclarece o motivo do improvável encontro de mundos: um ex-policial do grupo de operações especiais da Polícia Militar do Rio e vendedores de seguro paulistanos.

Sob aplausos, o palestrante entra na sala repleta e grita: "Caveira!" Storani, que está se convertendo em estrela do segmento motivacional, recebe de volta, em uníssono, a saudação, típica dos oficiais do batalhão. Entre os 60 ouvintes, estão clientes e funcionários da quarta maior seguradora do país. A maioria é de homens engravatados ou de camisa social. Poucas mulheres, de tailleur e salto alto, arriscam-se no ambiente nitidamente masculino.

Storani veste terno e gravata como os integrantes de sua platéia, mas fala e age como um líder do Bope, corporação onde trabalhou por três anos e que abandonou há dez. "Volta aí, o senhor está muito rápido", ordena, em tom de brincadeira. É prontamente atendido pelo funcionário que troca os slides. Em seguida, exibe fotos do treinamento que deu aos atores de "Tropa de Elite", ainda na fase de pré-produção do longa. Faz piadas com o fato de ter levado um soco na cara do protagonista Wagner Moura, que personificou o Capitão Nascimento.

Depois do rápido preâmbulo, o palestrante chega ao ponto: "Você é um operação especial ou é um convencional na sua atividade? O convencional é o invertebrado, é quem desmonta no primeiro tiro ou na primeira meta [de vendas]".

Storani inflama a platéia com a terminologia usada pelos policiais no filme. "E quem não está satisfeito...", provoca ele. O público reage, de pronto. "Pede pra sair!", respondem os engravatados, usando o bordão que tomou conta do país logo após o lançamento do filme em outubro do ano passado.

Àquela altura, uma hora depois do início da preleção, a audiência está bem familiarizada com as lições de Storani. Seu manual evoca paralelos entre as regras do batalhão e as do mundo corporativo: naquele contexto, o jargão do Bope "missão dada é missão cumprida" ganha a conotação de "meta dada é meta cumprida". "Vá e vença" vira "vá e venda". Alguns riem, um pouco constrangidos. Muitos balançam a cabeça em sinal de concordância. Por volta das 21h30, o "grand finale". Liderados pelo palestrante, todos gritam: "Eu sou caveira!"

As cenas presenciadas pela Revista viraram rotina na vida de Storani. Ele começou a dar palestras motivacionais em outubro e está com agenda lotada até maio. Nesse ramo, os cachês costumam variar entre R$ 5.000 e R$ 10 mil.

O ex-capitão do Bope já falou para funcionários de bancos, de montadoras, de indústrias das áreas têxtil e de tecnologia. Virou guru de executivos. "O conceito de superação de limites e de encarar as adversidades com naturalidade pode ser aplicado à iniciativa privada. Montei a palestra e me surpreendi com os resultados", afirma Storani, mestrando em antropologia, com dissertação sobre o Bope. Ele ainda concilia a agenda de palestrante com o cargo de secretário de Segurança Pública de São Gonçalo, município do Rio.

Pedindo para sair
Os mais empolgados levam os conceitos para dentro das empresas. Não falta nem a caveira, símbolo máximo dos policiais durões do batalhão. "Quando alguém consegue bater a meta, faz no computador um bonequinho com a caveira do Bope e manda por e-mail", conta Patrícia Olivani, 36, coordenadora de vendas do Unibanco AIG. "Nas palestras, fazemos uma auto-reflexão, buscando as características do 'caveira' dentro da gente."

Gustavo Rosset, 33, diretor comercial da Rosset Têxtil, proprietária de marcas como a Valisère e Cia. Marítima, foi além, depois de contratar a palestra do ex-capitão no início de fevereiro. "Na empresa, a gente agora só se chama por número", afirma. No filme, Capitão Nascimento trata os subordinados de aspira 01, 02 e assim sucessivamente, durante o duro treinamento para ser aceito no batalhão de elite.

Rosset conta que, depois da palestra de Storani, dois funcionários "pediram pra sair". Na telona, a expressão sintetiza o momento da desistência daqueles que, por exaustão ou fraqueza, não vão se tornar "caveira". "Um [pediu pra sair], três dias depois da palestra, e outro, 15 dias depois, porque viram que o bicho ia pegar", diz o diretor e herdeiro da Rosset Têxtil, maior grupo brasileiro no segmento de tecido de lycra, com 3.000 funcionários.

O empresário mandou colocar, na sede da empresa, em São Paulo, banners pretos com a caveira e dizeres do Bope. "Temos que tirar as pessoas da zona de conforto", afirma Rosset. "Elas começam a fazer um paralelo entre suas vidas pessoais e profissionais com a vida dele [Storani], que era subir morro e lidar com o tráfico."

O discurso de André Rutowitsch, 36, diretor-executivo da Unibanco AIG, vai em outra direção. "Todos os anos contratamos vários palestrantes para falar com os nossos clientes, sempre voltados para esse lado motivacional. Nos últimos anos, tivemos o Bernardinho [técnico da seleção brasileira de vôlei] e agora trouxemos o Storani", afirma. "Ele é alguém que fala de liderança, de trabalho em equipe, e fala do batalhão de uma forma alegórica. Buscamos, o tempo todo, que não haja uma associação muito direta com o filme."

O executivo diz que a pressão sobre os profissionais está presente em toda empresa. "Quando existem metas a serem cumpridas há uma pressão inerente ao negócio em qualquer ramo de atividade."

Caveiras e invertebrados
A filosofia para se tornar oficial do batalhão é muito clara: o mundo se divide entre caveiras (como são chamados os policiais do grupo especial) e invertebrados (os fracos, que não agüentam a pressão). Os primeiros fazem o impossível, mesmo em condições extremamente adversas. "A dona-de-casa que sustenta todos os filhos sozinha e não desiste é caveira. O vendedor que bate suas metas é caveira", compara Storani.

Misturar os dois universos desperta críticas. "Se é capitalismo selvagem, talvez uma abordagem de guerra seja uma boa idéia", ironiza Marcelo Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, ao comentar as palestras.

"Ninguém abre empresa para fazer caridade, vivemos em um mundo capitalista", diz Storani. "O invertebrado é a pessoa que não está habituada a lidar com pressão, e isso não é demérito nenhum." Continuando com a analogia, ele ressalta que no Bope tem gente que não consegue se adaptar às exigências do batalhão e vai fazer policiamento comunitário. "É a mesma coisa com vendedores: é uma profissão que exige saber lidar com a pressão de ouvir um não e mesmo assim continuar tentando convencer alguém a comprar."

É legítimo transpor os métodos do Bope, que muitos consideram questionáveis até mesmo na guerra urbana, para o universo das empresas? Para Viviane de Oliveira Cubas, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP, usar tática de guerra em outro ambiente é desumanizador. "É característica do mundo empresarial exigir uma eficiência cada vez maior dos seus funcionários, dar responsabilidades cada vez maiores", afirma. "Você estabelece metas que às vezes não são reais. O que essa pressão e essa cobrança constantes podem causar à saúde desses funcionários?"

Um dos autores de "Elite da Tropa" (livro que originou o filme) e um dos roteiristas de "Tropa de Elite", o ex-capitão do Bope e sociólogo Rodrigo Pimentel, 37, também se converteu em palestrante. Faz entre quatro e cinco preleções por mês em empresas.

"A primeira coisa que eu falo é: 'Não vão bater nos seus vendedores'", diz ele, que foi contratado para falar a funcionários de empresas, como Perdigão, gigante do ramo alimentício, e até multinacionais farmacêuticas.

Um dos temas de seus discursos é "a força de um símbolo". "Toda empresa tem símbolos e lemas", compara. "Também existe sempre um ritual de passagem, estabelecido quase sempre em função das dificuldades de pertencer a um grupo."

Ao analisar esse tipo de palestra, o psicanalista Jorge Forbes aponta fragilidades. "Todos os discursos motivacionais são reducionistas da experiência humana. São uma tentativa de estimular a adesão a uma corporação apelando para o narcisismo. Quem não adere deve se envergonhar", diz o psicanalista, ao analisar o estímulo exagerado à competição e à superação de limites tão em voga no dicionário corporativo e reforçado nessas palestras. "De qualquer forma, é um discurso velho que vem com uma nova roupagem."

Capitão galã
O diretor José Padilha, assim como o comando do Bope, não quis se manifestar sobre o novo fenômeno das palestras motivacionais, mais um subproduto do sucesso do filme. Muito se falou sobre o impacto de "Tropa de Elite" sobre a sociedade brasileira: das discussões sobre tortura policial e do papel da classe média no tráfico de drogas a programas de TV como o "Bofe de Elite", na Rede Record, com o qual Tom Cavalcante bateu a Globo em audiência.

De polêmica em polêmica, o mercado continua surfando na onda de sucesso do longa. Em pesquisa encomendada pela rede varejista Marisa para descobrir qual seria o "homem ideal" na opinião das brasileiras, Wagner Moura recebeu 90% dos votos. O Capitão Nascimento da ficção ficou à frente de galãs "clássicos" como Reynaldo Gianecchini e Fábio Assunção. Foi contratado como novo garoto-propaganda da marca.

Em resposta à jogada de marketing da concorrente, as lojas Renner contra-atacaram com o lançamento há dois meses de uma coleção de camisetas com expressões do filme, como "fanfarrão" e "aspira", gravadas no peito. A linha já esgotou. Outra marca, a goiana Eckzem, também criou uma camiseta com uma estampa que mostra um desenho do Capitão América, herói de quadrinhos americano, com o nome "Captain Nascimento". Ao lado, o jargão mais famoso do filme: "Pede pra sair!".

Transformar um policial truculento e angustiado como Capitão Nascimento em herói, seja em camisetas ou diante de uma platéia de vendedores, deixa surpreso o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, que enfrentou uma gravíssima crise de segurança pública com os ataques do PCC em 2006. "Uma coisa é respeitar a polícia, outra é transformar os policiais em heróis", afirma.

Para Lembo, o sucesso do filme reflete a insegurança da sociedade. "Principalmente de uma classe média desesperada por segurança, que adora o herói que vai protegê-la de todos os perigos." Quanto aos treinamentos motivacionais em empresas, o ex-governador também faz ressalvas. "Todos nós, sejamos do Bope ou não, somos humanos e não podemos ir além dos nossos limites."

Quem ultrapassou fronteiras foram os integrantes de um grupo de strippers, "Os Sedutores". Eles começaram a se apresentar vestidos de oficiais do Bope e com metralhadoras em uma casa de suingue em São Paulo. O cachê de cada um dos sete componentes é de R$ 150 por apresentação de 45 minutos. "Essa coisa de Bope mexe com a fantasias das mulheres", constata Alexandra Valença, 26, coreógrafa do grupo. Uma prova de que nem a libido dos brasileiros ficou imune ao fenômeno cinematogrático.

A influência do longa em terrenos tão distintos pode ser explicada na diversidade de interpretações que a produção oferece. "Quem tem algum tipo de orgulho militar se vê ali, quem tem críticas sociais à elite brasileira se vê ali, quem critica o bom mocismo exagerado das ONGs se vê ali", afirma Forbes. Uma identificação que lotou as salas de cinema e agora enche auditórios. Neste caso, com uma platéia dividida entre aqueles que aplaudem e aqueles que se arrepiam diante dos jargões usados pelo Capitão Nascimento. Em cartaz, mais uma polêmica de "Tropa de Elite".

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

RECEITA APREEENDE PRODUTOS IMPORTADOS.


Receita Federal apreende R$ 135 milhões em produtos importados nos Correios de SP

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mastrangelo Reino/Folhapress

Uma operação da Receita Federal nos Correios de São Paulo apreendeu R$ 135 milhões em produtos --boa parte falsificados. Dentre eles havia 410 mil celulares e 460 mil óculos chineses. No total, foram 110 toneladas de artigos apreendidos. De acordo com a Receita, as mercadorias eram importadas por 130 empresas e pessoas físicas. Esta foi a maior operação de apreensão de artigos promovida pelo órgão.

A receita federal apresentou itens apreendidos em 108 dias de operacao Leao Expresso.

A operação--chamada de Leão Expresso-- aconteceu entre 14 de julho e final de outubro de 2010.

Um pente fino no setor de remessas expressas, destinado à importação de artigos para consumo próprio de até US$ 3 mil (e imposto de importação de 60%), encontrou fraudes e crimes na importação, como subfaturamento, falsa declaração de conteúdo e pirataria.

Segundo a Receita, em cargas com centenas de celulares chineses era frequente a declaração de valores subfaturados, inferiores a US$ 200. No lugar de celulares completos, eram declaradas partes e peças avulsas. Além disso, os criminosos adquiriam quase sempre artigos falsificados, de acordo com informações da Receita.

No final de junho, a Receita Federal já havia apreendido R$ 25 milhões em mercadorias no Rio de Janeiro em operação semelhante. Segundo o órgão, com a apreensão, os contrabandistas buscaram novas rotas para escoar as mercadorias.

A Receita vai encaminhar para o Ministério Público Federal a relação das 130 empresas e pessoas físicas importadoras das mercadorias.

CANA DE AÇUCAR.


O Globo - mardi 13 juillet 2010

O empresário Ricardo Mansur, que foi dono das lojas de departamento Mappin e Mesbla, foi afastado na última segunda-feira do controle da Usina Galo Bravo, de Ribeirão Preto. A usina está parada, com 1,3 mil empregados sem receber salários desde maio.


Os donos da companhia, que reassumiram a direção da empresa, calculam uma dívida de R$ 2,5 milhões com funcionários da indústria e cortadores de cana. Eles passaram o dia conversando com investidores, na tentativa de levantar recursos e reativar a usina.

A usina era arrendada por Mansur há 11 meses. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais procurou o Ministério Público, que já entrou com ação na justiça. A Usina Galo Bravo tem capacidade para produzir, por safra, 1,5 milhão de toneladas de cana, cerca de 80 milhões de litros de etanol e 30 mil toneladas de açúcar.

A produção da rede de televisão EPTV tentou contato durante todo dia de ontem com o empresário Ricardo Mansur, mas ele não foi encontrado. Nenhum representante do empresário quis gravar entrevista.

Entenda o caso

Em agosto de 2009, os donos da Usina Galo Bravo concederam uma procuração pública para o empresário Mansur assumir a direção da empresa, que tinha uma dívida estimada em R$ 450 milhões pelos credores. A família Balbo afirma que a intenção era resolver os problemas financeiros e que Mansur conseguiria recursos para a empresa. Com os novos problemas, a procuração foi revogada.

O acordo com a usina foi o primeiro grande negócio de Ricardo Mansur, após as falências das lojas de departamentos Mesbla e Mappin e do banco Crefisul, e 10 anos depois de ser preso, acusado de crime contra o sistema financeiro. Na ocasião, o empresário ficou 51 dias preso, acusado de ter divulgado boatos pela internet sobre uma possível quebra do banco Bradesco.

No mês passado, Mansur devolveu a destilaria Pignata, em Sertãozinho (SP), adquirida no início deste ano. No início de abril, Mansur também desfez a aquisição da Faculdade Batista de Vitória (Fabavi), na capital do Espírito Santo, negociada em outubro de 2009, e reassumida pelo Instituto Batista de Educação de Vitória (IBEV), após o empresário deixar de pagar parcelas da aquisição.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

RECIFE : MÃE MATA FILHO.


Grande Recife // tragédia
Mãe mata filho por engano com facada no coração em ItamaracáPublicado em 15.11.2010, às 11h25
Do JC Online
Com informações da Rádio Jornal

Um engano resultou em tragédia na madrugada desse domingo (14) em Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco. Clebson Freitas Pereira, 29, saiu para comemorar o aniversário com amigos no domingo à noite. Ao chegar em casa, na Rua Salinas, ele arrombou a porta da frente da residência. Com medo de se tratar de um assalto, a mãe dele, identificada apenas como Lucivânia, pegou uma faca e atacou o homem, sem saber que era seu filho. O golpe foi certeiro no coração.

Clebson foi socorrido para o hospital Miguel Arraes, em Paulista, mas não resistiu aos ferimentos. Lucivânia se apresentou voluntariamente no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ela pode ser indiciada por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. A delegacia de Itamaracá assumirá o caso nesta terça-feira (16), no retorno do feriadão

VIVER




VIVA A VIDA ... BOA SEMANA !!

"A felicidade não está em viver,
mas em saber viver.
Não vive mais o que
mais vive,
mas o que melhor vive.”

(Mahatma Gandhi)

RIO - Comércio Vale Refeição.


Comércio de vale-refeição pode render demissão de trabalhador
Bernardo Moura, Extra
Publicada em 17/04/2010 às 20:51


RIO - Uma longa fila se forma na frente de uma casa de penhor, numa galeria na Tijuca, Zona Norte do Rio. É início de mês e ninguém ali levou joias ou relógios para negociar no prego, e sim cartões de vale-refeição, descarregados em troca de uma comissão que varia de 14% a 16% do valor retirado.

Prática antiga, a troca de benefícios por dinheiro vivo se sofisticou com a substituição dos tíquetes de papel por cartões magnéticos. Esse tipo de crime pune o trabalhador flagrado com a perda do emprego por justa causa. Já o agiota, que oferece o serviço, muitas vezes nem chega a ser preso, enquadrado na pena leve de crime contra a economia popular, de apenas um mês de reclusão, no máximo, segundo a polícia e especialistas do setor.


- Já fizemos operações para coibir essa prática. Mas como a pena é branda, o estabelecimento volta a funcionar poucos dias depois - explicou Robson da Costa, delegado titular da Delegacia de Defraudações.

Esquema sofisticado
O esquema funciona da seguinte forma: o agiota aluga as máquinas que aceitam os cartões e credenciam CNPJs de estabelecimentos como restaurantes e supermercados junto às empresas que oferecem os tíquetes. Após descarregar os vales dos clientes, ele pede o reembolso periodicamente. Além do repasse, o criminoso ainda lucra com as comissões cobradas pelo serviço.

- Notamos que muitos estabelecimentos cedem o CNPJ sem saber direito para quê. O dono do restaurante é enganado por esses agiotas. Com o advento dos cartões, ficou mais fácil identificar esse tipo de fraude. Basta perceber movimentações atípicas. E o trabalhador, se flagrado, pode ser punido com demissão por justa causa - disse Artur Almeida, presidente da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert).

Mesmo correndo o risco de serem demitidos se flagrados, empregados afirmam que recorrem à prática - que também inclui a troca de RioCard descartável - porque muitas vezes a rede de estabelecimentos credenciados não é extensa o suficiente para atender a suas necessidades.

- Usando o cartão, há muita restrição na hora de ir a um supermercado fazer compras - disse X., 27 anos, que trabalha como segurança patrimonial.


http://extra.globo.com/economia/materias/2010/04/17/comercio-de-vale-refeicao-pode-render-demissao-de-trabalhador-916369828.asp

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

VIDA




VIVA A VIDA ... BOM FERIADO !!

"A felicidade não está em viver,
mas em saber viver.
Não vive mais o que
mais vive,
mas o que melhor vive.”

(Mahatma Gandhi)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

TEMPO AO TEMPO


De uma coisa podemos ter certeza: de nada adianta querer apressar as coisas; tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto. Mas a natureza humana não é muito paciente. Temos pressa em tudo e aí acontecem os atropelos do destino, aquela situação que você mesmo provoca, por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo. Mas alguém poderia dizer: qual é esse tempo certo?

Bom, basta observar os sinais. Quando alguma coisa está para acontecer ou chegar até sua vida, pequenas manifestações do cotidiano enviarão sinais indicando o caminho certo. Pode ser a palavra de um amigo, um texto lido, uma observação qualquer. Mas, com certeza, o sincronismo se encarregará de colocar você no lugar certo, na hora certa, no momento certo, diante da situação ou da pessoa certa.

Basta você acreditar que nada acontece por acaso. Talvez seja por isso que você esteja agora lendo estas linhas. Tente observar melhor o que está a sua volta. Com certeza alguns desses sinais já estão por perto e você nem os notou ainda. Lembre-se que o universo sempre conspira a seu favor, quando você possui um objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.

Texto do escritor Paulo Coelho.

" ISABELLA NARDONI "

02 de novermbro de 2012
A coragem de Carol Como vive a mãe da menina Isabella, Ana Carolina de Oliveira, cuja serenidade diante da tragédia tornou-se um exemplo para todo o país Kátia Mello com Andres Vera e Martha Mendonça ANA CAROLINAA mãe guarda alguns objetos da filha Isabella, como os primeiros sapatinhos. Roupas e brinquedos serão doados para instituições de caridade É a própria Ana Carolina de Oliveira que vem me atender, à porta da casa, na manhã ensolarada de quinta-feira. Por um comprido corredor lateral, entro no sobrado de paredes bege, na estreita e tranqüila Rua José de Almeida, na Vila Gustavo, bairro de classe média da zona norte de São Paulo. Sobre uma mesinha no corredor, ao lado de um pequeno quadro de Maria com o Menino Jesus, descansa enrolada em terços uma imagem de Santo Expedito, o padroeiro das causas urgentes. Ana Carolina – ou Carol, como a chamam os amigos e parentes – é uma mulher de 1,53 metro, esbelta e muito bonita, mesmo sem maquiagem ou adorno. Os cabelos pretos e ondulados, cortados curtos, emolduram seu rosto de traços delicados, marcado por olheiras profundas. Ela veste uma camiseta branca e uma calça de moletom azul-escuro. Gentil, a mãe de Isabella – a menina brutalmente assassinada em 29 de março, dias antes de completar 6 anos, crime pelo qual foram acusados e presos Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina – pede-me que espere um pouco. A voz alegre da menina que pedia para ligar a TV e ver desenhos animados não ecoa mais na casa – onde ela morava desde que nasceu –, mas Isabella está presente em todos os cantos. Na sala, sobre um aparador, há vários retratos dela com a mãe, os tios, os primos, os avós maternos e a melhor amiga, a prima Giovanna, sobrinha de Carol que tem quase a mesma idade de Isabella. No primeiro degrau da escada que dá para os quartos repousa uma bolsinha roxa e cor-de-rosa, com os apetrechos das bonecas de Isabella. Ao lado, estão empilhados seus álbuns de fotografias. Entre os objetos espalhados pela sala, há uma almofada com retratos de Isabella, um dos muitos presentes que Carol recebeu de desconhecidos no Dia das Mães. Carol ajeita-se em um confortável sofá marrom e começa a falar. O semblante é de dor, mas a voz é firme e pausada. Impressiona pela serenidade. A tragédia fez de Carol uma figura nacional. A mãe de Isabella é reconhecida por onde anda. Alguns apenas a apontam. Outros querem abraçá-la. Logo depois da morte da menina, Carol preferiu o recolhimento e o silêncio. Alguns interpretaram essa atitude, erroneamente, como frieza. Na verdade, ela diz que precisava desse tempo – precisava entender o que estava acontecendo. “Foi a minha filha que morreu”, diz, lembrando o que muitos parecem ter esquecido. Aos poucos, Carol retoma a rotina. Voltou ao emprego, em um banco. O pior momento do dia, conta, é a chegada em casa. “Não tenho mais aquele abraço de filha”, diz Carol aos poucos sai de seu refúgio para falar – talvez para aliviar a dor. Eu, grávida de seis meses e mãe de um menino de 2 anos e meio, pergunto de onde ela tira forças para vencer essa luta diária. A comoção de quem acompanha essa história é tocar o inimaginável – ou, como diz o respeitado psicólogo canadense Steven Pinker, autor de vários best-sellers sobre a mente e o comportamento humano, “os filhos carregam 50% dos genes do pai e 50% dos genes da mãe, e por isso preservá-los é um instinto tão forte quanto o da própria sobrevivência”. Carol reflete antes de responder. Penso em mães, como ela, que perderam os filhos de forma violenta. De onde vem a coragem para seguir em frente? Como se levantar da cama, se olhar no espelho e dizer que vale a pena viver depois de perder o que se tem de mais precioso? “De onde vem a minha força? Como vou te explicar?”, diz Carol, com o mesmo tom sereno. “A minha família é muito amiga. Há muito diálogo aqui em casa. Tenho uma estrutura, uma base familiar que é o que me sustenta hoje.” Centrada, não parece ter apenas 24 anos. Pergunto se, depois do crime, não lhe veio um sentimento de culpa, por ter deixado a filha com o pai e a madrasta. “Sentimento de culpa, não. Eu queria estar ali para defendê-la. Mas foram tantos anos que ela ia para lá, e nada tinha acontecido antes. Nunca esperei por isso. O que aconteceu foi uma tragédia.” A televisão da sala está sempre ligada. Além dos incessantes telefonemas e campainhas, a entrevista é interrompida toda vez que Carol quer escutar o noticiário. Ela acompanha o caso pela TV e pela internet e lê os jornais. O telejornal anuncia que a Câmara dos Deputados aprovou mudanças nas leis de segurança pública que podem acelerar o processo de Isabella. Um item da nova lei, a ser sancionada pelo presidente Lula, prevê que julgamentos só sejam adiados em circunstâncias excepcionais – o que evitará as chicanas que fazem muitos processos se arrastar por anos, até décadas. Carol diz que, agora, luta por “justiça”. “E o que é justiça?”, pergunto. “Que o verdadeiro culpado pague pelo que fez. Que a lei seja cumprida.” A tela mostra imagens de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá na prisão. Lidar com o assédio de curiosos e jornalistas, desde a noite do crime, não foi fácil para a jovem mãe que levava uma vida ativa como qualquer outra mulher de sua idade. Carol já não sai mais com as amigas, nem pode levar Isabella para a casa de praia da família, em Caraguatatuba, litoral norte paulista. Torcedora do Corinthians e fã de Ivete Sangalo e das bandas Chiclete com Banana e Asa de Águia, parou de acompanhar futebol ou escutar seus CDs favoritos. Ouve apenas as músicas em homenagem à filha compostas e enviadas por estranhos. Diz que não tem mais vontade de passar batom. Aos poucos, tenta retomar a rotina. Funcionária de uma agência do Unibanco, voltou a trabalhar. Duas vezes por semana, faz terapia (“Está me ajudando muito”). O retorno à casa, às 20 horas, é o pior momento do dia, conta – nessa hora, Isabella escondia-se de brincadeira ou corria para seus braços. “Não tenho mais aquele abraço de filha. É muito difícil não tê-la, porque eu sempre a tive. É um buraco profundo. Não tem como mensurar. Sinto isso todos os dias”, diz.





COMO ACONTECE A ESCOLHA DOS JURADOS - REVISTA VEJA.

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/juri_popular/index.shtml
CAROLINA - MÃE DE ISABELLA - NA REVISTA ÉPOCA.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI127928-15228,00-QUERO+ME+TORNAR+MAE+NOVAMENTE.html


20/03/2010 - 02:04 - Atualizado em 23/03/2010 - 08:47
Ana Carolina de Oliveira - "Quero me tornar mãe novamente"
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Dois anos depois da perda da filha, a mãe de Isabella conta como vive em depoimento a ÉPOCA
Ana Carolina de Olivera, em depoimento a Kátia Mello
Em depoimento a Época, reproduzido abaixo na íntegra, a mãe de Isabella descreve em primeira pessoa como ela e a família viveram os dois últimos anos. Carol, como é chamada pelos amigos, diz que “esperou muito” o dia do julgamento dos acusados pelo assassinato de sua filha. Revela que intensificou a terapia para atravessar o “período difícil” do julgamento e conta como cada membro de sua família viveu a sua maneira o luto pela perda da menina. O avô de Isabella mergulhou no trabalho; a avó lutou para esquecer a imagem da menina morta no hospital. Ana Carolina diz que são os primos de Isabella que trazem hoje alegria para a casa onde ela espera, num futuro ainda sem data, criar outro filho.


Como começar a descrever os meus últimos dois anos? No dia 29 de março de 2008 a minha vida literalmente caiu do 6º andar de um prédio, houve um terremoto, um turbilhão de acontecimentos. Difícil de acreditar e de assimilar como tamanha crueldade possa ter acontecido. Mais um crime bárbaro passaria na televisão, só que desta vez o fato bateu na minha porta, era minha filha que havia sido brutalmente assassinada. Foi-lhe tirada a oportunidade de viver o que de tão bonito a vida poderia lhe mostrar: amigos, família, alfabetização, valores, princípios, amor ao próximo, entre tantas coisas que lhe seriam proporcionadas.

Hoje infelizmente entrei para a estatística das mães que perderam seus filhos, uma lista que parecia ser distante de minha realidade. Hoje a vivo diariamente e entendo o que é sentir essa dor. Uma dor profunda, infinita, um vazio eterno, insuperável. É difícil lidar com a morte, especialmente com a morte do ser que você gerou, carregou durante nove meses e não via a hora de ver o rostinho. Ela nasceu. Era minha estrela de luz, a minha Isabella, aquela que com certeza eu poderia chamar de MINHA. Minha filha, minha princesa, ou melhor... MINHA PRINCESS.

A partir deste momento tudo parou e passei a viver a outra vida, a vida de mãe. A maior dádiva que uma mulher pode ter é o prazer de se tornar mãe. Começou aí outra etapa da vida, a de cuidar, criar, ensinar a sorrir, andar, falar, ensinar a essência da vida para sempre fazer o bem. Posso me sentir vitoriosa por isso. Minha Isabella tinha qualidades inexplicáveis. Uma menina calma, doce, meiga, carinhosa, educada, que sabia falar um português corretíssimo (claro que com alguns ajustes no meio do caminho... rs), mas inteligente demais.

Seu sonho: aprender a ler. Já estava quase lá. Sabia soletrar e, com isso, eu a ajudava a completar as frases. Para escrever, eu soletrava e ela completava. Já sabia escrever seu nome inteiro... eu diria que era um exemplo de criança e quem teve a GRANDE oportunidade de conhecê-la e saber quem ela era pode confirmar o que estou falando.

Seu brinquedo preferido: jogo da memória. Esse ela dava um show de esperteza. Ganhava todas e, se algo desse errado, ela queria competir mais uma vez. Coisas de ariana.

Bem, mais isso lhe foi tirado, arrancado, jogado pela janela. O que fazer depois de perder tudo isso? Como continuar a vida?

Meus últimos dois anos não têm sido de muitas novidades. Acordo cedo para trabalhar e peço a Deus para me proteger e me dar forças. Quando vou me trocar, lembro que não tenho mais aquele rostinho preguiçoso, amassado e lindo para me dizer “Mamãe, você está linda”, ou “Mamãe, esta blusa não está combinando, você pode trocar?”. Aquela manha para pedir o ‘tetê’. Minha mãe também sente a cama vazia. Era lá que ela ia todas as manhãs continuar seu sono, pois disso ela gostava muito... dormir. Ensinar a fazer lição, dançar, ver filmes, mexer no computador, soletrar os sites (‘www’ ao invés de falar ‘ponto’ ela fala [sic] ‘conto’)...

À noite é o vazio de não ter ninguém para entrelaçar as pernas, dar banho, trocar, beijar, cheirar, apenas deitar e agradecer a Deus por mais um dia de vida e pedir para que minha filha esteja protegida, onde estiver – e agradecer também a oportunidade de ter me tornado mãe de uma menina tão iluminada e maravilhosa, um verdadeiro presente.

Os momentos sem ela e a vida sem ela são muito tristes, mas graças a Deus tenho meus sobrinhos, a Gigi, a Gabi, o João e a Marcella. Eu os amo demais e eles me dão a maior atenção do mundo.

A Gigi está a cada dia mais mocinha e isso me faz pensar que minha filha estaria bem parecida, por suas idades serem próximas. Quando ela está na minha casa, sempre me elogia, me abraça, diz que me ama. Poucos dias atrás estávamos conversando e perguntei a ela se lembrava da Isabella. Ela me respondeu com um sorriso lindo que SIM e ainda completou que sente muita falta dela. Eu falei que também sentia e ficamos lembrando os momentos e passeios que fizemos todas juntas.

O João Vitor e a Gabriela são menores. Com isso, comentam menos. O João é todo molecão e gosta de brincar de Ben 10, essas coisas de menino. A Gabi é toda meiga, bastante parecida com a Isabella. Adora usar as roupas que eram da prima.

Meus pais e irmãos sofrem cada um a sua maneira. Cada um tem o seu modo de se expressar e viver o luto. Minha mãe, porque conviveu com ela todas as manhãs, cada dia que acorda lembra e revive os momentos. Durante muito tempo ficou com a imagem dela no hospital, morta, mas conversamos muito e trouxemos as melhores imagens dela novamente para nossas lembranças. Meu pai se jogou de cabeça no trabalho. Ele sofre um pouco mais calado. Visita o cemitério todos os fins de semana.

Meus irmãos sempre lembram dela com seus filhos: o Leonardo, por ser pai da Gigi e saber que, quando a leva para passear, as duas poderiam estar juntas, eram muito companheiras. O Felipe, pai da Gabi, é mais emotivo. Como ela lembra muito (Isabella) pelo jeito de ser, ele sempre chora de saudades.

Hoje continuo com a terapia, pois é lá que descarrego um pouco do peso que sinto. Não é fácil carregar esta falta. É mais difícil ainda lidar com o que a perda faz em nossa mente e em nosso coração. Para não cair de uma vez em um buraco sem fundo, eu fui logo procurar ajuda e me apoiar nas pessoas que estavam ao meu lado: pai, mãe, irmãos, tios, primos e amigos. Foi para eles que chorei, gritei, abri meu coração. De cada um retirei um pouco de força para continuar a dura caminhada da vida.

Para o futuro não tenho planos ainda. Quero continuar trabalhando, seguindo minha vida. A única coisa que é certa é a vontade de me tornar mãe novamente. Mas estes não são planos para agora.

As pessoas ainda me reconhecem na rua, me apontam, dão sorrisos, um tchau, e isso me fortalece. Ainda recebo cartas, mensagens, presentes – claro que hoje com menos frequência, mas ainda recebo, e percebo que ainda existem pessoas com corações bons no mundo. Em uma das últimas cartas que recebi, em fevereiro de 2010, um trecho diz assim: “Você teve uma filhinha que fez o Brasil refletir e é uma santinha que no céu pede muito a Deus por você e sua família. Parabéns pela graça que Deus lhe deu”. Tem como ler isso e não se emocionar?

Agora estou em outra fase difícil, que é o julgamento. Um dia que esperei muito. É uma dor ter de enfrentar tudo novamente, relembrar cada detalhe. Intensifiquei a terapia para poder estar preparada a enfrentar tudo o que virá durante os próximos dias.

Minha força vem da fé que carrego dentro de mim, vem da minha base familiar, muita oração e conversa com Deus.

Quero terminar aqui agradecendo a todos os profissionais competentes que trabalharam desde o começo no caso, desde a delegacia, Instituto Médico-Legal, Instituto de Criminalística, entre outros órgãos;

Aos profissionais que ficaram dia e noite para poder passar a verdade única sobre tudo o que aconteceu. Ao promotor, doutor Francisco Cembranelli, por sua dedicação e competência. À doutora Cristina Christo Leite, minha advogada, pelo empenho e paciência;

A minha família, pela educação e honestidade que me deram, pelo colo, pelo abraço, o ombro, a compreensão e a paciência durante todos estes anos de vida;

Aos meus verdadeiros e grandes amigos por estarem comigo quando eu mais precisei de vocês;

E agradecer a todo o Brasil. A todo mundo que abraçou esta causa, que passou a AMAR e ter minha filha como parte da família, a minha eterna gratidão pela solidariedade.

Obrigada a todos.
Beijos, Carol







06/04/2010 - 18h58

JUIZ NEGA NOVO JURI PARA PAI E MADASTRA DE ISABELLA NARDONI


Rosanne D'Agostino - Do UOL Notícias
Em São Paulo

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/04/06/juiz-nega-novo-juri-popular-a-pai-e-madrasta-de-isabella-nardoni.jhtm

30/03/2010

MISSA DE ISABELLA - ENTRE OS PRESENTES O PROMOTOR CEMBRANELLI.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/03/30/promotor-e-aplaudido-em-missa-de-dois-anos-da-morte-de-isabella-em-sp.jhtm

VEJA O ALBUM DE FOTOS:

http://noticias.uol.com.br/album/100330missaisabella_album.jhtm?abrefoto=1

28/03/2010.

CASO ISABELLA TÊM TECNOLOGIA.

FONTE : OPINIÃO E NOTÍCIA.

http://opiniaoenoticia.com.br/opiniao/artigos/caso-isabella-tem-marca-registrada-tecnologia/?optin

27/03/2010
Alexandre Nardoni e Anna Jatobá são Condenados.

http://materiasjuridicas.wordpress.com/2010/03/27/alexandre-nardoni-e-anna-jatob-so-condenados-pela-morte-de-isabella/


26/03/2010 - 21h05
Debates são encerrados, e júri se prepara para decidir destino do casal Nardoni
Rosanne D'Agostino
Do UOL Notícias
Em São Paulo


A Promotoria e a defesa já encerraram os debates e os jurados devem se reunir em uma sala secreta para responder "sim" ou "não" para cada um dos quesitos.

Serão entregues duas fichas, uma referente a Nardoni e outra a Jatobá, com as mesmas perguntas. Veja a versão final das questões:

1a) A esganadura provocou a morte de Isabella?
1b) Isabella foi lançada pela janela?

2a) Alexandre deixou de socorrer Isabella durante a esganadura?
2b) Foi Alexandre que jogou Isabella desmaiada pela janela?

3) O jurado absolve o réu?

4a) O crime foi cometido por meio cruel em relação à esganadura?
4b) O crime foi cometido por meio cruel em relação à queda da janela?

5a) Houve emprego de rescurso que impossibilitou a defesa da vítima em relação à esganadura?
5b) Houve emprego de rescurso que impossibilitou a defesa da vítima em relação à queda da janela?

6) O crime foi cometido para esconder a esganadura?

7) O crime foi cometido contra menor de 14 anos?

8) O réu mexeu no local do crime com intuito de enganar a Justiça?

9) O réu lavou alguma roupa no local para impedir coleta de provas?

10) O jurado absolve o réu?

11) O réu lavou alguma roupa no local para eximir-se da culpa?


QUINTA FEIRA - 25 DE MARÇO DE 2010.
25/03/2010 - 20h31
Madrasta de Isabella admite ter "aumentado" e "inventado" informações para a polícia

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/03/25/madrasta-de-isabella-admite-ter-aumentado-informacoes-para-a-policia.jhtm

QUARTA FEIRA , 24 DE MARÇO DE 2010.
24/03/2010 - 19h18
Juiz permite acareação entre casal Nardoni e mãe de Isabella; júri continua quinta-feira.

Juiz encerra 3º dia de júri do casal Nardoni; mãe de Isabella permanece retida

ANDRÉ MONTEIRO
da Folha Online

O juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri, encerrou às 19h15 desta quarta-feira o terceiro dia do júri de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a menina Isabella há dois anos. Os réus serão ouvidos nesta quinta. Antes de encerrar os trabalhos, Fossen avaliou as solicitações da defesa e da Promotoria e decidiu que Ana Carolina Oliveira, mãe da criança, deve permanecer à disposição da Justiça. Com isso, ela permanece retida e incomunicável.


A mãe da Isabella está nas dependências da Justiça desde a noite da última
segunda (22). Após prestar depoimento, os advogados do casal Nardoni pediram que ela ficasse à disposição porque poderia ser novamente requisitada durante o júri, em uma possível acareação com os réus.

A expectativa era que Alexandre e Anna Jatobá começassem a ser interrogados na noite desta quarta, após os depoimentos das testemunhas convocadas pela defesa. No entanto, a análise sobre a liberação da mãe da Isabella atrasou os trabalhos.

A defesa do casal manteve a decisão de manter Ana Carolina à disposição. Já o promotor Francisco Cembranelli pediu para que a medida fosse reconsiderada, pois a mãe de Isabella está debilitada e "extremamente deprimida".

Após indeferir verbalmente o pedido da defesa de manter Ana Carolina de Oliveira à disposição do tribunal, o juiz reconsiderou a solicitação. Ele digitava a decisão no computador, quando disse ter percebido que poderia haver uma interpretação de cerceamento de defesa. Fossen voltou ao gabinete, consultou a legislação e a doutrina jurídica, e retornou com outro entendimento. Com isso, a mãe de Isabella permanece retida à disposição do tribunal.

O pedido de acareação com os réus, feito pela defesa, será decidido posteriormente, se solicitado.


http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/03/24/juiz-permite-acareacao-entre-casal-nardoni-e-mae-de-isabella-juri-continua-quinta.jhtm

TERÇA FEIRA , 23 DE MARÇO DE 2010.

23/03/2010 - 20h22
Legista mostra fotos do corpo de Isabella e choca familiares no júri do casal Nardoni

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/03/23/legista-mostra-fotos-de-cadaver-de-isabella-e-choca-familiares-no-juri-em-sp.jhtm


segunda feira , 22 de março de 2010.

FINALMENTE ..COMEÇOU O JULGAMENTO.

22/03/2010 - 14h23
Começa julgamento do casal Nardoni em São Paulo

VEJA MATÉRIA :

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/03/22/comeca-julgamento-do-casal-nardoni-em-sao-paulo.jhtm

EIS UM RELATO DA MISSIONARIA ANDREA - DE BRASILIA.

http://missionariaandrea.blogspot.com/2010/03/anna-carolina-jatoba-madrasta-da.html



quinta-feira, 9 de julho de 2009

CASAL NARDONI

Advogado nega boatos de separação de casal Nardoni


Marcelo Pedroso, Portal Terra


TAUBATÉ - O advogado Roberto Podval, atual defensor de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de assassinar a menina Isabella Nardoni, negou nesta terça-feira que sejam verídicos os boatos sobre uma eventual separação do casal.

A informação sobre a suposta separação foi veiculada nesta segunda-feira pelo jornal Correio Braziliense, que diz ainda que os acusados não se correspondem janeiro. Segundo a reportagem, a sepáração já teria sido informada ao Ministério Público de São Paulo.

- Essa informação não é verídica. Até onde eu sei, é um factóide. Não tenho nada a declarar sobre isso - afirmou o advogado sobre a suposta separação do casal.

Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina, também negou os rumores da separação.

- Não tive sequer conhecimento sobre isso.

Segundo ele, a acusada não fez comentários sobre o assunto durante as últimas visitas à Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, interior de São Paulo, onde ela está presa desde maio do ano passado.

Jatobá reforçou a inocência do casal e disse que continua confiante na reversão do caso.

- Tenho certeza de que minha filha e meu genro são inocentes. Ainda somos confiantes na Justiça.

Antonio Nardoni, pai de Alexandre, não foi localizado para comentar o assunto.

Em carta à OAB, pai de Alexandre Nardoni desabafa e pede julgamento justo


Antônio Nardoni, avô de Isabella Nardoni, entregou nesta terça-feira (31/3) uma carta ao presidente da seccional paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Luiz Flávio Borges D’Urso, pedindo a fiscalização dos direitos de defesa de seu filho, Alexandre Nardoni, que irá a júri popular pela morte da menina, ocorrida há um ano.

A íntegra da carta, que tem três páginas, não foi divulgada, mas segundo a OAB paulista, Antônio desabafa e revela preocupação diante do antagonismo que seu filho e sua nora, Anna Carolina Jatobá, vem sofrendo da opinião pública e da mídia. O avô de Isabella ainda destacou a falta de provas e as dificuldades encontradas ao longo do processo.

Na carta, mais uma vez o pai de Alexandre se diz convicto da inocência do filho e da nora e apela para que a OAB garanta os direitos constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

“Considerando que há advogado legalmente constituído no processo, não me cabe fazer manifestação sobre o mérito do mesmo. A Ordem está à disposição, para receber o advogado que patrocina a causa, se for do interesse dele, para que ele possa bem exercer seu mandato e dessa forma garantir um julgamento justo”, afirmou D´Urso.

No final de março, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) negou um recurso da defesa do pai e madrasta de Isabella e manteve a decisão que os levou à júri popular.

Presos desde maio de 2008, o casal é acusado pelos crimes de homicídio com três qualificadoras, por asfixia mecânica (meio cruel), uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima (Isabella estava inconsciente no momento da queda) e com o intuito de garantir a impunidade de delito anterior (o próprio assassinato da menina), além de agravantes; e por fraude processual (manipular a cena do crime com o intuito de enganar a Justiça).

Quarta-feira, 1 de abril de 2009


Um ano após morte de Isabella, defesa do casal Nardoni evita falar com imprensa
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da Folha Online

No próximo domingo (29), completa um ano que a menina Isabella Nardoni, 5, foi morta. Os acusados do crime --o pai dela, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá-- aguardam o julgamento no presídio de Tremembé (a 147 km de São Paulo). Um ano depois, os advogados do casal decidiram não falar mais com a imprensa sobre o caso.

A garota foi jogada pela janela do sexto andar do edifício London, na zona norte da cidade, onde morava o casal. Os acusados negam a autoria do crime.

Mastrângelo Reino/07.mai.08/Folha Imagem

Anna Carolina e Alexandre são levados para cadeia após terem prisão decretada
À Folha Online um dos advogados assistentes de Marco Polo Levorin (responsável pela defesa do casal), Ricardo Martins, afirmou que a decisão de se calar foi tomada devido à "divulgação de uma série de informações que não condizem com os autos".

"[Os veículos de comunicação,] ao invés de informar, estão desinformando a sociedade", afirmou Martins, sem citar nomes.

A reportagem também tentou contato com o pai de Nardoni, o advogado Antonio Nardoni, que informou que não irá mais se manifestar sobre o caso para evitar a "exposição de sua família".

Derrotas

Desde que o casal foi denunciado, a defesa de Nardoni e Jatobá vem sofrendo sucessivas derrotas nos recursos apresentados à Justiça.

Os advogados pedem a revogação da prisão preventiva e anulação do recebimento da denúncia (acusação formal), sob o argumento de que não há prova da materialidade do crime, já que as marcas de esganadura apontadas pela perícia não existiam.

No último dia 16, o Ministério Público Federal enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um parecer contra a libertação do casal, após a defesa entrar com um pedido de liminar (decisão provisória) contra decisão da 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que manteve os acusados presos.

No pedido, os advogados alegam que a violação ao princípio da presunção de inocência foi violado e que o "excesso de linguagem na decisão" que recebeu a denúncia pode influenciar os jurados.

No pedido de liminar, a defesa alega ainda que não há necessidade de prisão preventiva, pois o casal não ofereceria ameaça à ordem pública caso fique em liberdade. Argumenta também que o juiz que decidiu que eles sejam julgados pelo Tribunal do Júri usou expressões em sua decisão que comprometem o julgamento.

Teses da defesa

Os advogados e as testemunhas sustentaram três teses. A primeira delas de que não há provas para incriminar o casal Nardoni. A segunda argumenta que o casal tinha uma relação normal, com uma "sazonalidade" no relacionamento, que inclui períodos de conflitos e períodos de harmonia. A maioria das testemunhas de defesa ouvidas em julho do ano passado no Fórum de Santana (zona norte de São Paulo) afirmou que Alexandre e Jatobá tinham uma boa relação entre si e com Isabella.

A terceira tese é de que o edifício London, com muitos apartamentos em reforma na época do crime, era vulnerável à entrada de estranhos sem identificação, tanto pela portaria principal quanto por um portão lateral de prestação de serviços.

Acusação

O laudo dos peritos do Núcleo de Crimes Contra a Pessoa do IC (Instituto de Criminalística) aponta que a madrasta desferiu o primeiro golpe contra a cabeça de Isabella, de forma acidental, quando Jatobá, que estava no banco dianteiro do carona, se virou e atingiu a menina.

O laudo descarta a hipótese de uma terceira pessoa envolvida no crime --como defende o casal Nardoni-- e aponta que Jatobá auxiliou o marido a jogar Isabella do sexto andar do prédio.

O julgamento do casal ainda não tem previsão para ser marcado. Enquanto isso, Nardoni e Jatobá devem permanecer presos.

TJ julga recurso que tenta impedir casal Nardoni de ser levado a júri popular

A 4ª Câmara Criminal do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo julga na próxima terça-feira (24) o recurso do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá contra a decisão do 2º Tribunal do Júri de Santana (zona norte de São Paulo), de levá-los a júri popular.

Anna Carolina e Alexandre são levados para cadeia após terem prisão decretada
Os dois são acusados de matar a filha de Alexandre, Isabella, 5, no dia 29 de março do ano passado. Eles estão detidos em presídios de Tremembé (147 km de SP) e ficarão presos até o julgamento, que ainda não tem data para acontecer.

O recurso será julgado pelos desembargadores Luis Soares de Mello Neto, presidente da 4ª Câmara, Euvaldo Chaib Filho e Renato de Salles Abreu Filho. O representante do Colégio Especial de Procuradores, do Ministério Público Estadual, será o procurador Gabriel Eduardo Scotti.

A defesa do casal argumenta que não há indícios para levar Alexandre e Anna Carolina a júri popular. Caso os desembargadores aceitem a alegação da defesa, o caso tem de ser reaberto e deve voltar à fase da investigação. Com isso, o casal poderia ser libertado da prisão, já que tiveram a prisão preventiva decretada sob a alegação principal de que a dupla poderia interferir nas investigações.

Caso a câmara decida que o casal deve ir a júri, a data para o julgamento deve ser marcada, mesmo que a defesa entre com novos recursos.

Na segunda-feira (16), o Ministério Público Federal enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um parecer contra a libertação do casal. Eles entraram com um pedido de liminar (decisão provisória) contra a sentença da 5ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que os manteve presos até o julgamento.

Crime

Isabella foi morta no dia 29 de março ao ser agredida e depois lançada do 6º andar do edifício London. Ela estava no carro com o pai, a madrasta e os dois filhos do casal Nardoni.

O laudo aponta que a madrasta desferiu o primeiro golpe contra a cabeça de Isabella. O golpe foi dado de forma acidental, quando Jatobá, que estava no banco dianteiro do carona, se virou e atingiu Isabella.

O laudo elaborado pelos peritos do Núcleo de Crimes Contra a Pessoa do IC (Instituto de Criminalística) descarta a hipótese de uma terceira pessoa envolvida no crime e apontam que Jatobá auxiliou Nardoni a jogar Isabella do sexto andar do prédio

CAROLINA FARIAS
da Folha Online 19 março 2009


A vida atrás das grades

O dia-a-dia do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá,
há 200 dias na prisão, acusado da morte da menina Isabella

Laura Diniz - Veja - 22 Nov 2008

"JUMBINHO" E "JUMBÃO"
Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina (à esq.), visita a filha semanalmente, mas, em dificuldades financeiras, leva para ela poucas provisões (ou "jumbos", como os presos chamam os presentes trazidos pelas visitas). Já o pai de Nardoni
alimenta a cela inteira

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá completam neste sábado, dia 22, 200 dias de prisão preventiva. No curso de quase sete meses, o casal acusado do assassinato da menina Isabella, filha de Nardoni e enteada de Anna Carolina, amargou uma sucessão de derrotas processuais (teve negados nove pedidos de soltura, dos quais o último na semana passada, pelo Supremo Tribunal Federal), viu os filhos no máximo três vezes e experimentou a sensação de ser hostilizado pelos piores entre os piores – já que a brutalidade do crime os coloca na mais infame das categorias da cadeia, aquela que é desprezada até mesmo pelos párias. Para saber como vivem hoje o pai e a madrasta de Isabella, VEJA ouviu ao longo de um mês 28 pessoas, entre pais, amigos e advogados dos acusados, além de parentes de detentos e funcionários das prisões onde eles se encontram.

Nardoni e Anna Carolina estão em cadeias vizinhas, em Tremembé, no interior de São Paulo. Ele está mais gordo e bem mais à vontade do que na sua primeira, e traumática, noite na Penitenciária Dr. José Augusto Salgado. Na ocasião, presos prepararam para ele uma recepção inesquecível. à meia-noite, passaram a repetir um refrão em uníssono: "Pára, pai! Pára, pai! Pára, pai!". A frase havia sido relatada à polícia por vizinhos dos Nardoni, que disseram tê-la ouvido de uma criança que estava no apartamento do casal, pouco antes da morte de Isabella. Trancafiado em sua cela e com o coro dos presos, que durou um minuto, martelando-lhe os ouvidos, Nardoni caiu em prantos.

Atualmente, ele divide a cela – equipada com televisão, rádio, três beliches duplos e chuveiro frio – com mais quatro presos. Um deles, de quem ficou mais próximo, é o advogado Jerônymo Ruiz Andrade Amaral, detido por tentar levar celulares para clientes presos, ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital. Ao contrário da maioria das prisões paulistas, superlotadas e com número insuficiente de vagas de trabalho, a penitenciária de Tremembé, considerada modelo, tem leitos de sobra e emprego para tantos quantos queiram trabalhar. Mas a atividade é obrigatória apenas para os presos condenados. Entre os provisórios, trabalha quem quer. Alexandre, até hoje, não quis. Por causa disso, sua rotina é um pouco diferente da dos demais. A maioria dos detentos acorda às 6 da manhã, quando é feita a contagem dos presos, toma café, segue para o trabalho nas oficinas e, mais tarde, para alguma aula (de línguas, música ou computação). Entre 16 e 17 horas, eles vão para o banho de sol, quando aproveitam para jogar bola. Depois disso, é jantar e cama. Como Nardoni não trabalha nem estuda (vez ou outra comparece às aulas de música), continua na cama até por volta das 10 da manhã. Quando vai para o banho de sol, não participa das peladas: fica sentado na arquibancada, sozinho ou acompanhado do amigo Jerônymo. Muitas vezes, dispensa uma das refeições, já que recebe comida de sobra dos pais, que o visitam semanalmente. Antonio Nardoni e a mulher chegam carregados com uma caixa e sacolas de frutas, bolachas, chocolates, refrigerantes e outras guloseimas para o filho dividir com a cela toda. Também deixam remédios, pasta de dentes, repelente contra insetos (a prisão fica em uma área repleta de mata, o que atrai pernilongos) e revistas, que Nardoni pouco lê. Ele prefere ver TV, o que faz praticamente o dia todo.


ISOLADO
Ao contrário da maioria dos presos de Tremembé, Nardoni não trabalha e costuma ficar na cama até mais tarde. Quando vai tomar sol, senta-se sozinho na arquibancada ou ao lado do advogado Jerônymo (no desenho, de cabelos grisalhos). A cela em que ele está tem rádio e TV. Toda semana, seu pai a abastece com guloseimas em quantidade suficiente para os cinco presos que dividem o espaço de 6 por 4 metros

A rotina de Anna Carolina na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, a quinze minutos da cadeia de Nardoni, é um pouco mais movimentada. A madrasta de Isabella divide a cela com quatro detentas e trabalha na limpeza e na distribuição de alimentos. Dias antes da sua chegada, a direção da cadeia achou por bem deixar as presas sem ver televisão. Temia que, diante da repercussão do crime, elas reagissem mal à presença da mulher. Ao contrário do marido, Anna Carolina não enfrentou demonstrações barulhentas, mas teve de engolir a frieza de algumas presas que até hoje viram o rosto à sua passagem. Para aumentar as chances de uma estada sem maiores sobressaltos, ela adotou o expediente ao qual costumam recorrer acusados de crimes malvistos na cadeia (tais como estupro, no caso dos homens, e assassinato de crianças, no caso dos homens e mulheres): buscou abrigo na ala dos evangélicos. Nas prisões, os "convertidos", pelo fato de ficarem de fora dos grupos que disputam o poder e de serem considerados "café-com-leite", ganham uma espécie de escudo contra agressões. Anna Carolina passou a freqüentar cultos e a cantar no coral. Chegou a pedir ao pastor da cadeia para ser batizada. O pedido foi negado: o pastor respondeu que era cedo demais. Apesar da sua recém-professada fé evangélica, a madrasta de Isabella, que antes da prisão se dizia católica, gosta de ler autores espíritas, como Chico Xavier e Zibia Gasparetto.

No mês passado, Anna Carolina e Nardoni receberam pela primeira vez a visita dos filhos, Pietro, de 3 anos, e Cauã, de 1. Uma amiga de infância de Anna Carolina contou a VEJA que, a princípio, ela não queria que os meninos fossem vê-la. "Dizia que cadeia não era ambiente para crianças." Mas, à medida que os pedidos de soltura foram sendo negados e a saudade foi aumentando, Anna Carolina mudou de idéia. Seus advogados conseguiram, então, uma decisão judicial autorizando as visitas dos meninos em dias de semana, para poupá-los do assédio da imprensa. Em 29 de outubro, uma quarta-feira, Pietro e Cauã reviram o pai e a mãe pela primeira vez em quase seis meses. "Foi um momento de muita alegria e emoção", disse Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina. Depois de tanto tempo sem ver os pais, Cauã, que vai completar 2 anos em abril, já estava ficando um pouco confuso. Quem conta é Antonio Nardoni, pai de Alexandre: "Ele está perdendo a referência. Às vezes, chama minha filha de mãe e meu genro, de pai. Outras vezes, chama minha mulher de mãe e a mim, de pai". Amigos da família disseram que as crianças, que sempre tiveram um comportamento difícil, estão um tanto agressivas. Segundo eles, os conhecidos dos avós são freqüentemente recebidos com beliscões e, certa vez, até com tapa no rosto.

"CONVERTIDA"
Anna Carolina fez 25 anos no último dia 9. Os pais foram visitá-la e a família comemorou a data com refrigerante e um pequeno bolo de chocolate. Ela, que se dizia católica e costuma ler livros espíritas, afirma ter se convertido à fé evangélica. Divide com quatro seguidoras da religião uma cela menor do que a do marido (4 por 3 metros), também equipada com rádio e TV

Filhos
Cauã ainda não vai à escola e Pietro mudou de colégio depois da morte de Isabella. Para ficar anônimo, o menino usa um dos sobrenomes menos divulgados da família. Salvo os professores e a direção, ninguém na escola sabe quem são seus pais. De vez em quando, o menino fala da irmã. "Ele acha que a Isabella virou uma estrelinha", conta Alexandre Jatobá. "Às vezes, vai à janela à noite, aponta para o céu e diz: ‘Olha a Isa lá, vovô!’". Como, por ocasião do crime, tanto o pai de Anna Carolina quanto o pai de Nardoni deram entrevistas na TV, eles são freqüentemente reconhecidos – e, por vezes, hostilizados – nas ruas. Por causa disso, os avós quase nunca passeiam com as crianças. Alexandre Nardoni, por seu turno, desperta reações de outro tipo de público na cadeia: os filhos dos presos. A mãe de um detento conta que, ao levar a neta de 6 anos para ver o pai na penitenciária de Tremembé, ouviu da menina o comentário: "Olha, vó, é o homem que jogou a Isabella pela janela!".

A prisão em que está Nardoni reúne um número recorde de "celebridades" do mundo do crime. Estão lá Marcos Valério, o ex-carequinha do mensalão, os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, assassinos confessos dos pais de Suzane von Richthofen, e Mateus da Costa Meira, o estudante que matou três pessoas num cinema em São Paulo. O nome mais recente na galeria dos bandidos tristemente famosos de Tremembé chegou no mês passado: é Lindemberg Alves, o assassino da jovem Eloá Pimentel. A penitenciária de Anna Carolina também tem uma hóspede notória, além dela própria: a ex-estudante Suzane von Richthofen, condenada pelo assassinato dos pais. Embora estejam na mesma ala, as duas não são amigas e nem mesmo se falam.

Ao contrário do marido, que, nos domingos de visita, ganha enormes "jumbos" (como os presos chamam os alimentos e provisões trazidos pela família), Anna Carolina recebe de seus pais pacotes bem mais modestos. No último dia 9, por exemplo, quando completou 25 anos, teve de se contentar em comemorar a data com um singelo bolo Pullman, que ela enfeitou com uma mistura de creme de leite e chocolate em pó. O pai de Anna Carolina sempre teve uma vida financeira instável – e uma coleção de pendências com a Justiça. Atualmente, responde a três processos criminais, sendo um por furto de energia, outro por estelionato e um terceiro por importunação ofensiva ao pudor. Pouco depois do crime, com problemas de crédito, Jatobá pediu a uma amiga que lhe "emprestasse" o nome para que pudesse financiar a compra de um carro e, assim, poder visitar mais facilmente a filha na prisão. Condoída com a situação, a amiga aceitou ajudá-lo e hoje está às voltas com cobranças de parcelas atrasadas e um automóvel que não pode ser devolvido porque Jatobá o bateu. Atualmente, ele circula com veículos alugados, embora nem sempre tenha dinheiro para pagar a locação. No último dia 12, depois de conversar com VEJA, pediu à repórter 5 reais para completar o pagamento da diária de 39 reais. Diante da negativa, pendurou a dívida e pediu carona à reportagem.

"OLHA A ISA LÁ, VOVÔ"
Alexandre Jatobá conta que o neto Pietro aponta para o céu e diz que a irmã virou
uma estrela

No clã dos Nardoni, os problemas são de outra ordem. Cerca de dez dias antes da morte de Isabella, veio à tona na família a revelação de que o pai de Alexandre havia tido um relacionamento com a concunhada e que, dessa relação, nascera um menino hoje com 3 anos. Alexandre Nardoni confirmou o episódio em interrogatório diante do juiz Maurício Fossen, em maio. Perguntado sobre quantos irmãos tinha, ele, inicialmente, citou apenas Cristiane. Em seguida, acrescentou que tinha mais um, "um menino que meu pai teve fora do casamento". Corre em segredo de Justiça um processo amigável para que Antonio Nardoni reconheça a paternidade da criança.

O pai de Alexandre Nardoni e o pai de Anna Carolina têm uma relação tensa. Quando Antonio Nardoni vai pegar os netos na casa de Jatobá, recusa-se a subir ao apartamento: fica esperando pelas crianças na garagem do subsolo. Quando é Jatobá quem vai pegar os meninos com Antonio Nardoni, e se atrasa, o pai de Alexandre telefona reclamando, o que deixa Jatobá irritado. Apesar das implicâncias mútuas, as famílias se esforçam para preservar a relação, já que a dinâmica estabelecida entre elas interessa a ambas: os Jatobá, com mais tempo livre, cuidam das crianças, e os Nardoni, com mais dinheiro no bolso, pagam a escola de Pietro e as despesas com os advogados do casal. Entre Alexandre e Anna Carolina, dizem seus pais, tudo vai às mil maravilhas – na medida em que pode ir às mil maravilhas uma relação na situação dos dois. Seus pais afirmam que eles trocam cartas semanalmente e que o tom das mensagens é carinhoso. A amiga de infância de Anna Carolina ouvida por VEJA disse, porém, que, nas cartas trocadas entre elas, a madrasta de Isabella nunca menciona o marido.

Na próxima semana, a defesa do casal vai recorrer da sentença de pronúncia que determinou que os acusados devem ir a júri popular. As chances de reverter a decisão são ínfimas. Mantida a pronúncia, o plenário do júri deve ocorrer no ano que vem. Fará parte da estratégia da acusação uma apresentação do perfil psicológico de ambos, traçado pelo Ministério Público com a ajuda da pesquisadora criminal Ilana Casoy. O promotor Francisco Cembranelli tentará provar que a personalidade de Nardoni e a de Anna Carolina são compatíveis com a dinâmica da tragédia por ele descrita: de que a madrasta asfixiou a menina e o pai a arremessou pela janela (veja a versão da acusação). No plenário, Cembranelli sustentará que Nardoni é um jovem fracassado e frustrado, dependente do pai e incapaz de tomar decisões para evitar problemas – só reage quando eles já estão criados. Anna Carolina será descrita como alguém que age de forma impulsiva e nutre uma agressividade crescente e descontrolada. A promotoria também pretende levar ao júri pelo menos duas explicações inéditas: as circunstâncias da briga que o casal teve na noite do crime e o motivo pelo qual acredita que a esganadura da menina foi provocada pela madrasta. Se forem considerados culpados, Nardoni e Anna Carolina poderão sentir saudade dos tempos da prisão provisória. Não porque deverão ir para uma penitenciária pior – é provável que continuem no mesmo lugar. Mas, nesse caso, saberão que será por muito, muito tempo.

QUARTO VAZIO
"Está tudo lá: o mural de fotos dela, a maioria de suas coisas. Nos fins de semana, íamos ao parque, assistíamos a um filme. Esse tempo hoje é livre, e eu simplesmente não sei o que fazer com ele"


Mãe de Isabella Nardoni, assassinada no dia 29 de março aos 5 anos de idade, a bancária Ana Carolina Oliveira diz que sua rotina hoje se resume ao trabalho e às sessões de terapia. "Chego em casa e vou dormir para não ter tempo de sofrer", diz. Em depoimento ao repórter Kalleo Coura, ela chorou diversas vezes ao se referir à filha. Só não quis falar de Nardoni e Anna Carolina, os acusados da morte da menina. "O que eu posso dizer é que ninguém das duas famílias me ligou até hoje para me desejar o que quer que seja."

"Duas semanas depois da morte de minha filha, comecei a fazer terapia. Se não fosse isso, iria enlouquecer. Estava sem chão, sem rumo, achava que a Isabella poderia voltar a qualquer momento – até hoje, às vezes, me pego pensando assim. Com a terapia, consegui chorar tudo o que eu tinha para chorar. Assim como a religião, ela não me ajudou a superar o que aconteceu, mas a ficar mais firme. Em maio, tentei voltar a trabalhar, mas não conseguia me concentrar. Acompanhava as notícias sobre a morte da minha filha pela internet, e isso me desconcertava, não conseguia produzir nada. Ficava arrasada quando voltava para casa e via que ela não estava me esperando, como sempre fazia. Resolvi tirar uma licença de três meses. Fui para um lugar fora de São Paulo, não atendia o telefone e só via televisão o dia inteiro, para me informar sobre o caso. Durante todo esse período e até hoje, a Isabella não sai da minha cabeça. Penso nela desde o momento em que acordo, enquanto estou trabalhando e na hora em que vou dormir. Aí, sonho com ela. Hoje, minha vida se resume ao trabalho. Chego em casa e tento dormir para não ter tempo de pensar no que aconteceu e sofrer. Pelo menos uma vez por mês, vou ao cemitério levar flores cor-de-rosa, as preferidas da Isabella. Quase todos os fins de semana, arrumo meu quarto, onde dormia junto com ela. Organizo os livros, enfeites, CDs e mensagens de apoio que continuo a receber. O quarto está como era antes, com o mesmo mural de fotos dela e com a maioria das suas coisas. Nos fins de semana, sempre planejava algo com ela, íamos ao parque, assistíamos a um filme juntas. Mesmo quando minha filha ficava com o pai, o domingo já estava reservado para esperá-la. Esse tempo que eu tinha com a Isabella hoje é livre, e eu simplesmente não sei o que fazer com ele. Não vou ao cinema, não saio para dançar, não vou a festas. Às vezes vou jantar com amigos, mas, de certa forma, me afastei um pouco deles. Algumas coisas já não fazem mais sentido para mim. Não tenho motivo nenhum para comemorar nada. Não sou feliz nem infeliz, diria que sou indiferente em relação à vida. Tiraram a maior parte de mim."


Com reportagem de Kalleo Coura - Veja - 22 Nov 2008.


Com suicídio de PM, defesa do casal Nardoni critica investigação
da Folha Online 31/05/2008 - 17h50

O advogado Marco Polo Levorin, defensor de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, casal acusado de assassinar a menina Isabella, disse que espera uma investigação mais aprofundada sobre as pessoas que estavam no edifício London na noite do crime, ocorrido no último dia 29 de março.

No local estava o tenente da Polícia Militar Fernando Neves Braz, que cometeu suicídio na manhã de ontem após ser acusado de integrar uma rede de pedofilia em São Paulo, fato que deixou a defesa do casal Nardoni "perplexa". "O fato reforça o nosso argumento de ampliação das investigações", disse Levorin. "Todas as pessoas presentes no local do crime deveriam ter sido investigadas", completou.

O tenente Braz comandou a equipe de 30 policiais que fez uma varredura no edifício London, na Vila Isolina Mazzei (zona norte), logo após a menina Isabella Nardoni, 5, ter sido jogada pela janela do sexto andar. Os policiais procuravam um suposto ladrão. Para o advogado dos Nardoni, é importante esclarecer se o suposto envolvimento do tenente com pedofilia interferiu de alguma forma no caso Isabella. "A acusação é muito forte e perplexa. A gente espera que haja uma investigação profunda sobre isso", afirmou Levorin.

Sanguinetti admite divergência com avô de Isabella

CAROLINA FREITAS - Agencia Estado

SÃO PAULO - George Sanguinetti, médico alagoano contratado pela família Nardoni para analisar os laudos periciais do caso Isabella voltou a Alagoas para tranqüilizar seus familiares. Ele reconheceu que teve divergências com Antônio Nardoni, avô de Isabella e responsável por sua contratação. O casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá está preso, acusado pela morte da menina. "Sofri uma pressão muito grande", disse hoje em entrevista à Agência Estado. "Meus filhos estavam com medo do que poderia acontecer comigo em São Paulo."


Sanguinetti garante, no entanto, que na terça-feira volta à capital paulista para continuar as investigações sobre a morte de Isabella. "Não me consta que eu tenha sido dispensado. Quando começo uma luta, vou até o fim." Sobre a divergência com Antônio Nardoni, comentou: "Ele, que é advogado, disse não haver materialidade jurídica em minha suspeita de que a menina foi vítima de violência sexual. Mas eu, que sou da medicina Legal, preciso discutir as lesões na genitália. É uma divergência de especialidades."

De acordo com os laudos oficiais, Isabella foi esganada e jogada do 6º andar do prédio em que moram Alexandre, seu pai, e a mulher dele, Anna Carolina, no dia 29 de março. Eles respondem pelo homicídio e por fraude processual. Desde o início da apuração afirmam ser inocentes. Em entrevista coletiva na última segunda-feira, Sanguinetti sustentou que Isabella não foi esganada. Também levantou a suspeita de que ela teria sofrido abuso sexual, com base em lesões na região genital da garota apontadas nos laudos oficiais. "Não tenho como afastar essa possibilidade. O próprio laudo atesta que o ferimento não foi causado pela queda", disse hoje.



Sanguinetti explica que desistiu de fazer uma verificação no local do crime ontem pela necessidade de reforçar sua equipe antes da reconstituição. Sem revelar em que dia ocorrerá o trabalho, Sanguinetti afirmou que trará a São Paulo um perito criminal, um hematologista e um engenheiro. "O especialista em sangue investigará a questão do perfil genético descrito nos laudos e o engenheiro fará cálculos da velocidade com que o corpo caiu da janela e do impacto com que se chocou contra o chão."



Com contradições, casal perde credibilidade, avalia criminalista

Rosanne D'Agostino - Ultima Instancia - 28 maio 2008

Informações desencontradas apresentadas à Justiça por Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, podem complicá-los no processo a que respondem pela morte da menina Isabella, 5, jogada do 6° andar do edifício em que morava o casal. É o que afirma o criminalista Luiz Flávio Gomes, que também acredita que as contradições podem ter um efeito imediato.

“Eles perdem a credibilidade”, afirma. “No processo, até pequenas contradições podem vir a prejudicar tanto a defesa quanto a acusação, sempre que as partes apresentarem versões desencontradas. Não há dúvida.”

Ainda segundo Gomes, tudo o que os réus afirmam no decorrer da ação penal pode ser utilizado a favor ou contra eles no Tribunal do Júri, em que sete jurados decidem sobre a condenação. “Tudo isso vai ser levado em conta e deverá ser fundamento da Promotoria”, conclui.

Sobre as acusações dos Nardoni sobre suposta pressão da polícia, o especialista considera que “esta foi a primeira oportunidade do casal de falar à Justiça, portanto, a aproveitaram”. Conforme o ex-juiz, “embora eles pudessem ter entrado com uma representação na Corregedoria, falar ao Judiciário é muito mais seguro”.

Depoimentos
Entre momentos de choro, contradições sobre ciúme e acusações contra a polícia, pai e madrasta de Isabella foram interrogados nesta quarta-feira (28/5) pelo juiz Maurício Fossen, no Fórum de Santana (zona norte de São Paulo). Os dois respondem criminalmente pelo homicídio, que ocorreu em 29 de março.

Alexandre e Anna Carolina conversaram pouco antes da sessão. Em celas separadas da carceragem do Fórum de Santana, eles ficaram frente a frente, de onde se viam pelas grades. Nervosa, a madrasta teria sido acalmada por Alexandre.

Os depoimentos tiveram início às 13h52. Primeira a ser ouvida pelo juiz Maurício Fossen, Anna Carolina tomou três horas e meia para relatar sua versão dos fatos. Durante o depoimento, ela chorou por diversas vezes e reafirmou ser inocente. Em seguida, foi a vez de Alexandre falar por duas horas e meia. Ambos ficaram algemados e usavam roupas de presidiários. Por volta das 23h, eles retornaram a presídios em Tremembé, no interior paulista, onde estão presos.

Pressão
Anna Carolina e Alexandre, pela primeira vez, atacaram uma suposta conduta da polícia no dia do crime. A madrasta disse ter sido pressionado na delegacia, logo após o homicídio, pela delegada Renata Pontes, que regeu as investigações, para incriminar o marido.

“A dra. Renata falava: ‘Vou colocar você em uma temporária, você não tem faculdade, o Alexandre tem. Você tem noção do que é cair em uma prisão?’” Ainda segundo Jatobá, a delegada teria questionado se ela não estaria encobrindo Alexandre por amor.

Mais tarde, Alexandre Nardoni também alegou inocência e afirmou estar indignado com o comportamento que a polícia teria adotado na noite em que sua filha morreu.

Nardoni disse ao juiz que, durante aquela madrugada, ele e a mulher foram colocados em salas separadas tão logo chegaram à delegacia para prestar esclarecimentos. “Já me trataram como se eu fosse culpado.”

O pai de Isabella diz ter sido chamado pela delegada de “assassino”, enquanto o outro delegado do caso, Calixto Calil Filho, o teria taxado de “psicopata frio”, no mesmo momento em que chutava uma lixeira e batia na mesa, em tom ameaçador. “Estou indignado até hoje”, afirmou Alexandre.

Outra tese levantada por ambos foi a de que não havia segurança no prédio em que moravam. Segundo Jatobá, houve um desentendimento com o pedreiro, que havia sido contratado para finalizar as obras do local.

Nardoni também se disse indignado com o fato de não terem sido investigadas outras pessoas —ele citou o porteiro, um pedreiro e o zelador, entre outros, e argumentou que a chave do apartamento ficou por quatro meses na portaria do prédio para, depois, permanecer na posse do pedreiro que fazia reforma no local.

Na noite do crime, Alexandre disse que chegou a gritar com o porteiro, que não estava na portaria quando ele desceu para ver o corpo da menina, já caído sobre o jardim. E também reclamou com o zelador, que nunca saía muito tarde, mas naquele dia e horário, estava presente no prédio —Isabella caiu da janela por volta das 23h.

Por sua vez, Anna Jabotá trouxe mais uma novidade à versão apresentada em dois depoimentos anteriores: disse ao juiz que perdeu a chave do apartamento dias antes da tragédia. O marido não comentou se seria verdade.

A madrasta completou dizendo que havia uma entrada escondida abaixo da portaria pela qual prestadores de serviços entravam sem serem percebidos, que a cerca elétrica nunca havia sido ligada e que as entradas e saídas de pessoas nem sempre eram registradas. Alexandre disse ainda que chegou a encostar na cerca naquela noite.

Anna Jatobá ainda acusou o porteiro do prédio de pertencer a uma organização criminosa. Segundo ela, várias pessoas que trabalharam no apartamento do casal participaram de algum crime e não usavam os nomes verdadeiros.

Ensaiados
O promotor do caso, Francisco José Cembranelli, criticou os depoimentos do casal e disse que a intenção "era a de desmoralizar um trabalho feito de maneira decente".

Para ele, ao mesmo tempo em que foram contraditórios, o casal coincidiu em diversos pontos, "em versões que estão bem ensaiadas, até exageradamente".

"Quando eles não sabiam, diziam que não se lembravam sobre vários assuntos. Perguntas foram respondidas além, sem que o juiz perguntasse", afirma. "Isso só conturba ainda mais essas versões."

Ciúme
O relacionamento entre Anna Carolina Jatobá e a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, foi o primeiro ponto de contradição do casal. A madrasta revelou que já sentiu muitos ciúmes da mãe de Isabella, mas ressalvou que amadureceu e as brigas com Alexandre cessaram depois que Pietro nasceu.

Já Alexandre afirmou que o relacionamento entre as duas era normal e que não havia ciúme.

Terceiro suspeito
Outra tese levantada por ambos foi a de que não havia segurança no prédio em que moravam. Segundo Jatobá, houve um desentendimento com o pedreiro, que havia sido contratado para finalizar as obras do local.

Nardoni também se disse indignado com o fato de não terem sido investigadas outras pessoas —ele citou o porteiro, um pedreiro e o zelador, entre outros, e argumentou que a chave do apartamento ficou por quatro meses na portaria do prédio para, depois, permanecer na posse do pedreiro que fazia reforma no local.

Na noite do crime, Alexandre disse que chegou a gritar com o porteiro, que não estava na portaria quando ele desceu para ver o corpo da menina, já caído sobre o jardim. E também reclamou com o zelador, que nunca saía muito tarde, mas naquele dia e horário, estava presente no prédio —Isabella caiu da janela por volta das 23h.

Por sua vez, Anna Jabotá trouxe mais uma novidade à versão apresentada em dois depoimentos anteriores: disse ao juiz que perdeu a chave do apartamento dias antes da tragédia. O marido não comentou se seria verdade.

A madrasta completou dizendo que havia uma entrada escondida abaixo da portaria pela qual prestadores de serviços entravam sem serem percebidos, que a cerca elétrica nunca havia sido ligada e que as entradas e saídas de pessoas nem sempre eram registradas. Alexandre disse ainda que chegou a encostar na cerca naquela noite.

Amor por Isabella
Anna Carolina descreveu com detalhes todos os acontecimentos desde a sexta-feira anterior ao homicídio até a queda da menina. Segundo ela, Isabella estava feliz e brincou com os irmãos. “Se a mãe dela achasse que havia algum maltrato, não deixaria que ela nos visitasse”, afirmou.

Nos últimos minutos em que a madrasta respondeu a perguntas feitas pela defesa, ela chorou todas as vezes em que falou de Isabella. “Tudo era do jeitinho que ela queria. Ela teve o quarto que ela sonhava”, disse Jatobá.

Dia do crime
Ainda conforme a madrasta, ninguém discutiu no caminho do supermercado para a casa. Ela fez questão de ressaltar que não havia sangue no carro, mesmo sem que o juiz lhe questionassse sobre isso.

Quando chegaram ao prédio, na zona norte, ela afirma que Alexandre subiu primeiro com Isabella e, enquanto esperava no carro, entrou uma pick-up com um som alto. Em seguida, Alexandre desceu e eles voltaram a subir juntos. Na entrada, Nardoni tirou a chave do bolso para abrir a porta.

Neste momento, Jatobá afirma que Alexandre perguntou onde estava Isabella. “Deve ter caído da cama”, disse a madrasta. Foi então que eles começaram a procurar por ela. Alexandre foi em direção à janela com o protetor cortado e a madrasta afirma ter visto uma gota de sangue na cama de Pietro, filho mais velho do casal. Desesperados, ambos afirmam terem descido juntos do elevador para encontrar Isabella no jardim.

Alexandre Nardoni contou quase a mesma versão que Anna Carolina, mas acrescentou que, além de sangue na cama, também viu manchas no chão do quarto dos meninos (o casal têm dois filhos) e no protetor de tela cortado que estava na janela. Além disso, voltou a negar que a porta do apartamento tivesse sido arrombada.

Próximos passos
A Justiça agora deve ouvir as testemunhas de acusação. De acordo com a assessoria de imprensa do TJ, são 18 testemunhas, com interrogatórios marcados para os dias 17 e 18 de junho.

Os advogados do casal saíram do fórum sem falar com a imprensa. Desde o segundo decreto de prisão, preventiva, foram três as tentativas para libertar o casal. Foram negadas liminares no TJ-SP e no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ontem, a 5ª Turma do tribunal superior também negou o mérito do pedido, por unanimidade, sob um fundamento processual.

Agora, os advogados dos Nardoni mudaram a estratégia e, ao invés de recorrer diretamente ao Supremo, irão aguardar o julgamento do mérito no TJ, que deve ocorrer somente após o dia 4 de junho, quando o desembargador relator, Canguçu de Almeida, retorna da licença-prêmio.





Polícia
Domingo, 25 de maio de 2008, 13h09 Atualizada às 13h52
Encomendas de Nardoni são barradas em presídio
Marcelo Pedroso Direto de Tremembé


Agentes penitenciários da P-2 de Tremembé (Penitenciária Dr. José César Augusto César Salgado) impediram a entrega de parte de pertences e mantimentos trazidos pelos pais de Alexandre Nardoni ao filho, que está preso na unidade. Alexandre é acusado pela morte de sua filha, Isabella Nardoni.
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O advogado Antonio Nardoni e sua mulher chegaram por volta das 10h40 à penitenciária com duas bolsas cheias, mas alguns objetos foram barrados por conta de excesso de peso. Esta foi a primeira vez que a mãe de Alexandre foi visitar o filho. Ela chegou à unidade com a cabeça coberta por uma blusa.

No período da tarde está prevista a visita dos pais de Anna Carolina Jatobá na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, também em Tremembé.

Isabella Nardoni, 5 anos, foi encontrada ferida no dia 29 de março no jardim do prédio onde moram o pai Alexandre Nardoni e a madrasta Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo. Segundo os Bombeiros, a menina chegou a ser socorrida e levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu por volta da 0h.

O inquérito policial apontou que ela foi agredida, asfixiada e jogada do sexto andar do edifício. No dia 18 de abril, Alexandre e Anna Carolina foram indiciados por homicídio doloso, triplamente qualificado. No dia 6 de maio, o promotor Francisco Cembranelli denunciou e pediu a prisão preventiva do casal, aceita pela Justiça. Alexandre está preso na Penitenciária Dr. José Augusto Salgado (P-2), em Tremembé (SP), e Anna Carolina, na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, também em Tremembé.





Perito Sanguineti contesta informações de laudo do caso Isabella do Agora 22/05/2008 - 10h18

O perito da defesa de Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, acusados de terem matado Isabella Nardoni, 5, disse que o corpo da criança não apresentou sinais de que ela tenha sido esganada ou sofrido qualquer tipo de violência antes de ser jogada do sexto andar do prédio onde o pai e a madrasta dela viviam.

Para o legista George Sanguinetti, que passou a atuar no caso a convite dos advogados dos réus, todos os ferimentos e lesões apresentadas pela criança foram causadas durante a queda ou em virtude do impacto do corpo em uma planta ou no gramado do edifício do casal.

Sanguinetti afirma ter estudado por nove dias os laudos oficiais do caso e diz que eles contêm uma "descrição fantasiosa" sobre as ações que resultaram na morte da menina. O casal nega o crime.

O legista disse ontem que analisou o exame necroscópico de Isabella e disse que "não há sinais de esganadura nas partes internas e externas do corpo".

Para ele, Isabella não foi vítima de violência no carro ou no apartamento da família antes de ser arremessada. Ele diz que o corte de 5 mm na testa da menina foi provocado após ela ter sido arremessada pela janela.

A versão da polícia de que Isabella sangrou após ter sido agredida no carro ou no apartamento também é contestada por Sanguinetti. "Como ela estava sangrando se não há nenhum material ou marca [de sangue] na blusa que estava vestindo?" No entanto, laudos obtidos pela reportagem apontam a presença de sangue na roupa. Ele também rebate a alegação de que Isabella vomitou após ter sido asfixiada.

Sanguinetti criticou o fato de a polícia não ter examinado as unhas dos réus na noite do crime. "A boa polícia técnica teria colhido material debaixo das unhas de quem estava presente na cena, para verificar se nelas havia epiderme [camada da pele] ou algum resíduo do pescoço de Isabella", disse.

Outro lado

A Polícia Técnico-Científica informou que não vai rebater as críticas do perito e que só irá se manifestar a pedido da Justiça.

No relatório final do caso Isabella, a delegada Renata Pontes afirma que a vítima apresentava sinais que indicam asfixia como cor azulada da face e das mucosas da boca, orelhas e pontas dos dedos.

O documento também relata que Isabella foi vítima de agressões antes de ter sido arremessada. "Fratura da cabeça do rádio (punho direito), impactada, a qual indica que a pessoa encontrava-se consciente quando a sofreu, depreendendo-se que não resultou da queda da vítima", diz o texto do relatório.

Um dos laudos do inquérito aponta que a amostra de sangue colhida na camiseta da vítima coincidiu com o perfil genético do sangue de Isabella.





O sorriso de Isabella assombra o Brasil

Jean-Pierre Langellier - LE MONDE - PARIS. 15/05/2008

Uma boneca grande como uma criança está pendurada da janela de um edifício em São Paulo, na ponta de um fio mantido por um policial. Em uma sacada vizinha, outro policial filma a cena. Um pouco mais tarde, o pequeno manequim articulado se encontra sobre o gramado seis andares abaixo, no lugar exato onde a criança que ele representa, Isabella, 5 anos, caiu na noite de 29 de março, pouco antes de morrer.

No dia 27 de abril, domingo, milhões de brasileiros ficaram colados a seus televisores para acompanhar a reconstituição do drama. Ela duraria sete horas. A fim de poder trabalhar tranqüilamente, a polícia recorreu a grandes medidas. Cercou o quarteirão. Atiradores de elite vigiavam ao redor. O espaço aéreo foi interditado em um diâmetro de 3 quilômetros para impedir o vôo dos helicópteros da mídia. Barreiras de segurança mantiveram à distância uma centena de curiosos, alguns dos quais clamavam por vingança. Cerca de 20 membros de uma seita religiosa distribuíram folhetos ornados com a foto de Isabella e que condenavam seus assassinos à "justiça de Deus".

Pois trata-se de um assassinato, e sem dúvida o pior que se possa imaginar; segundo os investigadores, Isabella foi morta por seus pais. Sua madrasta, Anna Carolina Jatobá, 24 anos, a agrediu e estrangulou, e depois seu pai, Alexandre Nardoni, 29 anos, a atirou, ainda viva, do sexto andar.


Isabella Nardoni, 5, morta em São Paulo, e sua mãe, Ana Carolina Oliveira

A notícias desse infanticídio provocou uma verdadeira comoção social em um país que bate recordes de violência, com 50 mil homicídios por ano. Há várias semanas o Brasil parece assombrado pelo sorriso de Isabella, como a Inglaterra foi há um ano pelo da pequena Madeleine McCann, desaparecida em Portugal sem que se tenha encontrado até hoje sua pista. O interesse do público por esse caso, e sua repulsa, não parou de crescer por um motivo simples: o casal clama sua inocência, apesar dos diversos indícios que os apontam como culpados.

É inútil entrar nos detalhes da investigação. Basta saber que na noite da morte de Isabella o casal chegou tarde em casa de carro, com a menina e seus dois meio-irmãos, muito pequenos. Na garagem, a madrasta agride Isabella. Dois vizinhos ouvem um dos meninos gritar: "Papai, papai, faça-a parar!" Segundo o relatório do Ministério Público, o pai é o primeiro a subir ao apartamento, levando nos braços a filha, sem dúvida inconsciente, e com um ferimento sangrando. Ao chegar a um quarto, ele corta com uma tesoura a rede de segurança da janela e atira a criança.

A versão do pai é inverossímil. Ele pretende que o crime foi cometido por um intruso que entrou no quarto de Isabella durante os poucos minutos em que ele teria voltado à garagem. Diversas testemunhas afirmam que o casal muitas vezes se mostrou brigão e violento. Anna Carolina tinha o hábito de gritar, xingar e atirar objetos pelo apartamento.

Se, além da negação declarada pelos acusados, esse fato sanguinolento provoca tanta emoção popular é primeiro porque seus protagonistas pertencem a uma família de classe média, com a qual muitos brasileiros podem facilmente se identificar. É também porque o respeito à presunção de inocência e a habilidade dos advogados do casal permitiram que ele continuasse em liberdade por seis semanas -antes de ser finalmente encarcerado em 8 de maio- e desse uma longa entrevista a um programa de televisão de grande audiência.

Aí está o último fermento da comoção pública. A mídia manteve um clima de frenesi em torno do acontecimento. Para cobri-lo, a Rede Globo, a mais poderosa do país, mobilizou permanentemente 15 equipes de repórteres e câmeras, três veículos de transmissão ao vivo e um helicóptero. O próprio presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, se preocupou com a midiatização, no seu entender excessiva. Pedindo prudência, Lula lamentou que o casal "tenha sido declarado culpado" antes de ser julgado.

No Brasil, segundo os números do Ministério da Saúde, uma criança de menos de 14 anos é assassinada a cada dez horas. Uma parte desses crimes ocorre no contexto familiar. Segundo estimativas do laboratório de estudos sobre a infância da Universidade de São Paulo (Lacri), menos de 10% dos casos de violência física e psicológica chegam ao conhecimento das autoridades.

O caso Isabella permite que os brasileiros reflitam sobre as causas dessa violência e os meios de reduzi-la. Além das considerações gerais (pobreza, falta de educação, distúrbios familiares), os especialistas do Lacri lembram que a violência contra as crianças faz parte da cultura brasileira. O castigo corporal continua sendo para muitos pais um método pedagógico eficaz e legítimo. A duração da escravidão no Brasil -mais de três séculos- e o caráter tardio de sua abolição (1888) influíram na persistência desse preconceito.

Hoje o esforço se concentra na prevenção. Um "número verde" permite que qualquer pessoa indique anonimamente por telefone as agressões contra crianças que tenha presenciado. Em 2007 foram recebidas cerca de 2 mil denúncias desse tipo. Em 29 de março vários vizinhos da família de Isabella ligaram para o número de emergência. Mas era tarde demais. A menina acabara de morrer.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Visite o site do Le Monde



ANA CAROLINA

REVISTA ÉPOCA - 17 Maio 2008

A mãe guarda alguns objetos da filha Isabella, como os primeiros sapatinhos. Roupas e brinquedos serão doados para instituições de caridade
É a própria Ana Carolina de Oliveira que vem me atender, à porta da casa, na manhã ensolarada de quinta-feira. Por um comprido corredor lateral, entro no sobrado de paredes bege, na estreita e tranqüila Rua José de Almeida, na Vila Gustavo, bairro de classe média da zona norte de São Paulo. Sobre uma mesinha no corredor, ao lado de um pequeno quadro de Maria com o Menino Jesus, descansa enrolada em terços uma imagem de Santo Expedito, o padroeiro das causas urgentes. Ana Carolina – ou Carol, como a chamam os amigos e parentes – é uma mulher de 1,53 metro, esbelta e muito bonita, mesmo sem maquiagem ou adorno. Os cabelos pretos e ondulados, cortados curtos, emolduram seu rosto de traços delicados, marcado por olheiras profundas. Ela veste uma camiseta branca e uma calça de moletom azul-escuro. Gentil, a mãe de Isabella – a menina brutalmente assassinada em 29 de março, dias antes de completar 6 anos, crime pelo qual foram acusados e presos Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina – pede-me que espere um pouco.

A voz alegre da menina que pedia para ligar a TV e ver desenhos animados não ecoa mais na casa – onde ela morava desde que nasceu –, mas Isabella está presente em todos os cantos. Na sala, sobre um aparador, há vários retratos dela com a mãe, os tios, os primos, os avós maternos e a melhor amiga, a prima Giovanna, sobrinha de Carol que tem quase a mesma idade de Isabella. No primeiro degrau da escada que dá para os quartos repousa uma bolsinha roxa e cor-de-rosa, com os apetrechos das bonecas de Isabella. Ao lado, estão empilhados seus álbuns de fotografias. Entre os objetos espalhados pela sala, há uma almofada com retratos de Isabella, um dos muitos presentes que Carol recebeu de desconhecidos no Dia das Mães. Carol ajeita-se em um confortável sofá marrom e começa a falar. O semblante é de dor, mas a voz é firme e pausada. Impressiona pela serenidade.

A tragédia fez de Carol uma figura nacional. A mãe de Isabella é reconhecida por onde anda. Alguns apenas a apontam. Outros querem abraçá-la. Logo depois da morte da menina, Carol preferiu o recolhimento e o silêncio. Alguns interpretaram essa atitude, erroneamente, como frieza. Na verdade, ela diz que precisava desse tempo – precisava entender o que estava acontecendo. “Foi a minha filha que morreu”, diz, lembrando o que muitos parecem ter esquecido.




Advogado do casal Nardoni diz que ficou surpreso com rapidez do STJ ao negar liminar
da Folha Online 17/05/2008 - 10h39

O advogado Rogério Neres de Souza disse neste sábado que ficou surpreso com a rapidez do STJ (Superior Tribunal de Justiça) em analisar o recurso que pedia a liberdade do casal Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, pai e madrasta da menina Isabella, morta no dia 29 de março. A defesa protocolou o pedido no STJ ontem à tarde e, à noite, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho indeferiu o pedido.

"Independente de [o pedido] ter sido negado, ficamos surpresos com a rapidez que foi proferida a decisão", afirmou Neres de Souza, um dos defensores do casal.

Ao negar o pedido, o ministro entendeu que a decisão do desembargador Caio Canguçu de Almeida, do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo, foi correta e que não pode ser considerada teratológica. "Ou seja, das que afrontam o senso jurídico comum, agridem o sentimento social de justiça, dissentem de posições jurídicas consolidadas na jurisprudência dos tribunais e na doutrina jurídica", segundo o despacho do relator.

Segundo Neres de Sousa, os advogados se reúnem neste fim de semana para definir qual será a estratégia da defesa. Eles devem definir se entram com novo habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) ou se aguardam o julgamento do recurso no STJ. "Ainda temos uma chance [no STJ]", afirmou Neres de Souza.

Ainda não há data para que o julgamento do mérito do pedido de liberdade até o júri do casal, segundo o STJ.

Pedido

A defesa de Alexandre e Anna Carolina pretende conseguir com o habeas-corpus não só a liberdade do casal como a anulação da denúncia recebida pela Justiça de São Paulo, de acordo com o STJ.

Segundo Marco Polo Levorin --um dos defensores do casal-- não há requisitos necessários para a instauração da prisão preventiva do casal.

De acordo com a defesa, o casal nunca teria obstruído a produção de provas, não teria coagido testemunhas, não teria impedido ou dificultado a realização de qualquer prova, não teria fugido. Alega que várias provas foram colhidas quando Alexandre e Anna Carolina estavam em liberdade. Além de que ambos são primários, não têm antecedentes criminais, compareceram ao juízo para depor e têm residência fixa. Para a defesa, a prisão preventiva somente poderia ter sido decretada para resguardar a apuração do processo.

No Tribunal de Justiça de São Paulo, foi apreciado e negado o pedido de liminar em habeas-corpus apresentado pela defesa do casal. A decisão entendeu que, para a concessão da liminar, seria preciso que se evidenciasse uma intolerável injustiça.

Alexandre está preso no Centro de Detenção Provisória 2 em Guarulhos (Grande São Paulo) e Anna Carolina está presa na Penitenciária Feminina de Tremembé (138 km a nordeste).

Justiça nega pedido e mantém presos pai e madrasta de Isabellada Folha Online

Atualizado às 16h15

O desembargador Caio Canguçu de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá e decidiu que o casal --pai e madrasta da menina Isabella -- deve permanecer preso.

Para o promotor Francisco Cembranelli, Isabella, 5, foi asfixiada pela madrasta e jogada do apartamento do casal --no sexto andar do edifício London (zona norte de São Paulo)-- pelo pai. O crime ocorreu em 29 de março.

03.abr.08/Folha Imagem

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta de Isabella, acusados pelo assassinato da menina
Nardoni e Anna Carolina estão presos desde a última quarta-feira (7), quando foi decretada a prisão preventiva do casal. O pai, que estava na carceragem do 13º DP (Casa Verde), foi transferido para o CDP de Guarulhos; a madrasta permanece na penitenciária de Tremembé (147 km de São Paulo).

O pedido de liberdade foi protocolado na sexta-feira pelos advogados do casal. Na semana passada, a defesa de Alexandre e de Anna Carolina já havia informado que, caso sofresse derrota na Justiça paulista, recorreria a instâncias superiores.

Foi Canguçu quem decidiu pela libertação do casal quando eles foram presos temporariamente. O juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri de Santana, havia determinado a prisão do casal. No dia 11 de abril, o desembargador concedeu o habeas corpus em caráter liminar (provisório) que soltou Alexandre e Anna Carolina. À época ele afirmou que os argumentos para manter os dois presos eram insuficientes.

Alexandre e Anna Carolina negam o crime. Eles afirmam que Isabella foi morta por uma terceira pessoa --assaltante ou desafeto-- que invadiu o apartamento.

Decisão

Em sua decisão, em caráter liminar, o desembargador afirma que a tese da acusação de homicídio e alteração na cena do crime é "efetivamente possível". Ele avalia haver indícios "inequívocos" de autoria e prova de materialidade. Leia a íntegra da decisão

"Vale dizer, pois, em face do caso concreto de que aqui se cuida, que a concessão de liminar, para o fim de restabelecer a liberdade dos pacientes presos preventivamente por força de decisão judicial largamente fundamentada e que diz respeito a crime gravíssimo praticado com características extremamente chocantes, e onde, após toda a prova colhida, sobressaem inequívoco reconhecimento de indícios de autoria e prova da materialidade da infração, tal concessão liminar, repita-se, apenas se justificaria se ao julgador fosse dado visualizar, de pronto, de forma clara, até gritante, que, hoje, não se fazem presentes os pressupostos autorizadores dela", diz um trecho do despacho.






Se optar por decisão técnica, TJ pode conceder habeas corpus a casal Nardoni


Rosanne D'Agostino - Ultima Instancia - 12/05/08

Se depender de uma decisão técnica do desembargador Caio Canguçu de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo, o habeas corpus em favor de Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, tem grandes chances de ser aceito. Por outro lado, há hipóteses em que o chamado clamor público justifica uma detenção antes da condenação dos réus.

É o que afirmam especialistas em direito criminal ouvidos por Última Instância sobre a comoção nacional que envolveu a morte da menina Isabella Nardoni, jogada da janela do 6º andar em que moravam seu pai e a madrasta, na zona norte de São Paulo.

O casal é réu em processo pelo homicídio triplamente qualificado e teve a prisão preventiva decretada na última quarta-feira (7/5) pelo juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana. Contra a decisão, a defesa entrou com habeas corpus, que pode ser decidido nesta terça (13/5), na qual critica um entendimento que os advogados consideram “emocional” por parte do magistrado.

ENTENDA todas as acusações (AQUI)

Segundo Fossen, a prisão dos Nardoni é válida não somente “como medida necessária à conveniência da instrução criminal mas também para garantir a ordem pública, com o objetivo de tentar restabelecer o abalo gerado ao equilíbrio social por conta da gravidade e brutalidade com que o crime descrito na denúncia foi praticado e, com isso, acautelar os pilares da credibilidade e do prestígio sobre os quais se assenta a Justiça que, do contrário, poderiam ficar sensivelmente abalados”. Leia a ÍNTEGRA (AQUI)

“O juiz decidiu sob o ponto de vista emocional, abalado pela comoção e pela própria cobrança exagerada da imprensa”, contestou o avô paterno de Isabella, Antonio Nardoni. No habeas corpus, a defesa alega que a decretação da prisão não obedeceu aos pré-requisitos necessários e que não houve mudança, ou seja, fato novo que justificasse a nova detenção.

Polêmica
Segundo os especialistas, a jurisprudência dos tribunais superiores atualmente vai no sentido de que uma prisão não se justifica apenas pelo clamor público. Mas ainda há muitas dúvidas sobre a questão.

“É pelo menos discutível”, adianta o juiz Marcelo Semer, ex-presidente da AJD (Associação Juízes para a Democracia). Segundo ele, há dúvidas na doutrina e na jurisprudência acerca do que justificaria uma prisão cautelar, que pode ocorrer para garantir que o processo corra tranqüilamente (evitar a perturbação de provas, por exemplo) ou até para garantir a execução da pena (evitar a fuga dos acusados).

“Mas há várias decisões que entendem que ‘garantia da ordem pública’ se vincula à gravidade do caso, ou seja, para evitar cometimento de outros crimes graves”, diz Semer.

Nesse contexto, o criminalista Luiz Flávio Gomes detalha a diferença entre dois termos considerados complexos no direito penal: “clamor público” e “garantia da ordem pública”. Enquanto o primeiro reflete a vontade da população sobre um fato que gerou uma grande comoção social, o segundo termo, usado pelo juiz Maurício Fossen, é mais vago.

“No caso da garantia da ordem pública, cada autor dá a sua interpretação, que pode ser ampla. Fundamentalmente, trata-se de um sujeito perigoso que deve ser preso”, explica.

A idéia de "clamor público", segundo Semer, pode representar ainda na literatura processual penal uma hipótese de prisão em benefício dos próprios acusados, ou seja, “prende-se para evitar um linchamento ou uma reação desmedida da população”.

Mas o juiz ressalva que “os tribunais superiores estão seguidamente afastando as prisões cautelares que não tenham natureza cautelar, ou seja, que não cumpram os dois requisitos anteriores, justamente pelo vazio que significa a expressão ‘garantia da ordem pública’”.

Para Luiz Flávio Gomes, nenhuma prisão se justifica pela vontade da população ou pela intranqüilidade e comoção que um fato gera na sociedade. “Eles [Alexandre e Anna Carolina] não têm antecedentes criminais, nunca mataram ninguém e não há prova concreta de qualquer tipo de ameaça a terceiros, portanto, devem ser soltos”, afirma.

O mesmo defende o criminalista Denivaldo Barni, que já enfrentou situação semelhante ao defender a estudante Suzane von Richthofen, condenada a mais de 30 anos de prisão pela morte dos próprios pais, Manfred e Marísia. O crime ocorreu em 2002.

“Eles já estavam praticamente em prisão domiciliar, não saíram de casa, não se expuseram e não deram nenhum motivo para essa prisão”, completou.

E Semer finaliza: “Não dá para comentar especificamente a decisão do colega, mas posso dizer abstratamente que: decisão de juiz singular no júri deve ter limites para não influenciar jurados. Não pode haver excesso de fundamentação que contamine o conselho de sentença, no sentido de demonstrar a gravidade da conduta ou a personalidade dos acusados, já que tudo isso será, em tese, objeto de julgamento pelo júri”.

Próximos passos
Canguçu de Almeida é o mesmo desembargador que, no último dia 9 de abril, concedeu liberdade ao casal. Caso o pedido seja negado, a defesa pode ainda recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O interrogatório dos réus está marcado para o próximo dia 28 de maio no Fórum de Santana. Depois, o juiz ouve testemunhas de acusação e defesa. Por fim, as partes apresentam suas alegações finais no processo e o juiz decide se pronuncia o casal, ou seja, se eles serão submetidos a júri popular, como ocorre em casos de homicídio.



'Agora, a Justiça foi feita', desabafa mãe de Isabella

Foi a primeira vez desde a morte da menina que a Ana Carolina falou à imprensa
Carina Flosi, de O Estado de S. Paulo 9 Maio 2008

SÃO PAULO - Ana Carolina Oliveira, 24 anos, mãe de Isabella Nardoni, desabafou nesta sexta-feira, 9, pela primeira vez após a prisão do pai e da madrasta de sua filha, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Em uma breve entrevista na porta de sua casa, na Vila Medeiros, na zona norte, a bancária que tinha acabado de chegar em um táxi, vinda do Rio de Janeiro, revelou acreditar que o casal assassinou Isabella. Além disso, afirmou que, agora, "a Justiça foi feita".


Íntegra da entrevista


Qual é a sua opinião sobre a prisão do casal?

Vou viajar, só volto no domingo de manhã. Minha opinião depois da prisão é que a Justiça foi feita. Começou a ser feita e eu estou confiando.

Para você é mais difícil saber que o próprio pai dela é o acusado de ter matado a filha de vocês?

Com certeza. Bem mais difícil.

E o que você espera a partir de agora?
A Justiça. É a única coisa que me resta esperar agora.

Desde o começo você imaginava que eles pudessem ser os autores do crime?
Esperava que não fossem eles. Mas agora acredito. Não tem jeito.

Durante as investigações, muito foi falado sobre o ciúmes que Ana Jatobá sentia por você. Você tinha noção de que esse ciúmes pudesse chegar a esse ponto?
A essa proporção não.

Como será o Dia das Mães?
Eu acho que depois de sete anos esse será um dos dias mais difíceis para mim.

O que você achou das presas do Carandiru, já que lá há muitas mães, terem prestado essa homenagem a você? Nossa. Eu não tenho explicação para isso. Fiquei surpresa e prefiro até não comentar. É muito difícil. O caso ganhou muita repercussão.

Você esperava que a morte da Isabella chocasse o País dessa maneira?
Não imaginava, e nem consigo mensurar. Mas estamos aí, está todo mundo batalhando, lutando e vamos continuar. Eu estou confiante de que a Justiça vai ser feita.

Você acha, então, que a Justiça começou a ser feita com a prisão deles?
Exatamente.

E se a Justiça decidir soltá-los novamente?
Isso eu prefiro não responder até mesmo porque eu nem sei....Não quero comentar sobre isso, nem sobre as investigações.

Você acompanhou a entrevista deles na televisão? O que achou?
Eu vi, mas também prefiro não comentar. Agora eu peço desculpas, espero ter ajudado vocês de alguma forma, mas realmente está muito difícil.


Justiça recebe a denúncia e decreta a prisão preventiva de pai e madrasta


Ultima Instância - 07 - 05 - 2008 - Rosanne D'Agostino

O juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, recebeu denúncia do Ministério Público de São Paulo e decretou a prisão preventiva do casal Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, pai e madrasta da menina Isabella, jogada do 6º andar do prédio em que o casal morava, na zona norte da capital paulista.

Agora, Alexandre e Anna Carolina tornam-se réus e devem permanecer em prisão preventiva até o julgamento. Isso deve acelerar o andamento processo, já que há prioridade nos casos em que os réus estão presos.

ENTENDA todas as acusações (AQUI)

Dois policiais já estão na casa dos pais de Anna Carolina, em Guarulhos, para cumprir a prisão. De lá, o casal deve ser encaminhado ao IML e depois Alexandre deve ser levado ao 13º Distrito de Polícia, na Casa Verde, onde existe cela especial para presos com diploma superior, e Anna Carolina deve ir para a Penitenciária Feminina do Carandirú.

Mais cedo, ao sair do Fórum de Santana, o advogado Rogério Neres afirmou que se a prisão fosse decretada, o casal se apresentaria espontaneamente à Justiça, “assim como fizeram durante todo o rumo das investigações”. Ele adiantou também que entraria com habeas corpus, caso os dois fossem presos novamente.

Denúncia
O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia nesta terça-feira (6/5) contra o casal por dois crimes: homicídio com três qualificadoras —por asfixia mecânica (meio cruel), uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima (Isabella estava inconsciente no momento da queda) e com o intuito de garantir a impunidade de delito anterior (o próprio assassinato da menina), além de agravantes; e por fraude processual (manipular a cena do crime com o intuito de enganar a Justiça). A pena vai de 12 a 30 anos de prisão.

Para o promotor Francisco Cembranelli, que acompanha o caso desde o início do inquérito instaurado pela polícia, a prisão está justificada, não somente pelo clamor público ocasionado por um delito dessa gravidade, como também pela manipulação que o casal teria feito dos fatos e da percepção das pessoas sobre toda a situação, "tudo por meio de imprensa televisionada de grande alcance".

O advogado do casal, Marco Polo Levorin, afirmou que a denúncia é superficial, que ainda não apresentou suas provas e que a defesa sai "fortalecida" após o término do inquérito. Questionou ainda a falta de uma motivação para o crime.

Motivos
O promotor afirmou que o relacionamento entre Alexandre e Anna Carolina era caracterizado "por freqüentes e acirradas discussões, motivadas principalmente por forte ciúme nutrido pela madrasta em relação a mãe biológica da criança”. Ambos têm, na visão do Ministério Público, um perfil agressivo, demonstrado por relatos sobre brigas e até outras situações envolvendo os filhos.

Naquela noite, Cembranelli diz que há indícios suficientes para se afirmar que ocorreu uma forte discussão e, depois disso, a menina foi agredida com um instrumento contundente. Não se sabe ao certo o motivo. Na seqüência, Anna Carolina apertou o pescoço de Isabella com as mãos, ocasionando uma esganadura, e Alexandre, "incumbido do dever legal de agir para socorrer a própria filha, omitiu-se".

Isabella, ainda desfalecida, foi então jogada pela tela de proteção da janela cortada por Alexandre minutos antes. Enquanto isso, além de concorrer para que este crime ocorresse, Anna Carolina Jatobá alterava o apartamento com o intuito de encobrir o que haviam feito, apagando marcas de sangue, mudando objetos de lugar e lavando peças de roupa.

“Isabella foi jogada ainda com vida. A intenção do casal foi a de dar uma solução a um problema que haviam arranjado, as agressões que haviam feito contra a menina”, afirma o promotor.

Ainda segundo ele, Alexandre utilizou-se de meio cruel para assassinar a própria filha, pois, além de sofrer asfixia e outros ferimentos, ela teria sido jogada ainda com vida. O pai de Isabella teve a conduta considerada mais grave pela denúncia, por ter cometido o crime contra um descendente.

Por fim, o casal é acusado por simular que um ladrão havia invadido o apartamento da família e lançado Isabella da janela. Isso porque, após a queda, Alexandre, já no térreo “preocupava-se em mostrar a todos que havia um invasor no prédio”, diz a denúncia. Pouco depois, Anna Carolina desceu e ofendeu o porteiro, sugerindo falta de segurança no condomínio. "Tudo isso com o intuito de manipular a Justiça", considera Cembranelli.

“Trabalhamos com fatos. Temos provas do desentendimento acalorado entre o casal, da agressão contra a menina e de todas as tentativas para esconder o homicídio”, conclui o promotor. “Não há mentores. Ambos cometeram o crime”, completou.

Prisão
O juiz Maurício Fossen já havia decretado a prisão temporária de Alexandre e Anna Carolina no último dia 3 de abril, para preservar as investigações.

Oito dias depois, eles conseguiram liminar em habeas corpus do desembargador Caio Eduardo Canguçu de Almeida, que entendeu não haver, até aquele momento, indícios consistentes de que eles cometeram o crime, além de provas de que pudessem atrapalhar o trabalho da polícia.




Termina reconstituição da morte de Isabella Nardoni
Da Folha Online 27/04/2008 - 17h28

Terminou por volta das 17h15 de hoje a reconstituição da morte de Isabella Nardoni, 5, assassinada há quase um mês ao ser lançada do 6º andar do edifício London, na zona norte de São Paulo.

Moradores de um prédio vizinho ao apartamento onde a menina morava participaram da reconstituição. Os peritos foram até o quarto andar do edifício localizado ao lado do London e realizaram testes de som.

Eles também analisaram mapas que seriam do edifício. Durante a permanência dos peritos, a janela foi aberta e fechada algumas vezes.

Depoimentos colhidos pela Polícia Civil durante as investigações relatam que vizinhos teriam ouvido barulho de discussões de Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, pai e madrasta da garota. Os dois são apontados como suspeitos pelo crime. Eles negam.

Do apartamento vizinho é possível avistar a janela do quarto ocupado pelo casal. Depois de saírem do prédio, os peritos foram até o edifício London. Um casal de vizinhos foi até a boneca que simula a garota e repetiram os gestos que fizeram no dia da morte de Isabella. Eles colocaram as mãos no pescoço --dando a entender que estavam checando se a garota estava com pulsação-- e relataram o que disseram e para onde foram.

Boneca

Um homem --com peso e tamanho compatíveis com o de Alexandre Nardoni, pai de Isabella-- passou uma boneca pela tela de proteção do quarto dos irmãos da menina. Em seguida, ele soltou a boneca --que não caiu porque estava presa a cordas. A simulação chocou os jornalistas que acompanhavam a reconstituição.

Para fazer a cena, o homem primeiro passou as pernas da boneca, depois o corpo e, em seguida, soltou primeiro a mão esquerda e depois a direita. A boneca teria peso e tamanhos iguais ao de Isabella.

A tela de proteção usada na reconstituição não é a original, que foi retirada para análise. Para fazer a simulação, a perícia usou a tela que estava no quarto de Isabella e colocou no quarto dos irmãos --de onde o corpo foi jogado.

Após jogar a boneca, os peritos fizeram marcas na parede externa do prédio --que representariam o rastro deixado pelo corpo antes de chegar ao chão. De acordo com informações de policiais, a boneca não foi jogada pela janela devido ao alto custo --teria custado cerca de R$ 2.000.

Perícia

Os principais suspeitos do caso --Alexandre Nardoni, pai da menina, e Anna Carolina Jatobá, a madrasta--, não compareceram à reconstituição, diminuindo a duração dos trabalhos --a previsão inicial era que a simulação durasse até dez horas.

Segundo a polícia, as agressões à menina começaram no carro. A madrasta a asfixiou e o pai a soltou da janela, depois de segurá-la pelos pulsos do lado de fora da janela do sexto andar.

Já o casal diz que alguém invadiu o apartamento e jogou a menina pela janela.


Promotor diz que assassino escolheu jogar Isabella em gramado

FLÁVIO FERREIRA - Agora - 25/04/2008 - 08h27

O promotor Francisco José Taddei Cembranelli, responsável pelo caso Isabella, disse ontem que o assassino da menina desejou que ela não se machucasse muito após ser jogada do sexto andar e, por isso, escolheu lançá-la do quarto dos irmãos da menina --com isso ela caiu no gramado e não em uma calçada de granito do prédio.

Cembranelli afirmou que já há no inquérito provas de que Alexandre Nardoni e Anna Jatobá estavam no apartamento do casal no momento em que o crime ocorreu.

As afirmações foram feitas em entrevista no final da tarde de ontem (24), após reunião de três horas e meia com a delegada-assistente Renata Pontes, que investiga o caso.

Isabella foi jogada do quarto dos irmãos, e não do próprio quarto dela --onde teria sido deixada dormindo, segundo a versão de Nardoni.

"Ela [Isabella] foi arremessada do outro quarto porque os danos físicos seriam bem menores. Se ela fosse jogada do quarto dela, os danos seriam muito maiores. Ela cairia direto no granito. E no outro quarto ela acabou caindo em cima da grama. Se fosse um monstro [o autor do crime], como dizem os indiciados, certamente ele não se preocuparia com isso. Ele a arremessaria de qualquer lugar e de qualquer jeito", afirmou.

"Isabella foi cuidadosamente introduzida pelo buraco, foi segurada por um certo tempo pelas mãos e aí, delicadamente --se é que se pode usar essa palavra--, soltaram suas mãos e ela despencou no vazio", disse.

Na entrevista, o promotor também deixou clara sua convicção de que o casal teve envolvimento na morte de Isabella. "Há indícios suficientes para indicar que a família toda subiu junto e estava no apartamento no momento em que Isabella foi lançada", afirmou.

O promotor contestou a afirmação dos advogados do casal de que os laudos do inquérito são inconclusivos sobre a existência de sangue de Isabella no carro da família.

"Parece que o laudo não foi lido. A conclusão é clara, absolutamente clara. Só não vê quem não quer. Temos a posição de Isabella no carro, confirmada pelo próprio casal, e são marcas (de sangue) bastante significativas. Isso e outros fatores-- eu não pretendo entrar agora na discussão disso-- permitem concluir que se tratava de sangue de Isabella", afirmou.

Indagado sobre a possibilidade de um dos indiciados ser acusado apenas por lesão corporal grave, em virtude do asfixiamento de Isabella, Cembranelli descartou a hipótese. "Nem considero a possibilidade de haver a existência de outro delito que não um homicídio doloso", disse.

O promotor reafirmou que a cena do crime foi modificada. "O local foi alterado. Tentou-se maquiar a versão verdadeira", disse.



Isabella: polícia aponta contradições de pai e madrasta

AE - Agencia Estado 21/04/08

SÃO PAULO - Tá ouvindo os gritos??, perguntou o professor Antonio Lúcio Teixeira, morador do 1º andar do Edifício London, na zona norte de São Paulo, enquanto falava com o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) no dia 29 de março, numa ligação iniciada às 23h49m59. O Estado apurou que exatamente na hora em que o vizinho chamava o resgate para Isabella Nardoni, de 5 anos, atirada do 6º andar do prédio, ele ouviu a voz de Alexandre Nardoni, pai da menina, berrando que a filha havia sido jogada e a porta do apartamento estava arrombada.



Praticamente no mesmo momento, às 23h50m32, uma ligação era feita do telefone fixo do apartamento do casal, para o celular do pai de Anna Carolina Jatobá, Alexandre José Peixoto Jatobá. Essa ligação, gravada pela polícia e anexada ao inquérito policial que investiga a morte da menina, é a prova de que Alexandre e Anna Carolina não desceram juntos ao térreo do prédio para verificar o que havia acontecido com Isabella, como alegaram em seus depoimentos. É uma contradição a mais que pode desmontar a versão do casal de que não teria participado do crime.



Além disso, a polícia também descobriu, pelo aparelho de GPS (Sistema de Posicionamento Global) instalado no carro de Nardoni que o veículo foi desligado na garagem do Edifício London às 23h36, ou seja, quase 14 minutos antes de o resgate ter sido chamado. Estimando-se que o vizinho demorou cerca de dois minutos, após a queda, para saber do fato e chamar o resgate, o casal ficou 12 minutos no prédio até a menina ser atirada.



Para a polícia, se Alexandre e Anna Carolina demoraram pelo menos a metade desses 12 minutos no sobe e desce, o restante seria muito pouco tempo para a hipótese de o crime ter sido cometido por uma terceira pessoa. Ele teria, nessa suposição, seis minutos para abrir a porta sem deixar marcas, espancar e esganar Isabella, limpar o sangue da menina, cortar a rede de proteção da janela com uma faca, depois uma tesoura, atirar a menina, guardar a tesoura na cozinha onde sempre fica, lavar a fralda e a toalha usadas para limpar o sangue da menina, fechar a porta e fugir. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


'Papai não vai sossegar enquanto não achar o assassino'
AE - Agencia Estado

Agencia Estado 21/04/08


SÃO PAULO - Encontrar o assassino que matou Isabella. Esta foi a promessa que o pai de Isabella, Alexandre Nardoni, fez diante do caixão da filha, morta após ser esganada e jogada da janela do sexto andar do prédio onde Alexandre mora com a esposa Ana Carolina Jatobá e dois filhos, no dia 29 de março. "No dia do velório da minha filha, fiz uma promessa, no caixãozinho dela, que eu não ficaria sossegado até encontrar o assassino que fez isso com ela... Eu disse, ''filha, vou prometer uma coisa pra você, papai não vai sossegar enquanto não achar o assassino''", afirmou Alexandre, em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo. "Eu queria ir junto com ela, queria me jogar, ir junto com ela, minha vida estava indo tudo alí", disse o pai, ao acompanhar o enterro da filha.



Alexandre e Ana Carolina, que também participou da entrevista, foram indiciados pela Polícia Civil pela morte de Isabella e, a todo momento, negaram a autoria do crime. Ressaltaram, desde o início da entrevista, que são muito apegados à família e que tinham um relacionamento harmonioso com a menina, que também tinha ótimo relacionamento com os irmãos. "Eu estava sempre cantando, a Isa gostava que eu brincasse... Ela me chamava de tia Carol", disse Ana, chorando.



Ambos comentaram que Isabella teria demonstrado interesse, inclusive, de morar com a família e que, por pelo menos uma duas vezes, chegou a chamar Ana Carolina de mãe. "Ela era minha filha postiça, umas duas vezes ela me chamou de mamãe", disse Ana Carolina ao repórter Valmir Salaro, que entrevistou o casal.



Ao serem questionados pelo repórter sobre o indiciamento, explicitando que Ana é acusada de sufocar Isabella e que o pai, de jogá-la pela janela, eles refutaram a acusação, reforçando os laços afetivos com a menina. Ambos também negaram que Isabella estaria sangrando já dentro do carro, como aponta o laudo da polícia, que encontrou sangue de Isabella no veículo da família e vestígios de sangue em uma fralda. "Eu fui a última pessoa a sair do carro, ninguém se machucou no carro, no caminho não aconteceu nada", afirmou Ana Carolina, que disse que a última conversa que teve com Isabella foi quando ela perguntou se podia dormir. "Foi a última vez que falei com ela."



Alexandre se emocionou ao lembrar do seu relacionamento com a filha, contando que ela gostava de nadar na piscina, no mar e de andar em uma moto de brinquedo e disse que também fará em seu corpo uma tatuagem do rosto da filha. "Não consigo imaginar minha vida sem ela, porque minha vida acabou sem minha princesinha, não sei como será minha vida... meus filhos que me seguram, porque são tudo na minha vida. A Isabella, minha princesinha... , ''o pai, vamos brincar de boneca comigo, vamos andar de moto.... Não acredito que fizeram isso com ela. Eu prometi e vou cumprir: não vou ficar sossegado enquanto não achar a pessoa que fez isso com ela."



Violência mata 4 mil crianças por ano

Entrevista - Wilmes Roberto Teixeira: especialista em medicina legal; [br]Segundo criador do termo Síndrome do Bebê Espancado, 400 mil com menos de 4 anos no País são agredidos por ano

Sérgio Duran

ae - AGENCIA ESTADO 21/04/08.


Wilmes Roberto Teixeira, de 78 anos, é uma das figuras mais ilustres da medicina legal brasileira. Membro da American Academy of Forensic Science, Wilmes é livre-docente e dá aulas em três faculdades. Dedicou sua vida a três linhas de pesquisa: a da identificação de corpos de difícil reconhecimento, a de mulheres vítimas de estupro e homicídio, com o uso pioneiro do exame de DNA no País para esses casos, e, por fim, das crianças vítimas de espancamento.

Da primeira linha, ele se destacou pela identificação dos restos mortais do carrasco nazista Joseph Mengele, em 1985. Da segunda, de 1991 a 1999, ele dirigiu o Centro de Investigação de Crimes Sexuais, na Universidade de Mogi, de onde saíram trabalhos como a identificação de sêmen no reto de uma das vítimas do Maníaco do Parque, em um cadáver já decomposto. Da terceira, surgiu a publicação de artigos que mudaram a forma de os legistas brasileiros analisarem crianças vítimas de violência. Wilmes recebeu o Estado em sua casa, em Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo. Leia a entrevista:

O senhor foi quem trouxe o conceito de Síndrome do Bebê Espancado, a Sibe, para o País...

Na verdade, fui eu quem deu esse nome de Sibe. A Sibe vem de 1978. Publiquei na Revista Paulista de Medicina o primeiro artigo sobre a síndrome. O bebê não entende a agressão, não se defende. Como não anda, não escapa; como não fala, não denuncia. O bebê é uma vítima peculiar, muito aproveitada pelo criminoso. Nos EUA, a Sibe começou a ser pesquisada em 1946, pelo americano de Pittsburgh, John Caffey, radiologista. Em 1962, Kempe, pediatra americano, junto com Caffey, sistematizou o estudo e batizou o tema de The Battered Child Syndrome. Isso chocou a opinião pública.

Por que os pediatras precisam de tantas provas para perceberem o espancamento?

Dificilmente um médico percebe. Esse é o problema. Primeiro, porque essas crianças espancadas estão em casa. Em geral, (mães que espancam) só levam quando a criança está muito mal. Enquanto puder agredi-la em casa, ela espanca, está me entendendo? Quando ela leva a criança ao hospital público, está lá o pediatra, que é um profissional com mais dificuldades de trabalhar do que os demais, porque o cliente dele não conta nada. Quem fala é a mãe. O pediatra tem de acreditar na mãe. Todo indivíduo sabe o óbvio: mãe protege filho. Quando essa mãe chega, o médico vê aqueles hematomas e pergunta. A resposta é: "Ah, ela caiu do berço." O médico não está preparado para duvidar. É uma idéia visceral a de que as mães são protetoras. Mas há mães espancadoras.

Qual a dimensão da Sibe no País?

No Brasil, devemos ter de 400 mil a meio milhão de crianças menores de 4 anos que são espancadas, por ano. Isso é uma estimativa baseada na experiência americana. Não temos estatísticas, temos estimativas. Quarenta mil dessas crianças ficam em estado grave e 4 mil morrem. Se você calcular qual é o índice de apuração de homicídios no Brasil, dá para calcular quantos casos são investigados.

Quais são os tipos de agressão catalogados?

As formas de agressão são: por negligência, a forma mais branda. A segunda é a sonegação de alimentos. Há crianças que chegam esqueléticas ao pronto-socorro. Há ainda o abuso químico, que são os pais que dão bebida alcoólica aos filhos. Há o abuso sexual, que é bem conhecido. Há a agressão da criança sacudida, que é o "shaking baby". Ele provoca lesões de retina com cegueira e lesões cerebrais. A cabeça da criança é maior em relação ao corpo. Só na idade adulta é que a anatomia humana atinge a proporção ideal. Por ser maior, a cabeça, conforme ela chacoalha a criança, vai para a frente e para trás, lesionando o cérebro. É efeito chicote.

Existe a agressão por esganadura? Por asfixia?

Sim, e são de dois tipos. A asfixia como forma de tortura, de espancamento, e a que foi introduzida por mim aqui, que é a asfixia pela síndrome de Munchausen por procuração. Neste caso, a mãe tem um objetivo deliberado: vai matar o filho, porque ele é um empecilho aos seus propósitos. O que ela faz? Há mães que põe sangue de galinha no ouvido da criança, machuca a criança, para levá-la ao médico, para poder criar uma situação de doença. O Munchausen era o barão que mentia, portanto é a doença de mentira. A mais grave é a que ocorre pela asfixia, que é chamada também de homicídio gentil por asfixia, chamada assim porque não deixa marca. Sem ninguém saber ou ver, a mãe tapa a narina e boca da criança, e a sufoca. Quando ela começa a se debater e arrefecer os movimentos, ela tira a mão. Com o tempo, ela adquire a habilidade de conseguir deixar a criança no ponto de parada respiratória. Daí, ela leva a criança ao hospital. Os médicos internam, fazem a recuperação respiratória, fazem exames e não encontram a doença porque ela não existe. A mãe faz isso uma vez ou duas, e depois, mata a criança. Quando ela mata, vai naquele mesmo hospital. Os médicos não conseguem fazer um diagnóstico. Então, dão como morte por causa indeterminada, como doença respiratória a esclarecer. E tudo não passou de homicídio. Nos EUA, cruzando dados de prontuários, observaram duas coincidências, nenhuma médica: a tal doença respiratória, que constava do óbito, só aparecia na casa do bebê, e só aparecia no hospital quando a mãe visitava.

Quais sinais denunciam a Sibe?

Primeiro, o espectro equimótico. Equimose é um derrame de sangue de um traumatismo, porque rompe os vasos capilares. As equimoses têm cores diferentes. Quando você bate, ela surge roxo azulada. Com o passar do tempo, vai esmaecendo, amarelando, até desaparecer. Essa variação chama-se espectro equimótico. Isso denuncia que não há apenas um hematoma, mas vários, e de cores diferentes, o que corresponde a batidas de datas diferentes.

Por que o sr. fala em mãe agressora?

Porque em geral é a mãe. Havendo um casal, um vigia o outro. São em geral mães não casadas. Veja bem, estamos falando de pessoas más. Mal cuidada, essa criança chora, quando chora, apanha. E vira um círculo vicioso, de tal forma que, só de ver a mãe, essa criança chora. Daí ela parte direto para o traumatismo.

Há sinais de asfixia em Isabella Nardoni. Quando começa a bater, essa mãe se descontrola. Nos casos de asfixia, há também esse descontrole?

Não, asfixia não é igual a espancamento.

Há como espancar só por descontrole, sem a intenção de matar?

Veja bem, espancar é um verbo que traz certo peso. O objetivo do espancador é eliminar a criança, seja parcialmente, do tipo calando a vítima, ou totalmente.

No caso de Isabella, sabe-se que ela chegou com vida lá embaixo, mas que antes foi espancada e esganada. Após ser esganada, a criança pode passar a impressão de estar morta, mas voltar ao normal minutos depois?

Pode. A asfixia por compressão do pescoço impede a passagem do sangue para o cérebro. Em 12 segundos, ela pode perder a consciência. Se o agressor soltar a mão, a criança pode voltar a respirar fracamente, o que dá a impressão de estar morta. Já a morte cerebral ocorre, por asfixia, em quatro a cinco minutos.

Mas se for esganada por pouco tempo, ela volta depois.

Em seguida.

No caso Isabella, falaram em período de recuperação após a esganadura. Isso porque, segundo a hipótese de que tenha sido o pai e a madrasta os autores, eles poderiam ter decidido jogá-la pela janela porque achavam que estava morta.

Não, ela voltaria a respirar em seguida. A asfixia mata rapidamente também. Passaram-se três, quatro minutos, ela não volta; um ou dois minutos a menos, ela volta, mas não consciente. Ela respira, mas não volta à capacidade de cognição, de ver, falar... Volta de uma forma restrita, com seqüelas para sempre.

Quem é:


Wilmes Teixeira

É especialista em medicina legal e membro da American Academy of Forensic Science

Cunhou o termo Síndrome do Bebê Espancado (Sibe)


19/04/2008 - 08h12
Sangue em carro determinou indiciamento do pai e da madrasta de Isabella
da Folha de S.Paulo

Marcas de sangue deixadas por um corte na testa da menina Isabella Nardoni, 5, dentro do Ford Ka de seu pai, Alexandre Alves Nardoni, 29, e também nos sapatos de Anna Carolina Jatobá, 24, madrasta da menina, somadas aos depoimentos de várias testemunhas que ouviram uma intensa briga entre o casal, foram primordiais para que a polícia os indiciasse pela morte da menina.

Nos últimos dias, vários trechos de laudos do IC (Instituto de Criminalística) e do IML (Instituto Médico Legal) vazaram com informações incorretas e, ontem, com a entrega à polícia dos documentos oficiais, muitas foram corrigidas.

Havia sangue de Isabella no encosto traseiro do banco do motorista, na face da lateral esquerda da cadeirinha do irmão mais novo da menina e no assoalho. Isso comprova, segundo os peritos, que as agressões contra Isabella começaram ainda dentro do veículo --e desmonta a versão de Nardoni e da mulher de que não sabiam como o corte constatado na testa da menina foi causado.

A polícia acredita na possibilidade de a madrasta ter dado um tapa na menina e que a agressão a fez bater a cabeça no braço esquerda da cadeirinha.

A menina sangrou muito e uma fralda do irmão mais novo foi usada para estancar o sangue. Já no apartamento, onde foi apreendido um bilhete com "frases de descontentamento desconexas" e com a letra de Anna, Nardoni e a mulher teriam usado uma toalha para limpar o rosto da menina.

Na versão construída pela polícia, o casal teria brigado por ciúmes e Anna Jatobá tentou asfixiar a menina, que desfaleceu. As marcas no pescoço de Isabella correspondem com as das mãos da madrasta.

Para encobrir a violência e por achar que Isabella estava morta, o pai a lançou, com a cabeça para baixo, já que foram achadas marcas das mãos dela entre o 6º e o 5º andares do prédio que indicam essa posição.

Outro indício que leva a polícia a acreditar que Nardoni estava com a filha em seu apartamento no momento em que ela foi lançada pela janela foram as marcas de sangue achadas no hall do apartamento, na sala, no corredor, perto do banheiro, no dormitório dos meninos e no lençol do quarto de Isabella. As manchas de sangue caíram no chão de uma altura de 1,25m e são compatíveis com a altura de Nardoni, segundo os peritos do IC, a carregando no colo.

As marcas de sangue correspondem às mesmas de um adulto caminhando. À distância, as marcas equivalem aos passos de um adulto com o porte físico de Nardoni.

A fratura encontrada no pulso direito de Isabella, segundo os peritos, foi causada por uma atitude de defesa, muito provavelmente quando a menina era agredida pela madrasta.

Foram encontradas duas marcas correspondentes às dos chinelos que Nardoni usava na noite do crime. Para a perícia, elas foram deixadas quando ele acessou a janela por onde arremessou a filha. No quarto havia duas camas de solteiro, uma encostada à outra.

Quando Nardoni subiu nas camas, muito provavelmente com a filha no colo, ele se desequilibrou e as camas se separaram, fazendo com que o lençol que as envolvia caísse. A tela da janela havia sido cortada com uma faca e com um tesoura.

Uma das pegadas estava em um lençol na cama posicionada perto da janela. Essa marca é do chinelo do pé direito de Nardoni. A segunda marca é de um escorregão e corresponde ao pé esquerdo dele. O espaço entre as duas pegadas é compatível com o de um adulto e com as características de Nardoni. As pegadas o colocam, tecnicamente, na cena do crime.

Os peritos também acharam marcas de sangue de Isabella em um par de calçados que Anna usava na noite do crime. Como testemunhas afirmam que ela não chegou perto de Isabella quando a menina foi encontrada caída, essa evidência também a coloca na cena do crime, dentro do apartamento em que vivia com a família.

Reconstituição

A polícia deve fazer na próxima semana uma reconstituição do que ocorreu na noite em que Isabella morreu.

Um ponto que os policiais querem provar é que houve muito pouco tempo entre o corpo ter caído no jardim e a reação de Nardoni e de Anna -menos de dois minutos, segundo testemunhas.

Ele, por exemplo, apareceu poucos após o porteiro acionar um morador --logo depois de Isabella cair. Este ainda falava com a polícia para comunicar o crime quando percebeu Nardoni ao lado do corpo.

Para a polícia, isso pode demonstrar que não haveria tempo hábil para que Alexandre entrasse no apartamento, desse pela falta da filha, vasculhasse o imóvel --como ele disse ter feito-- e tão rapidamente aparecesse junto ao corpo.

A polícia sustenta ainda que, se Nardoni entrou no apartamento imediatamente após a filha cair, seria muito difícil que uma eventual terceira pessoa tivesse tempo de limpar os vestígios de sua passagem e conseguisse se esconder ou fugir, sem que o pai notasse.

KLEBER TOMAZ, LUIS KAWAGUTI, ANDRÉ CARAMANTE e ROGÉRIO PAGNAN, da Folha de S.Paulo



18/04/2008 - 19h46
Delegado confirma indiciamento de pai e de madrasta de Isabella

da Folha Online

O pai e a madrasta de Isabella Nardoni sairão do 9º DP (Carandiru) indiciados pela morte da menina, afirmou no início da noite desta sexta-feira o delegado Aldo Galiano Júnior, diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital). Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá estão na delegacia desde a manhã de hoje para prestar o segundo depoimento desde que o assassinato da criança, em 29 de março último.

Assista à entrevista com o delegado

Com o indiciamento, eles se tornam oficialmente suspeitos da morte da menina. Reportagem de André Caramante, da Folha, publicada na Folha Online na última terça-feira (15) revelou que, para a Polícia Civil e para o Ministério Público, Alexandre jogou a filha de seu apartamento --no sexto andar-- após Anna Carolina ter tentado asfixiá-la.

Isabella, que passava o fim de semana com o pai e com a madrasta, foi jogada do sexto andar de um prédio --na zona norte de São Paulo. O indiciamento ocorre no dia em que Isabella completaria seis anos.

03.abr.08/Folha Imagem

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina Isabella, depõem no 9º DP, em São Paulo
Galiano Júnior, no entanto, não detalhou a participação de Alexandre e de Anna Carolina no crime. "O caso está praticamente solucionado", afirmou. "Os dois serão indiciados por homicídio, artigo 121, e as qualificadoras serão discutidas com a autoridade policial que preside o inquérito. Peço compreensão quanto ao sigilo."

Alexandre e Anna Carolina ainda podem ser submetidos a uma acareação. Galiano Júnior confirmou que a prisão preventiva do casal, supostamente o próximo passo a ser dado, não será pedida à Justiça ainda nesta sexta-feira. "Para se fazer uma preventiva, tem que se reunir uma documentação, não é assim. Ela precisa ir bem embasada, não é o momento. De forma alguma ela será pedida hoje."

Para a Polícia Civil, a madrasta agrediu Isabella e, na seqüência, Alexandre cortou a grade de proteção de uma janela de seu apartamento e jogou a menina. Desde o início das investigações, o casal nega as acusações e diz que uma terceira pessoa, provavelmente um criminoso, foi o autor do assassinato.

Alexandre e Anna Carolina chegaram à delegacia por volta das 11h. Ele começou a ser ouvido por volta das 11h30 e, pouco depois das 19h, os delegados fizeram uma pausa para lanche. Os trabalhos foram retomados por volta das 19h45, quando Alexandre assinou o depoimento e foi indiciado.

Durante todo o dia, Anna Carolina permaneceu em uma sala com um sogro, Antonio Nardoni, e um investigador. Ela dormiu por algumas horas, comeu um pão e bebeu um achocolatado, mas recusou um pedaço de pizza. Ela também tinha à disposição bolachas salgadas e doces.

De acordo com Galiano Júnior, o depoimento da madrasta da menina --iniciado após o de Alexandre-- deverá ser mais longo.

"Crueldade"

Alexandre e Anna Carolina foram levados ao 9º DP para prestar depoimento na manhã desta sexta, sob forte esquema de segurança e sob a presença maciça da imprensa e de curiosos que chamavam os dois de "assassinos".

Reprodução

Ana Carolina Cunha de Oliveira e a filha, Isabella, 5, que foi jogada do sexto andar de um prédio na zona norte de São Paulo
O casal teve dificuldade para deixar a casa dos pais de Alexandre, também na zona norte. Eles tentaram deixar o imóvel por volta das 10h25. No entanto, devido à confusão, recuaram e aguardaram a chegada de policiais civis do GOE (Grupo de Operações Especiais). Policiais militares foram obrigados a montar um cordão de isolamento em frente ao imóvel.

Alexandre e Anna Carolina, que sairiam em carro particular, deixaram a casa protegidos por escudos da polícia e seguiram em direção à delegacia em um veículo do GOE, sob gritos de "assassinos". Em frente à delegacia, apesar do forte esquema de segurança montado, um grupo de manifestantes aguardava a chegada do casal, também recebido com gritos de "assassinos".

Pela manhã, um dos advogados da família disse que a família "está sendo julgada com crueldade". "Não julguem para não serem julgados", afirmou Ricardo Martins.

Ele considerou "humilhante" e "desesperador" o fato de a família Nardoni ter sido obrigada a contratar três seguranças para poder "dormir em paz"

Isabella

Nesta sexta, quando Isabella completaria seis anos, familiares visitaram o túmulo da menina, no cemitério Parque dos Pinheiros, também na região norte de São Paulo. Pela manhã, a mãe, Ana Carolina Cunha de Oliveira, esteve no local. À tarde, os avós e um tio foram ao cemitério. Além deles, anônimos prestaram homenagens à criança.

Uma cerimônia também foi realizada no Cantinho da Alegria, unidade onde a menina estudou. Crianças, acompanhadas dos pais, rezaram e cantaram músicas religiosas.


16/04/2008 - 20h32
Laudo aponta que Isabella morreu em decorrência da queda, diz TV
da Folha Online

Laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta que a menina Isabella Nardoni, 5, morreu em decorrência do impacto de seu corpo com o chão do jardim do prédio onde moram seu pai Alexandre Nardoni, 29, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, 24, de acordo com reportagem do "Jornal da Band", da TV Bandeirantes.

Isabella foi arremessada da janela do apartamento, que fica no 6º andar. O documento do IML foi encaminhado na noite desta quarta-feira para a direção do IML, que vai anexá-lo aos outros laudos do IC (Instituto de Criminalística).

Segundo a reportagem, a menina sofreu politraumatismo e asfixia quando caiu no chão, que são as causas de sua morte.

Outro resultado divulgado pelo jornal é o do exame realizado no sangue encontrado no apartamento. O laudo também apontou que as manchas encontradas no apartamento eram de sangue de Isabella.

Depoimento

O pai e a madrasta de Isabella prestarão novo depoimento à Polícia Civil sobre o assassinato da menina na próxima sexta-feira (18). No mesmo dia, a menina completaria seis anos.

A criança, que passava o fim de semana com o pai e com a madrasta foi jogada do sexto andar no último dia 29. Reportagem de André Caramante publicada pela Folha mostra que o casal deve ser indiciado pela morte da menina e que, depois, a polícia pedirá à Justiça a decretação da prisão preventiva de ambos.

Na tarde desta quarta-feira, um policial do 9º DP (Carandiru), que centraliza as investigações, esteve na casa dos pais de Nardoni, também na zona norte, para entregar uma intimação. Ele, no entanto, não quis dar detalhes.

No sábado (19) serão ouvidos o avô paterno de Isabella, Antonio, e a tia, Cristine Nardoni.



Polícia não errou ao prender temporariamente suspeitos pela morte de Isabella, diz delegada Da Redação
Em São Paulo

A delegada seccional Elizabete Sato, da zona norte de São Paulo, disse em entrevista coletiva após a libertação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá na tarde desta sexta-feira (11) que a decisão de prender o casal foi importante até o momento para as investigações da morte de Isabella Nardoni, de apenas 5 anos, e que a polícia não se precipitou ou errou ao tomar a atitude sem ter acesso aos laudos finais da perícia.

"O cerceamento da liberdade do casal foi necessário para dar celeridade às investigações", afirmou Elizabete. O casal ficou preso durante oito dias. Ela negou que a decisão da Justiça de revogar a prisão temporária do pai e da madrasta de Isabella possa atrapalhar o andamento das investigações. "A Polícia Civil é um órgão associado ao Poder Judiciário e, por isso, não estamos aqui para questionar suas decisões", disse.




Ana Carolina Jatobá, madrasta de Isabella, deixou o 89º DP, no Morumbi, nesta tarde

Polícia despistou ao transportar duas pessoas ao mesmo tempo na saída do 77º DP.
Segundo a delegada, o próximo passo da polícia é aguardar a conclusão dos laudos periciais para dar continuidade às investigações da morte de Isabella, ocorrida no último dia 29 de março. A perícia acredita que ela foi espancada e asfixiada antes de ser jogada do sexto andar do Edifício London, localizado na região do Carandiru, zona norte de São Paulo.

"Enquanto não tivermos os laudos anexados no inquérito, não será possível tirar uma conclusão concreta do caso", disse a delegada, que evitou comentar as declarações já dadas por outras autoridades policiais de que o caso estava praticamente elucidado. "Eu não trabalho com porcentagens. Se já falaram em 90% ou 70%, o que eu tenho a dizer é que a polícia espera concluir o caso em 30 dias, como prevê a lei", limitou-se a dizer.

Segundo a delegada, 44 pessoas já foram ouvidas, e 'outras tantas testemunhas' já estão agendadas para que prestem depoimento nos próximos dias. "Todos nós queremos o esclarecimento deste caso bárbaro. A polícia dará uma resposta", afirmou Elizabete.

11 ABR 2008 Correção: irmã nega declaração que incriminaria Nardoni
Agencia Estado
A nota enviada anteriormente contém um erro. O nome da irmã de Alexandre Nardoni é Cristiane e não Cristina. Segue o texto corrigido:

A irmã de Alexandre Nardoni, suspeito de envolvimento na morte da filha, Isabella, negou hoje em entrevista à Rede Bandeirantes de televisão ter mencionado uma frase que incriminaria o irmão ao receber um telefonema num bar na noite do crime. Cristiane Nardoni teria dito, segundo testemunhas que estavam no local: "Meu irmão fez besteira", e deixado o local às pressas. "Essa testemunha é mentirosa porque em momento nenhum eu disse isso, até porque eu não sabia o que estava acontecendo. Em segundo ponto, eu não atendi meu celular na frente de ninguém", afirmou.

Ela disse que na noite do dia 29, logo após Isabella ser encontrada no jardim do prédio onde o pai mora com a madrasta Anna Carolina Jatobá, recebeu uma ligação do pai avisando sobre o que havia acontecido mas, com o barulho do bar, que tinha "música ao vivo", desligou o aparelho e decidiu ligar para o pai de um banheiro. "Por isso eu digo: ninguém me ouviu falar. E essa afirmação é mentirosa, porque em momento nenhum eu disse isso."

06/04/2008 -ROSELY SAIÃO - FOLHA ONLINE.

A sociedade do espetáculo

"BEM-VINDA à nossa comunidade!". Essa saudação me foi dirigida logo na porta de entrada da Paróquia Nossa Senhora da Candelária por uma senhora que trajava uma camiseta que a identificava como integrante do grupo deapoio da igreja.

Às 19h, o local já estava lotado de pessoas vestidas com simplicidade, muitas com camiseta com a foto de Isabella. Mal consegui dar dois passos para entrar e assistir à missa de sétimo dia dedicada a Isabella e outras cinco pessoas. O ar estava abafado apesar de, lá fora, estar frio. Fiquei na porta.

Perguntei à senhora que me recebera se ela conhecia a maioria das pessoas que lá chegara. Ela respondeu que não, que cerca de metade delas freqüenta a igreja, mas que, com o anúncio da missa pela TV, muitos vizinhos haviam ido para lá para, quem sabe, "ter a chance de aparecer nos canais de TV que estão aí" -jornalistas de rádio, emissoras de TV e da imprensa estavam lá em peso.

O padre começa a missa pontualmente, não sem antes exigir que todos da mídia se concentrassem no local reservado. Pelo lado de fora da igreja, cheguei à frente. De lá, vi o altar repleto com crianças que brincavam, corriam, conversavam. Pais as fotografavam.

Passei a sentir um mal-estar. Olhava para o público e não identificava expressões visíveis de dor, sofrimento, indignação, espanto. Foi mais resignação o que vi estampado nos rostos presentes. Alguns choram silenciosamente. Os demais cantam, batem palmas, oram.

A comunhão ocorre enquanto uma jornalista escova os cabelos e ensaia a entrada que fará ao vivo. Cerca de oito metros atrás dela está a mãe de Isabella, logo na primeira fila. Terminada a comunhão, a repórter celebra com a "câmara-woman" o êxito de sua participação no noticiário da emissora.

Assim que o padre termina a missa, todos os jornalistas com suas câmaras, microfones, telefones celulares ligados e luzes fortes correm e rodeiam a mãe de Isabella. De longe, me coloco no lugar dela, aprisionada pela sociedade do espetáculo a qualquer custo, e me entristeço.

Saio carregando meu mal-estar, minha tristeza e a idéia de que o sofrimento de nossa gente é tamanho que talvez nem seja possível sofrer mais quando ocorre uma tragédia. Tempos desumanos e de barbárie este que vivemos, não?

PS: Fui à missa a pedido da Folha para escrever este depoimento, que foi publicado hoje no caderno Cotidiano.



Escrito por Rosely Sayão às 11h41


06/04/2008 - 15h19 Advogados de pai de Isabella vão entrar com habeas corpus amanhã da Folha Online Os advogados de Alexandre Nardoni, pai da menina Isabella Oliveira Nardoni morta no dia 29 de março, confirmaram neste domingo que vão entrar com pedido de habeas corpus para revogar a prisão de seu cliente. Alexandre está preso desde a última quinta-feira no 77º DP (Santa Cecília). No habeas corpus, os advogados também vão pedir o relaxamento da prisão da madrasta de Isabella, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, que está na carceragem do 89º DP (Portal Morumbi). Segundo os advogados, o casal não tem antecedentes criminais, tem endereço fixo e não atrapalha as investigações. Os advogados estiveram no 77º DP na tarde deste domingo e conversaram com Alexandre por cerca de uma hora. Na saída, os advogados não deram entrevistas. Apenas confirmaram que vão entrar com o habeas corpus amanhã. Prisão A prisão contra Nardoni e Jatobá foi decretada na última quarta-feira (2) pelo juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Júri, que também decretou sigilo no inquérito policial. O prazo estabelecido para a prisão temporária --30 dias-- pode ser prorrogado pelo mesmo período. Segundo o promotor José Taddei Cembranelli, que acompanha as investigações, o casal foi preso para que as investigações não fossem prejudicadas. Nardoni e Jatobá afirmam que são inocentes. Crime Isabella foi encontrada com parada cardiorrespiratória no jardim do prédio onde mora o pai, na região do Carandiru, zona norte da cidade, na noite do dia 29 de março. Segundo Nardoni, ela teria sido jogada do sexto andar do edifício. A menina morava com a mãe, mas visitava o pai a cada 15 dias. Na versão apresentada à Polícia Civil, o pai de Isabella afirmou ter chegado de carro ao edifício onde mora, com os três filhos dormindo. Ele disse ter levado Isabella para o apartamento e retornado à garagem para ajudar a mulher com os outros dois filhos. Quando voltou ao imóvel, Nardoni teria encontrado a luz acesa e percebido que a menina havia desaparecido. Ele teria, então, visto um buraco na tela de proteção da janela do quarto ao lado e Isabella deitada no jardim. Os bombeiros tentaram reanimar a menina por 34 minutos, mas não conseguiram.


06/04/2008 - 09h25 Ciúme marcava relação de pai e madrasta de Isabella VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO da Folha de S.Paulo Foi o vestibular de direito, mais precisamente o das Faculdades Integradas de Guarulhos (na Grande São Paulo), que cruzou as vidas de Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24. O ano era o de 2002, e o casal se matriculava no primeiro semestre acadêmico, ela pela manhã, ele à noite. Em abril daquele ano, a menina Isabella, morta no último dia 29 de março, nascia de um romance adolescente de três anos entre Alexandre e Ana Carolina Oliveira, que à época tinha 17. A relação surgiu à revelia dos pais dela. Segundo afirmam vizinhos e familiares, Alexandre não quis oficializar o relacionamento após a gravidez. Nunca se casou com a primeira Ana Carolina, tampouco viveu junto com ela. Mas o nascimento da criança concretizou a relação paternal. Embora não tivesse autonomia financeira para sustentar Isabella --o pai, o advogado tributarista Antônio Nardoni, pagava a pensão de R$ 250 a Isabella e foi quem comprou dois apartamentos de R$ 250 mil no edifício onde a menina morreu, na Vila Mazzei--, Alexandre era um pai dedicado e afetuoso, segundo diziam parentes da mãe da menina na missa de sétimo dia, na sexta passada. "Ainda não acreditamos. Estamos tão chocados quanto a opinião pública. Ele era um pai maravilhoso", afirmou Carolina, uma prima da mãe. Presos preventivamente desde quinta-feira, Alexandre e Anna Carolina dizem estar sendo injustamente acusados da morte de Isabella e afirmam que "a verdade prevalecerá". Colegas de faculdade de Alexandre e Anna Carolina Jatobá, a madrasta, dizem que o casal tem um longo histórico de idas e vindas em seu relacionamento, marcado por ciúmes da nova mulher em relação à mãe de Isabella e à própria menina, o que é confirmado por parentes e vizinhos da rua Paulo César, onde o casal morava antes de se mudar para o apartamento novo na rua Santa Leocádia, cena do crime. Mais uma vez segundo vizinhos, Alexandre e Ana Carolina, a mãe, já não tinham mais nada quando surgiu o romance com Anna Carolina, a madrasta. Ela teria engravidado logo no início da relação por supostamente sentir que a atenção do marido era dividida com Isabella, a menina. "Quando viajavam, Anna Carolina, a Jatobá, não queria que Isabella ligasse para a mãe", conta a vendedora Kassy Navarro, vizinha de casa e que também trabalha num comércio que fica ao lado da loja de um dos avós da menina, até a última sexta fechada por luto. Segundo moradores da rua onde vive Antônio, pai de Alexandre, a família é reservada, mas quando Alexandre os visitava com a menina, os avós a recebiam no portão, com alegria. Já na casa da mãe de Isabella, Nardoni não costumava entrar. Em dias de visita, aguardava no carro enquanto a atual Anna Carolina pegava a menina. Segundo vizinhos do antigo prédio, o casal era conhecido por brigas no apartamento onde moravam até 2007. Alexandre formou-se em direito em 2006, depois dos cinco anos regulares do curso. Na OAB, ainda tem registro de estagiário, cuja anuidade de R$ 227,85 parcelou em nove vezes no ano passado. No último dia 9 de janeiro, renovou a licença, mas desta vez pagou à vista. Nunca prestou exame para advogado da Ordem. Já Anna Carolina, a madrasta, abandonou o curso de direito ao fim do segundo ano, em 2004. No ano seguinte foi considerada desistente e perdeu o vínculo com a faculdade. Voltou a prestar vestibular neste ano, passou, mas, como não fez a matrícula, perdeu a vaga. '[Alexandre] Foi um aluno normal, era assíduo, não faltava às aulas, cumpria as tarefas, interagia com todos. Mas não era de muitas palavras", diz a professora de direito financeiro e tributário Ossanna Chememian Tolmajian. Segundo conta uma colega, ele se destacava na classe. Além de ser extremamente sociável e cortês, tinha uma condição de vida melhor que a do restante da turma. Durante os anos de direito, Alexandre trabalhou no escritório do pai, advogado tributarista formado em 1993 na mesma faculdade. Anna Carolina Jatobá, diz a mesma colega, também tinha um bom padrão de vida. "Soube que eles terminaram e voltaram várias vezes", diz a aluna que pede para não ter o nome revelado. Num dos últimos eventos promovidos pela turma da universidade, um churrasco antes da formatura, no ano de 2006, Alexandre teve de sair às pressas por conta do suposto ciúme de Anna, que teria ameaçado "dar um barraco" na frente de todos se não fossem embora, conta a mesma colega.


Isabella Nardoni: como escapar de uma nova Escola Base

Carla Soares Martin



"Primeiramente eu gostaria de falar que a imprensa, de certa forma, eu entendo que ela tem que apurar os fatos, porém não pode ser de uma forma tão agressiva como tem sido." Concedida à Rede Record, a entrevista de Alexandre Jatobá, pai de Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella Oliveira Nardoni, de 5 anos, encontrada com parada cadiorrespiratória – sem conseguir resistir – no jardim do prédio em que morava, na Zona Norte de São Paulo, levanta uma discussão recorrente entre os jornalistas: como a mídia deve cobrir casos emaranhados de cunho policial?

No caso de Isabella, saltam aos olhos dois episódios: a declaração do delegado, capa do Diário de S.Paulo de terça (01/04), indicando o pai previamente como o principal suspeito do suposto assassinato, e a insistência – quase uma barreira – promovida pela imprensa para tentar falar com a mãe da menina, Ana Carolina Cunha de Oliveira, após o depoimento de quarta (02/04), e com o pai, Alexandre Nardoni e a madrasta, como relatado por Alexandre Jatobá.

Alex Ribeiro, autor do livro “Caso Escola Base: os abusos da imprensa”, relembra as acusações inverídicas feitas em 1994, pela Polícia Civil, e embarcada pela mídia, de que quatro sócias da Escola de Educação Infantil Base, em São Paulo, estariam abusando sexualmente das crianças, para falar do caso de Isabella.

Para o repórter do Valor Econômico em Brasília, “é impossível um caso desse não estar no jornal”. Pela sua relevância, contudo, Ribeiro aponta a tendência de a mídia entrar num “vale-tudo”, em que jornalistas se engalfinham por um furo, por uma declaração num momento de dor. “É preciso ter um respeito pela pessoa”, afirma Ribeiro.

Numa cobertura como a de Isabella, o autor de “Caso Escola Base” ressalta o cuidado com três fatores: analisar friamente o fato – sem pender para nenhum dos lados –; confrontar tecnicamente e juridicamente o trabalho do delegado antes de publicar sua posição; e procurar outras fontes – parentes, amigos. “É colocar o delegado na parede mesmo, antes de publicar.”

Da afiliada do SBT em Minas Gerais, Benny Cohen, editor da TV Alterosa, diz-se contra a “capacidade destruidora da mídia”. Há três anos, a emissora não divulga a identidade ou imagens de suspeitos de crimes, para não abalar, sem provas, suas reputações. “Defendemos o sagrado direito de defesa”, afirma Cohen.

O jornalista conta que, no começo, a redação ficou traumatizada. “Eles não achavam que poderiam escrever uma matéria sem os nomes”, lembra o editor. Tiveram de usar a criatividade para uma transformação que se deu de forma “lenta e gradual”. Hoje, Cohen tem certeza de uma coisa: “Aqui todo mundo dorme tranqüilo.”

Crianças
O caso de Isabella também entra na questão do direito da criança e do adolescente. Carlos Ely, jornalista responsável pela área de mobilização da Agência de Notícias dos Direitos da Infância, a ANDI, ressalta que, pelo fato de a menina ter morrido, não há problemas quanto à exibição de sua imagem.

Porém, se houvesse algum envolvimento de outras crianças no caso, como seus irmãos, não poderiam ser expostos.

Em casos nos quais a criança sobrevive, é obrigação do jornalista, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), resguardar a identidade, por ter passado por situações de constrangimento como abuso, violência doméstica e trabalho infantil.

Sobre a cobertura do caso de Isabella, Ely acredita que a mídia não deveria ter exibido as declarações do delegado com um pré-julgamento. “Há um risco de se repetir a Escola Base”, afirmou.

Justiça decreta prisão temporária do pai de Isabella e da mulher dele

Publicada em 02/04/2008 às 21h38m
Plínio Delphino, Diário de S.Paulo, Wagner Gomes, Leonardo Guandeline, O Globo Online
SÃO PAULO - O juiz Mauricio Fossen, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, decretou na noite desta quarta-feira a prisão temporária do casal Alexandre Nardoni, de 29 anos, e sua mulher Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, de 24 anos. Alexandre é pai da menina Isabella Nardoni, de 5 anos, morta na noite do último sábado, após cair do 6º andar do prédio onde Alexandre morava, na zona norte da capital. Eles ficarão presos por 30 dias, que podem ser prorrogáveis por mais 30. Na mesma decisão, o juiz determinou ainda o sigilo do inquérito policial.
O pedido de prisão foi protocolado no fórum de Santana pelo delegado Calixto Calil Filho, do 9º Distrito Policial, que preside o inquérito policial, na tarde desta quarta-feira e após parecer favorável do Ministério Público, foi aceito pela Justiça. Os motivos da prisão não foram explicados pelo juiz. A expectativa é que eles se apresentem em breve. Os presos temporários ficam separados dos demais presos.
Com a decretação da prisão de ambos, Nardoni e Anna Carolina deixam de ser averiguados pela morte de Isabella e passam a constar no inquérito como suspeitos do crime.
Calil Filho descartou a possibilidade de queda acidental da menina e afirmou que ela foi atirada do sexto andar do apartamento do pai na noite do último sábado.
Nardoni afirmou à polícia que alguém entrou no apartamento e jogou sua filha pela janela. Ele afirmou que seria um assaltante. Um policial que chegou ao prédio de onde a menina caiu afirmou que o pai disse ter visto o agressor dentro de seu apartamento . Mas, segundo o PM, Alexandre não soube descrever as características físicas do criminoso porque o viu de costas. A versão do policial - que ainda não foi ouvido no inquérito que apura as circunstâncias do crime - é diferente do que o pai teria contado depois, quando não mencionou ter visto o agressor.
Um vizinho contou como foi a reação do pai e da mulher dele após a morte da menina.
A polícia fez uma nova perícia no apartamento de onde a menina foi jogada. Técnicos do Instituto de Criminalística usaram produtos químicos para tentar identificar vestígios de sangue. Será usado um produto conhecido como luminol que é capaz de identificar manchas ainda que o local tenha sido lavado.
O perito José Antonio de Moraes disse que é possível encontrar vestígios apesar do crime ter acontecido há quatro dias. Ele disse que além dos produtos químicos vai utilizar luzes fluorescentes, que podem identificar rastros que não seriam perceptíveis a olho nu.
- Vamos complementar o exame inicial. A intenção é procurar indícios de ordem material para completar o laudo - afirmou Moraes.
De acordo com peritos, a tela de proteção de um dos quartos foi rasgada com objeto cortante, descartando a hipótese de queda acidental.

A mãe de Isabella, a bancária Ana Carolina Cunha de Oliveira, 23 anos, foi ouvida por quase quatro horas nesta quarta no 9º Distrito Policial. Segundo a polícia, ela fez um relato sobre o relacionamento com o pai de Isabella e disse como eram os encontros do pai com a filha. Os avós maternos, Maria Cunha de Oliveira e José Arcanjo de Oliveira, também prestaram depoimento.
- Que a Justiça seja feita agora - disse ela ao deixar a delegacia, sem dar detalhes do depoimento à polícia
Não é a primeira vez que Ana Carolina vai a uma delegacia. Em 2003, segundo o que foi declarado por ela em um boletim de ocorrência numa delegacia de Guarulhos, Alexandre Nardoni não aceitava que a criança fosse colocada em uma escolinha e teria ameaçado Ana Carolina e a mãe dela, dizendo que iria matá-las e sumir com a menina.
Segundo investigadores, Ana Carolina tentava obter aumento no valor da pensão paga por Nardoni à Isabella. Seu relacionamento com Anna Carolina Jatobá também não seria bom.
Nesta terça-feira, o advogado de Alexandre Nardoni afirmou que a mulher dele, Anna Carolina Trota Jatobá, teria perdido as chaves do imóvel e, além disso, chaves dos apartamentos ficavam na portaria do prédio.
O delegado Calil Filho reafirmou que duas testemunhas ouviram uma criança gritar: "Pára, pai. Pára, pai", no horário em que ocorreu o crime.
- Era um pedido de socorro. Pára, pai, pára, pai, é porque o pai estava fazendo alguma coisa de errado com ela - comenta o delegado.
Advogados de Nardoni reinterpretaram a frase e disseram que a menina poderia estar pedindo socorro ao pai.
Testemunhas ouviram discussão no apartamento
Uma moradora de um prédio em frente teria ouvido uma calorosa discussão, vinda do apartamento de Nardoni, naquele horário. Vizinhos teriam comentado que Nardoni e sua atual mulher brigavam com freqüência. Foram ouvidos moradores do Edifício London e um casal que morava no antigo prédio onde a família residia até janeiro passado. Um dos policiais militares que atendeu a ocorrência no dia do crime também prestou depoimento. Até agora, 11 pessoas foram ouvidas.
Investigadores apuraram também que a atual mulher e a mãe de Isabella também já haviam se desentendido.


03/04/2008 - 08h39
Entenda o caso da morte da menina Isabella Oliveira Nardoni



da Folha Online

No final da noite de 29 de março, a menina Isabella Oliveira Nardoni, 5, foi encontrada caída no jardim do prédio em que o pai mora, na zona norte de São Paulo. Ela estava em parada cardiorrespiratória. O Corpo de Bombeiros foi acionado e tentou reanimar a menina por 34 minutos, sem sucesso.

O pai de Isabella, Alexandre Nardoni, 29, e a madrasta, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, foram levados ao 9º DP (Carandiru) para prestar depoimento, logo após a constatação da morte da garota. Isabella vivia com a mãe, porém visitava o pai a cada 15 dias.

Reprodução

Ana Carolina Cunha de Oliveira e a filha, Isabella, 5, que teria sido arremessada do sexto andar do prédio do pai, na zona norte de SP
Em depoimento, o pai afirmou que, naquela noite, chegou ao edifício de carro, com a mulher e os três filhos dormindo. Ele disse que levou Isabella para o apartamento, colocou a menina na cama e a deixou dormindo, com o abajur ligado, para voltar à garagem e ajudar a mulher a subir com os dois filhos do casal.

Conforme a versão de Nardoni, quando ele voltou ao apartamento, percebeu que a luz do quarto ao lado do de Isabella, onde dormiam os irmãos dela, estava acesa; que a grade de proteção da janela tinha um buraco; e que a menina havia desaparecido. Em seguida, ele disse ter percebido que o corpo da menina estava no jardim.

Naquela ocasião, Nardoni disse suspeitar que a filha tivesse sido atirada do sexto andar do prédio por algum desafeto seu. Um pedreiro, com quem o pai de Isabella havia discutido cerca de um mês antes sobre a instalação de uma antena de TV, chegou a ser ouvido, mas o envolvimento dele no caso foi descartado.

IML

Peritos do IML (Instituto Médico Legal), ao analisarem o corpo da menina, acharam lesões incompatíveis com a queda. Surgiram, então, suspeitas de que Isabella tivesse sido agredida antes de cair da janela ou mesmo que ela não tivesse caído, mas sido deixada no jardim, depois de espancada.

Nenhuma das duas hipóteses será confirmada enquanto o laudo conclusivo da necropsia não for divulgado.

Prisão

O delegado Calixto Calil Filho, do 9º DP, responsável pela investigação, ouviu mais de dez pessoas antes de pedir que a mãe de Isabella, Ana Carolina Cunha de Oliveira, 23, prestasse depoimento. Oliveira chegou ao 9º DP por volta das 10h30 do dia 2 de abril, e saiu por volta das 14h30. Poucas horas depois, o pedido de prisão temporária contra o pai e a madrasta da menina foi protocolado na Justiça de São Paulo.

O juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Júri do Fórum de Santana, decretou a prisão dos dois, por 30 dias. Decretou também sigilo sobre as investigações. Os motivos da prisão, portanto, não puderam ser divulgados.